Saúde
Nível de PSA após tratamento não é confiável para medir sobrevivência no câncer de próstata
Indicador não confiável
O monitoramento dos níveis de PSA (antígeno específico da próstata) tem sido largamente utilizado pelos oncologistas para mensurar o risco de uma recorrência do câncer após a radioterapia – comumente chamada de recorrência bioquímica.
Contudo, uma grande equipe chefiada por médicos e cientistas da Universidade da Califórnia de Los Angeles descobriu esse monitoramento não é eficaz, não resultando em melhora da chance de sobrevivência dos pacientes.
A equipe descobriu que, embora a recorrência bioquímica esteja associada a um maior risco de morte, ela ainda não atende aos critérios para funcionar como o que os médicos chamam de um “desfecho substituto confiável” para a sobrevida global.
Assim, apesar do potencial do uso da recorrência bioquímica como um marcador potencial para prever a sobrevida global em pacientes com câncer de próstata, a conclusão da equipe aponta que ela não deve ser o foco principal ou a medida primária em futuros ensaios clínicos para câncer de próstata localizado.
Em vez disso, a sobrevivência livre de metástases, que se refere ao período sem que o câncer se espalhe para outras partes do corpo, é um desfecho mais adequado para futuros ensaios envolvendo radioterapia em casos de câncer da próstata localizado.
“Uma razão para a nossa descoberta pode ser que muitos pacientes do estudo morreram por causas não relacionadas ao câncer de próstata,” disse o Dr. Amar Kishan, líder da equipe. “A força da correlação entre a recorrência bioquímica e a sobrevivência global variou dependendo de como as mortes por causas não relacionadas com o câncer foram contabilizadas. No entanto, é importante notar que analisamos especificamente a morte, e não a qualidade de vida. Certamente, a recorrência bioquímica pode afetar a qualidade de vida. Infelizmente, faltam dados de alto nível para rastrear isso, e é algo que nosso grupo e outros esperam explorar mais a fundo.”
Desfecho substituto
Conforme definido pela FDA, um resultado clínico mede diretamente se as pessoas num ensaio se sentem ou funcionam melhor, ou se vivem mais. Um desfecho substituto é um resultado específico e relativamente precoce, que prevê com segurança um resultado clínico que ocorre em longo prazo.
As recorrências bioquímicas ocorrem muito mais cedo no curso da doença do que as metástases ou a sobrevivência, e podem ser potencialmente o desfecho substituto ideal para o câncer de próstata. Por isso, a equipe decidiu avaliar se a recorrência bioquímica poderia ser um desfecho substituto útil para a morte pelo câncer.
Isto tem implicações não só na concepção dos ensaios clínicos, mas também na avaliação do benefício de várias formas de intensificação do tratamento e no aconselhamento dos pacientes.