Saúde
Medicamentos de alto custo contra câncer não comprovam benefícios para pacientes
Os sistemas nacionais de saúde estão pagando por medicamentos contra o câncer com evidências limitadas sobre seus efeitos, alertam Gabriella e seus colegas.
Caros e sem comprovação
Tem-se tornado cada vez mais comum que medicamentos contra o câncer sejam aprovados com base em estudos que mostram efeito sobre biomarcadores, mas sem evidências claras de que prolonguem a vida ou melhorem a qualidade de vida dos pacientes.
Gabriella Strand e seus colegas da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, publicaram agora um estudo mostrando que essas tão esperadas provas de eficácia ainda não existem para muitos novos medicamentos contra o câncer, mesmo vários anos após o seu lançamento.
O estudo inclui dados de acompanhamento plurianual de 22 indicações de medicamentos contra o câncer aprovados para reembolso na Suécia durante os últimos dez anos. O tempo médio de acompanhamento para essas indicações medicamentosas foi de 6,6 anos. Todos os medicamentos são considerados de alto custo, normalmente pagos pelas autoridades nacionais de saúde.
Para sete das 22 indicações medicamentosas (7/22, ou 31,8%) pelo menos um estudo mostrou que o tratamento melhorou a qualidade de vida ou aumentou a esperança de vida. Apenas um dos medicamentos (1/22, ou 4,5%) apresentou comprovação científica conclusiva tanto de aumento da expectativa de vida quanto de melhoria da qualidade de vida para sua indicação.
Para os outros 15 medicamentos anticâncer (15/22, ou 61,2%), os ensaios clínicos randomizados não conseguiram demonstrar qualquer efeito desse tipo, ou não houve resultados desses ensaios.
“Nós mostramos que a maioria dos medicamentos lançados com evidências limitadas ainda carecem de evidências claras de como eles realmente afetam a sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes,” resumiu Gabriella.
Segundo a equipe, o fato de o tratamento do câncer consumir cada vez mais recursos dos sistemas de saúde significa que são necessárias mais discussões sobre quais os medicamentos que devem ser aprovados para reembolso.
“A falta de evidências confirmatórias de resultados importantes para os pacientes é problemática e cria incerteza sobre como esses medicamentos realmente contribuem para benefícios significativos para os pacientes e, em última análise, sobre para o quê efetivamente os recursos estão sendo usados na área da saúde,” concluiu Gabriella.