Saúde
Cuidado com os excessos no uso de suplementos de vitamina D
Controvérsias sobre suplementos de vitamina D
Apesar dos benefícios reconhecidos da vitamina D quando “processada” naturalmente por meio da luz solar, a ciência envolvendo os suplementos de vitamina D ainda é confusa, com resultados conflitantes dependendo do formato em que o estudo é feito e dos tipos específicos da vitamina que são testados – os excessos de suplementos de vitamina D são potencialmente perigosos.
Uma linha mais recente de pesquisas envolve o papel da vitamina D como possível fator na questão de saúde mental. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) mostrou uma relação entre a deficiência dessa vitamina em idosos e a depressão. Os participantes com níveis baixos da vitamina tinham 2,27 vezes mais chance de apresentarem alguma questão de saúde mental, com esse número crescendo para 2,9 vezes quando a análise é feita a longo prazo (de 2 a 5 anos).
“Nós sempre soubemos da importância da vitamina D para os ossos e para os músculos, e agora a temos estudado em diversas doenças,” disse o professor Omar Jaluul, da USP. O consenso atual é que 30 nanogramas por mililitro é o mínimo saudável para o bom funcionamento dos tecidos.
Contudo, o saber científico sobre a vitamina D, e particularmente sobre os suplementos de vitamina D, está longe de ser conclusivo.
A superdosagem de suplementos de vitamina D é perigosa, podendo levar a pessoa a depender de hemodiálise – veja por que os suplementos de vitamina D em altas doses podem ser perigosos.
O melhor é tomar sol, porque a ciência envolvendo os suplementos de vitamina D ainda é confusa, além do fato de que os exames para checar a vitamina D podem estar medindo a coisa errada
Associação, não causação
Apesar de o estudo brasileito ter potencial para novos avanços na área de transtornos psíquicos, tipicamente carentes de intervenções eficazes, esse ainda é um “campo em aberto”. O professor Omar faz ressalvas quanto a conclusões precipitadas, indicando que os efeitos de causa e consequência precisam ser melhor analisados: “Com relação às outras doenças, e principalmente às doenças mentais, como a depressão, há muita controvérsia sobre esses efeitos e eu acho que temos que ter um pouco de cuidado”.
O trabalho consiste no que os cientistas chamam de um ‘estudo observacional’, ou seja, indica uma conexão entre as duas coisas – nível de vitamina D e risco de depressão -, mas não necessariamente estabelece uma relação de causa e consequência. Por exemplo, idosos já com quadro depressivo podem sair menos de casa e, portanto, tomar menos Sol, que é o que possibilita a sintetização da vitamina D.
Para entender o real papel da vitamina D nos transtornos de humor, ainda é necessário mais informações e mais estudos, reconhece a professora Júlia Moreira, uma das autoras do estudo: “Os resultados em conjunto ainda não são conclusivos, ou seja, ainda não podemos afirmar categoricamente que a vitamina D pode ser usada como prevenção ou tratamento coadjuvante na depressão”.
Estudos específicos já mostraram que suplementos de cálcio e vitamina D fazem mais mal do que bem.
Cuidados com excesso
Enquanto ainda não se sabe ao certo a relação da vitamina D com a saúde mental, e mesmo que ela seja benéfica para diversas funções, é preciso ter cuidado com exageros. O professor Omar comenta que não podemos transformar essa vitamina em uma ‘panaceia de coisas benéficas’: “Antes de saber se faz bem, temos que saber se não faz mal,” afirma ele.
Tomar suplementos de vitamina D, por exemplo, não é uma boa estratégia, diz o especialista, relembrando dois casos tratados por sua equipe no ano passado em que pacientes precisaram ser submetidos à diálise, procedimento artificial que remove os resíduos e a água em excesso no sangue, por excesso de ingestão de suplementos vitamina D.
Para se manter com saúde, é recomendado seguir as orientações médicas e não tomar suplementos sem a devida orientação. No caso da vitamina D, como ela é sintetizada somente pela exposição solar, é recomendado que todos tenham por volta de 30 minutos diários de contato com o Sol, tendo pelo menos 40% da pele exposta. A Sociedade Brasileira de Dermatologia indica também evitar os horários entre 10 e 15 horas, quando a radiação pode ser excessiva.