Internacional
Adolescentes de baixa renda na Europa enfrentam maiores riscos de obesidade
Adolescentes de baixa renda na Europa enfrentam maiores riscos de obesidade
Um relatório da Organização Mundial da Saúde, OMS, lançado neste mês de maio, constata disparidades “alarmantes” na dieta, exercício e peso entre adolescentes de diferentes origens socioeconômicas na Europa.
O estudo, baseado em dados de 44 países participantes, destaca hábitos alimentares não saudáveis, taxas crescentes de sobrepeso e obesidade e baixos níveis de atividade física entre os jovens.
A obesidade mundial quase triplicou desde 1975
Fatores de risco
Este são considerados pela OMS como fatores de risco significativos para uma série de doenças não transmissíveis, incluindo as cardiovasculares, além de diabetes e câncer.
O relatório traça um quadro preocupante dos hábitos alimentares dos adolescentes, com especial incidência no declínio dos comportamentos alimentares saudáveis e no aumento de escolhas pouco nutritivas.
Os dados revelam que menos de dois em cada cinco adolescentes consomem frutas ou hortaliças diariamente, e esses números diminuem com a idade.
Por outro lado, o consumo de doces e bebidas açucaradas permanece elevado, com um em cada quatro adolescentes relatando consumo diário de doces ou chocolates. Esta taxa é mais elevada entre as meninas do que entre os meninos e tem aumentado desde 2018.
Impacto do status socioeconômico
Embora o consumo diário de refrigerantes tenha sofrido uma pequena queda geral desde a última pesquisa, em 2018, continua presente em 15% dos adolescentes, com taxas mais altas entre meninos, e especialmente entre aqueles de famílias menos abastadas.
O relatório também revela uma ligação preocupante entre o status socioeconômico e hábitos alimentares não saudáveis, com adolescentes de famílias de baixa renda mais propensos a consumir bebidas açucaradas e menos propensos a comer frutas e vegetais diariamente.
O gerente do Programa de Saúde da Criança e do Adolescente da OMS/Europa, Martin Weber, disse que “a acessibilidade de opções de alimentos saudáveis é muitas vezes limitada para famílias com renda mais baixa, levando a uma maior dependência de alimentos processados e açucarados, o que pode ter efeitos prejudiciais na saúde dos adolescentes”.
Em Portugal, dietas pouco saudáveis e o aumento do sedentarismo contribuem para a obesidade infantil.
Sobrepeso e obesidade
A prevalência de sobrepeso e obesidade entre adolescentes tem sido um importante problema de saúde pública, com mais de um em cada cinco adolescentes afetados. Esse número subiu desde o último levantamento, em 2018, de 21% para 23% em 2022. As taxas de sobrepeso e obesidade são maiores entre os meninos, com 27%, do que entre as meninas, com 17%.
Os fatores sociais também geram impactos neste aspecto, com adolescentes de famílias mais pobres sendo mais propensos a ter sobrepeso ou obesidade, numa proporção de 27%, em comparação com 18% de seus pares mais ricos.
Segundo a OMS, essa disparidade destaca a necessidade urgente de abordar os fatores socioeconômicos subjacentes que contribuem para essas tendências.