Internacional
Monólito de Utah: a placa metálica que agitou a internet
Uma grande placa de metal em meio a uma paisagem acidentada e desértica de Utah (EUA) movimentou as redes sociais nesta semana, com intensa especulação sobre sua origem, segundo o jornal britânico “The Guardian” e o site BBC News.
A peça foi vista pela primeira vez em 18 de novembro, por um piloto de helicóptero e por uma equipe de cuidados com a vida selvagem de Utah incumbida de fazer uma contagem anual de carneiros selvagens para o estado. E foi inevitável para muitos lembrar-se do monólito mencionado no filme clássico de ficção científica 2001: Uma Odisseia no Espaço, trazido à Terra por alienígenas. (Com direito, é claro, a imaginar-se que extraterrestres seriam a origem da placa atual.) Por isso, o objeto passou a ser tratado como monólito, apesar de a definição mais precisa desse termo referir-se apenas a obras feitas em pedra.
A origem da peça ainda é desconhecida. Aparentemente, porém, ela foi produzida na própria Terra.
Bret Hutchings, o piloto do helicóptero, viu de perto a placa e considerou-a uma obra artística. “Presumo que seja algum artista new wave ou algo assim ou, você sabe, alguém que foi um grande fã de 2001: Uma Odisseia no Espaço”, disse ele à estação de notícias local KSLTV, a primeira a divulgar a existência da peça.Arte minimalista
A obra lembra trabalhos de escultores minimalistas como John McCracken, morto em 2011. Um porta-voz de seu galerista, David Zwirner, descartou para o “The Guardian” que a peça fosse realmente obra de McCracken. Seria, na verdade, “um trabalho de um colega artista em homenagem a McCracken”. Num comunicado posterior ao jornal “The New York Times”, porém, Zwirner não confirmou aquela versão: “A galeria está dividida nisso”, disse Zwirner. “Acredito que isso é definitivamente assinado por John.”
Outra possível autora da obra seria Petecia Le Fawnhawk, que instala esculturas totêmicas em locais secretos do deserto e, a propósito, costumava viver e trabalhar em Utah. Mas ela disse à revista de arte online “Artnet” que embora “tivesse pensado em plantar monumentos secretos no deserto”, ela “não podia reivindicar este aqui”.© Fornecido por Revista Planeta Surber, o primeiro a chegar ao local: emocionado com a experiência. Crédito: David Surber
De qualquer forma, o Departamento de Segurança Pública de Utah (DPS) não gostou muito da história. Em 23 de novembro, alertou que só se pode instalar estruturas ou arte em terras públicas administradas pelo governo federal com a devida autorização. Sem isso, a colocação é proibida, “não importa de que planeta você seja”. E se desviou de informar a localização exata da placa: “Fica em uma área muito remota e se os indivíduos tentarem visitar a área, há uma possibilidade significativa de que eles possam ficar presos e precisar de resgate”, alegou.Voo rastreado
Isso não foi empecilho para usuários da rede social Reddit. Eles não só localizaram o paradeiro da peça, usando o Google Earth, como travaram uma intensa discussão teórica sobre como e por que ela foi parar ali. Graças a fotos ampliadas da placa, eles observaram que as linhas em sua base sugerem o uso de uma serra de pedra para fixá-la no solo. A estrutura também parecia estar presa com parafusos. Tudo isso contraria a teoria de que ela poderia ser um grande pedaço de metal.
O primeiro a chegar ao local, na madrugada de 25 de novembro, foi David Surber, um ex-oficial de infantaria do Exército dos EUA de 33 anos. Morador de Utah, ele dirigiu por seis horas até o local seguindo as coordenadas que Tim Slane havia postado no Reddit.
Segundo Slane, ele rastreou a rota de voo do helicóptero pilotado por Hutchings até o aparelho sair do radar – um sinal de que ele pode ter pousado no local. Depois, examinou o mapa em busca das características exatas do terreno vistas em fotos e vídeos oficiais e observou um desfiladeiro que parecia se encaixar no perfil. Lá, uma sombra distinta, longa e estreita, não era visível em imagens de satélite de 2015, mas aparece em outubro de 2016, quando os arbustos nas proximidades também parecem ter sido retirados.© Fornecido por Revista Planeta Imagens do Google Earth de 2015 e 2016 permitiram situar a instalação da peça no tempo. Crédito: Google EarthFuga da negatividade
“Eu sabia que, assim que o local se tornasse de conhecimento público, as pessoas visitariam a área”, disse Slane. “Recebi algumas mensagens raivosas por ter revelado o local. Se eu não tivesse encontrado, outra pessoa provavelmente o teria encontrado em breve.”
Surber chegou de madrugada ao local, quando a escuridão ainda dominava o céu. No início ele estava sozinho, encantado não apenas com o monólito, mas com as estrelas cadentes. Depois, outras pessoas começaram a aparecer, seguindo as coordenadas online postadas por Slane.
Em relato ao Reddit, Surber confessou-se emocionado com a experiência. “Foi uma boa fuga de toda a negatividade que experimentamos em 2020.”