Saúde
Perda de memória causada por impacto na cabeça é revertida em cobaias
Impacto na cabeça e memória
Se impactos na cabeça podem levar à perda de memória, será que um outro impacto pode ter o efeito inverso, levando-nos a recuperar memórias perdidas?
Parece uma questão um tanto bizarra, mas esta é a típica pergunta que os cientistas se fazem quando estão diante de um fenômeno que não compreendem bem. Depois de formular a pergunta, eles então fazem experimentos para ver se a ideia tem ao menos pé ou cabeça.
Daniel Chapman e seus colegas da Universidade Georgetown (EUA) testaram essa possibilidade em camundongos e os resultados foram entusiasmantes, trazendo esperança de que a perda de memória em pessoas que sofrem repetidos impactos na cabeça, como atletas, possa ser revertida.
Os experimentos mostraram que a amnésia e a falta de memória após um traumatismo cranioencefálico se devem à reativação inadequada dos neurônios envolvidos na formação de memórias, ou seja, a perda de memória atribuída ao traumatismo não foi um evento patológico permanente, como o causado por uma doença neurodegenerativa.
Com isto, os cientistas conseguiram reverter a amnésia, permitindo que os camundongos recuperassem a memória perdida, permitindo que o comprometimento cognitivo causado pelo impacto na cabeça fosse clinicamente revertido.
“Nossa pesquisa nos dá esperança de que possamos desenvolver tratamentos para retornar o cérebro afetado pelo impacto na cabeça à sua condição normal e recuperar a função cognitiva em humanos que têm memória fraca causada por repetidos impactos na cabeça,” disse o professor Mark Burns.
Cabecear no futebol gera declínio mensurável na função cerebral.
Recuperando a memória perdida
O uso de camundongos geneticamente modificados permitiu aos pesquisadores monitorar os neurônios envolvidos na aprendizagem de novas memórias. Eles descobriram que esses neurônios de memória (o “engrama de memória“) estavam igualmente presentes tanto nos animais de controle como naqueles que sofreram os impactos cranioencefálicos.
Para reverter a amnésia, contudo, permitindo que os camundongos se lembrassem da memória perdida, foi necessário usar uma técnica invasiva, usando lasers para ativar as células do engrama.
“Usamos uma técnica invasiva para reverter a perda de memória em nossos camundongos e, infelizmente, isso não é traduzível para humanos”,” contou Burns. “Atualmente estamos estudando uma série de técnicas não invasivas para tentar comunicar ao cérebro que ele não está mais em perigo e abrir uma janela de plasticidade que possa redefinir o cérebro ao seu estado anterior.”