Saúde
Cheiros ajudam na recuperação de pacientes de depressão
Hoje os cientistas já sabem como a aromaterapia funciona, gerando efeitos fisiológicos
O cheiro da recuperação
Sentir o cheiro de um perfume conhecido pode ajudar indivíduos deprimidos a recordar memórias autobiográficas específicas e potencialmente ajudar na sua recuperação.
Partindo dos resultados práticos da aromaterapia, cientistas têm-se interessado cada vez mais pelos cheiros e seus efeitos terapêuticos. Hoje já sabemos que o cheiro certo pode ajudar a mudar uma imagem corporal negativa, que os cheiros influenciam no conteúdo dos sonhos e até que os cheiros influenciam nossa percepção das cores.
A pesquisadora Emily Leiker, da Universidade de Pittsburgh (EUA), voltou sua atenção para pacientes de depressão, que dispõem de poucos tratamentos eficazes e que frequentemente sofrem com os maus resultados e com a dependência gerada pelos medicamentos antidepressivos tradicionais.
Ela descobriu que os aromas são mais eficazes do que as palavras para evocar a memória de um evento específico e podem até ser usados no ambiente clínico para ajudar indivíduos deprimidos a sair dos ciclos de pensamento negativo e religar padrões de pensamento, levando a uma cura mais rápida e suave.
Hoje os cientistas já sabem como a aromaterapia funciona, gerando efeitos fisiológicos
“Foi surpreendente para mim que ninguém tivesse pensado em observar a recordação da memória em indivíduos deprimidos usando dicas de odor antes,” disse a professora Kymberly Young, orientadora da pesquisa.
O cheiro de alecrim melhora a memória.
Cheiros reativam memórias
As pesquisadoras apresentaram aos voluntários uma série de frascos de vidro opaco contendo aromas familiares, de laranja e café moído a graxa de sapato e até mesmo Vicks VapoRub.
Depois de cheirar cada frasco – um por vez – os pacientes deviam recordar uma memória específica, não importando se era boa ou ruim.
A lembrança do fato passado foi mais forte em indivíduos deprimidos que receberam dicas de odor, em comparação com dicas em palavras. Aqueles que sentiram os cheiros eram mais propensos a recordar uma lembrança de um evento específico (por exemplo, que foram a uma cafeteria na sexta-feira passada) do que lembranças gerais (que já estiveram em cafeterias antes).
As memórias estimuladas por odores também eram muito mais vívidas e pareciam mais envolventes e reais. Embora os pesquisadores não tenham orientado os participantes a recordarem especificamente memórias positivas, os seus resultados apontam que os participantes eram mais propensos a lembrar-se de eventos positivos do que de negativos, um elemento inesperado, mas importante no tratamento da depressão.
“Se melhorarmos a memória, poderemos melhorar a resolução de problemas, a regulação emocional e outros problemas funcionais que os indivíduos deprimidos frequentemente experimentam,” disse Young.