ESTADO
Desigualdades de rendimentos ainda persistem no estado e no país
O rendimento domiciliar per capita familiar paraibano é 31,5% menor que a média brasileira, segundo a Síntese dos Indicadores Sociais 2023
A Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) 2023, publicada pelo IBGE nessa quinta-feira (07), revelou a continuidade das desigualdades relativas aos rendimentos, em 2022, inclusive entre as unidades da federação, pois enquanto o rendimento médio mensal domiciliar per capita paraibano era de R$ 1.086, o 9º menor do país, o maior rendimento ficava no Distrito Federal, de R$ 2.802. O resultado para a Paraíba ficou um pouco maior que a média do regional (R$ 1.011), mas inferior a nacional (R$ 1.586).
A publicação apurou que os homens paraibanos tinham rendimentos médios de R$ 1.107 mensais, enquanto as mulheres R$ 1.066. A diferença aumenta quando tratamos apenas dos rendimentos relativos à cor/raça, com R$ 1.251 para os brancos, R$ 1.038 para os pardos e R$ 791 para os pretos do estado. As mulheres pretas ou pardas, por sua vez, tinham rendimento médio mensal de R$ 987,23, um valor 22,6% menor do que o rendimento dos homens brancos, de R$ 1.275. Para esses mesmos grupos no Brasil, o rendimento médio do homem branco era de R$ 2.167, enquanto para a mulher preta ou parda esse valor ficava em R$ 1.117, que representava um rendimento 48,4% menor para este último grupo.
O levantamento também constatou desigualdade quando compara a distribuição por classes de rendimento domiciliar per capita, onde 79,2% do total da população paraibana com rendimento em 2022 (3,2 milhões de pessoas), residia em lares com rendimento domiciliar per capita de até 1 salário-mínimo, enquanto apenas 1,2% da população (cerca de 48,7 mil pessoas) tinha rendimento per capita maior que 5 salários-mínimos. Para o Nordeste, as proporções ficavam em 77,3% e 1,4%, respectivamente, enquanto para o Brasil, as taxas ficavam em 58,85 e 3,4%.
Paraíba apresenta maior desigualdade de rendimento do país
Em 2022, que a Paraíba obteve o maior Índice de Gini para o rendimento domiciliar per capita do país, de 0,558, indicando, portanto, a maior desigualdade do país. Esse resultado ficou acima dos constatados na média do Nordeste (0,517) e do Brasil (0,518). Este indicador mede a concentração de renda e a desigualdade econômica, de forma que quanto mais próximo de zero, menor a desigualdade, e quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade de renda entre a população.
A Paraíba saiu da décima sexta posição (0,517) nesse indicador, em 2012, para o primeiro lugar, em 2022. A concentração de renda no Brasil diminuiu entre 2012 e 2022. O índice de Gini no Brasil era de 0,540 em 2012, e passou a 0,518 em 2022. No ano de 2012, a maior concentração de renda brasileira estava no Distrito Federal (0,601), tendo essa concentração se reduzido em 2022, para 0,536.
Outro indicador de desigualdade refere-se à relação entre a renda média dos 10% mais ricos dividida pela dos 40% mais pobres, chamada de “10/40”, que apresentou um resultado de 17,2 para a Paraíba, ou seja, o rendimento médio per capita dos 10% com mais rendimentos, de R$ 5.074, era 17,2 vezes maior que o daqueles 40% com menores rendimentos (R$ 295), sendo a maior proporção do país. Essa relação era maior do que a verificada para o Nordeste e o Brasil, com proporção de 14,4 vezes para ambos. João Pessoa, por sua vez, apresenta uma desigualdade ainda maior, com relação de 10/40 de 19,3 vezes.
11,1% da população paraibana estava na condição de extrema pobreza, a 7ª maior taxa do país
A Síntese dos Indicadores Sociais analisou também a pobreza monetária, que refere-se unicamente à insuficiência de rendimentos das famílias para provisão de seu bem-estar, sem, portanto, considerar outras dimensões importantes para a conceituação de pobreza, tais como acesso à moradia adequada, ensino básico de qualidade, proteção social, entre outras. No Brasil, não existe uma linha oficial de pobreza e, por isso mesmo, segue-se, as recomendações internacionais.
Metodologicamente, houve mudança nos valores das linhas de pobreza estabelecidas pelo Banco Mundial, com a atualização da Paridade de Poder de Compra (PPC) de 2011 para 2017. A linha que fixa a pobreza extrema mudou de US$ 1,90 PPC (2011), para US$ 2,15 PPC (2017), enquanto aqueles que compõem a Linha de pobreza tem renda per capita diária inferior a US$ 6,85 PPC (2017).
Considerando esses novos recortes estabelecidos pelo Banco Mundial, a publicação constatou que, em 2022, 11,1% da população paraibana estava numa condição de extrema pobreza, a 7ª maior taxa dentre as unidades da federação, ficando abaixo apenas do Maranhão (15%), Acre (14%), Alagoas (13,1), Bahia (11,9%), Pernambuco (11,7%) e Piauí (11,6%). Esse resultado foi mais que o dobro da média verificada para o Brasil (5,9%), sendo levemente inferior à média regional (11,8%). Em João Pessoa, esse percentual correspondia a 9,8% da população.
Outras Tabelas
Condições de Moradia:
89,7% da população paraibana tem sensação de estar segura ou muito segura em casa
Na Paraíba, em 2022, a proporção de pessoas acima dos 15 anos que se sentiam seguras ou muito seguras em casa era de 89,7%, segundo a Síntese de Indicadores Sociais – SIS 2023, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C). Esse percentual foi mais elevado que os observados para o Brasil (89,4%) e para a região Nordeste (87,7%). Os dados da SIS 2023 também apontam que a parcela dessa população que tinha sensação de insegurança ou muita insegurança em casa era de 10,2%, no estado; de 10,4%, no país; e de 12,2%, na região.
Quando consideramos a sensação de insegurança no bairro de moradia, o percentual aumenta para 26,1%, que representa a soma dos inseguros e com os muito inseguros. Esse valor é um pouco menor que as médias brasileira (26,8%) e do Nordeste (30,8%).
Condições dos Domicílios
Na Paraíba, em 2022, a maioria das pessoas (95,2%) vivia em domicílios de alvenaria ou taipa com revestimento, percentual acima da média brasileira (87,9%) e do Nordeste (90,1%). Porém, 9,3% da população ainda vivia em domicílios de alvenaria ou taipa sem revestimento, como apontado pela PNAD Contínua.
No estado, a proporção de pessoas que habitavam casas de taipa sem revestimento, madeira para construção, madeira aproveitada ou outros materiais não chegavam a 1% da população. Paredes predominantemente de madeira são mais comuns em outras regiões brasileiras.
Já as coberturas dos domicílios paraibanos eram predominantemente de telha sem laje de concreto. Moravam neste tipo de domicílio 73,3% dos habitantes do estado, enquanto 17,6% dos lares tinham, além das telhas, laje de concreto e 8,3% eram cobertas somente por laje. Em João Pessoa, a modalidade mais comum eram as residências de telhas com laje de concreto (37,1%). Em nossa capital, o número de moradores vivendo em domicílios com esse tipo de cobertura era, inclusive, maior do que a média nacional (31,8%).
A pesquisa também verificou que a população paraibana, majoritariamente (69,4%), habitava domicílios com piso revestido por cerâmica, lajota ou pedra. Outros 30,2% da população vivia em casas que tinham o cimento como material predominante do piso, enquanto em apenas 0,3% o piso era de terra. Em João Pessoa, 94,4% da população vivia em residências com piso de cerâmica, lajota ou pedra; enquanto em toda a região metropolitana da capital o percentual foi de 87,8%.
Em relação à forma de abastecimento de água, na Paraíba, a Rede geral de distribuição era a modalidade mais comum, com 71% dos moradores residindo em domicílios abastecidos dessa forma, em 2022. Esse valor ficou abaixo das médias do Brasil (84,7%) e da região Nordeste (79,7%).
O poço profundo ou artesiano era a segunda forma mais comum de acesso à água pelos paraibanos, utilizado por 10,1% da população, percentual superior tanto ao do Nordeste (9,8%) como ao do Brasil (8,2%). Os poços rasos (3,1%), fonte ou nascente (0,8%), água de chuva armazenada (8,5%) e outras formas (6,6%) eram métodos de abastecimento também utilizados pelos paraibanos.
Já o serviço de coleta direta de lixo era utilizado por 76% dos domicílios paraibanos, em 2022, segundo a pesquisa. Embora esteja abaixo da média brasileira, de 85,3%%, o percentual é um pouco superior ao observado para o Nordeste, de 74,1%. Em João Pessoa e em sua região metropolitana, essa modalidade de coleta atendia mais de 93% da população.
O levantamento indica ainda que 17,7% da população do estado praticava a queima do lixo na propriedade, proporção maior do que as médias nacional (7,4%) e regional (15%). Além disso, em 5,4% dos domicílios, os resíduos eram coletados em caçamba de serviço de limpeza, percentual inferior tanto à média brasileira (6,4%) como à nordestina (9,6%).
Outro gráfico
Fonte: IBGE