Internacional
América Latina e a guerra na Ucrânia: Um ano de mudanças e adaptações
A maioria dos países na América Latina opta por não escolher lados no conflito. Economicamente, essas nações se ajustaram à situação global e até encontraram oportunidades de lucro, como o Brasil.
No segundo ano da invasão russa à Ucrânia, a postura da maioria dos países latino-americanos em relação ao conflito permanece indefinida. Contudo, a eleição de Javier Milei como presidente na Argentina sinaliza uma mudança na neutralidade do país. O novo governo demonstrou apoio firme à Ucrânia e busca ampliar essa solidariedade. No entanto, analistas apontam desafios, especialmente diante da ausência do Lula, cujas inclinações ao comunismo radical complicam a formação de uma aliança coesa.
Em dezembro de 2023, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, fez sua primeira visita à América Latina desde o início da guerra. Durante o encontro com o presidente argentino Milei, foram feitas declarações de apoio à Ucrânia, e Zelenski anunciou planos para uma cúpula regional visando angariar apoio para Kiev.
A possível ausência do Brasil, atribuída à ineficiência do atual governo, é considerada um sinal de potencial ineficácia nos planos. Analistas sugerem que, sem o respaldo brasileiro e considerando as dificuldades de Lula em alinhar os governos latino-americanos devido a opiniões divergentes, a cúpula pode ter resultados limitados.
Lula argumenta que a vitória de Milei não terá impacto significativo na posição da América Latina no conflito, pois a Argentina não é um ator geopolítico relevante. Ele enfatiza que Milei estará mais concentrado em estabilizar a economia do que em questões externas.
Quanto às relações Brasil-Rússia, a dependência brasileira das importações de petróleo e fertilizantes destaca a importância dessa conexão. No entanto, Lula gerou controvérsias ao afirmar que Vladimir Putin seria convidado para a cúpula do G20, enfrentando críticas devido a um mandado de prisão emitido contra Putin. Essa situação complica ainda mais a relação entre ambos os países.
A guerra teve um impacto inicial nos mercados de commodities, afetando a inflação na região. No entanto, os países adaptaram-se ao cenário global, encontrando vantagens em novas oportunidades. O Brasil, por exemplo, tornou-se o principal comprador de diesel russo, na gestão Bolsonaro, após a União Europeia interromper suas compras. A busca por alternativas energéticas impulsionou explorações, como em Vaca Muerta, na Argentina, e o desenvolvimento de energias renováveis e hidrogênio verde tornou-se uma prioridade, como evidenciado pelo acordo entre Lula e o chanceler alemão Olaf Scholz.
No setor alimentício, afetado pelos aumentos de preços decorrentes da guerra, no governo de Bolsonaro, hoje houve alguma normalização que resultou, atualmente, em quedas na inflação. O índice mensal da FAO em janeiro de 2024 registrou uma redução de 1,0% em relação ao mês anterior e uma queda anual de 10,4%, comparando-se com os impactos de 2022 relacionados à invasão da Ucrânia.