Internacional
Elite do Vale do Silício abandona Biden e começa a migrar apoio para Donald Trump
Alguns dos principais capitalistas do Vale do Silício vão organizar uma arrecadação de fundos para a campanha de Donald Trump no próximo mês de junho
Alguns dos principais capitalistas do Vale do Silício vão organizar uma arrecadação de fundos para Donald Trump no próximo mês de junho, enquanto os republicanos ganham terreno entre os doadores de tecnologia, que tradicionalmente apoiavam os democratas.
David Sacks e Chamath Palihapitiya, co-anfitriões do popular podcast “All-In”, estão organizando um evento de arrecadação de fundos para Trump em São Francisco no dia 6 de junho, de acordo com um convite obtido pelo Financial Times. O evento mostra como líderes da elite tecnológica estão cada vez mais críticos ao presidente Joe Biden, com alguns considerando seriamente a migrar seu apoio para Trump.
Os ingressos para o evento All-In custam pelo menos US$ 50 mil por pessoa, com benefícios VIP, como assentos preferenciais próximos e uma foto com o ex-presidente, disponíveis por até US$ 300 mil.
Jacob Helberg, executivo sênior da Palantir e doador de centenas de milhares de dólares para a campanha de Biden em 2020, recentemente doou US$ 1 milhão para a campanha do republicano Donald Trump. Ele justificou a mudança com as políticas de fronteira de Trump e sua posição pró-Israel e anti-China, temas que Biden deixa a desejar.
“Quando pessoas como Palmer [Luckey], eu ou David Sacks apoiam abertamente Trump, não enfrentamos as mesmas reações e críticas de oito anos atrás”, disse Helberg.
Mudança Cultural no Vale do Silício
Há uma mudança cultural no Vale do Silício, tradicionalmente progressista, impulsionada por preocupações com liberdade de expressão, regulação tecnológica e cobranças de impostos. Líderes tecnológicos pró-Trump estão tentando convencer Elon Musk, dono da X, Tesla e SpaceX, a apoiar o candidato republicano abertamente.
Elon Musk, que anteriormente apoiou Biden, Hillary Clinton e Barack Obama, tem usado o X para defender a liberdade de expressão e garantir espaço amplo para as propostas de Donald Trump. “Quanto mais injustos parecerem os ataques a Trump para o público, mais alto ele subirá nas pesquisas”, escreveu Elon Musk recentemente para seus 185 milhões de seguidores no X/Twitter.
A jornada de Musk de apoiador democrata a provocador libertário tem sido evidente nas redes sociais, onde critica constantemente a política “woke” [movimento ideológico de esquerda] e a grande mídia tradicional, enquanto denuncia a censura e perseguição contra os conservadores.
Musk, em suas redes sociais e fora dela, vem criticando abertamente ações alarmantes vindas da esquerda, que antes eram camufladas e até caracterizadas como teoria da conspiração de extrema-direita, mas hoje em dia fazem parte da agenda constante de lideranças democratas regionais e nacionais.
Ele também criticou duramente as políticas de imigração de Biden e sua posição sobre cuidados [intervenções] transgêneros do estado na relação familiar. “Biden obviamente mal sabe o que está acontecendo. Ele é apenas uma fachada trágica para uma máquina política de extrema-esquerda”, escreveu no mês passado.
Interesses em Jogo
Embora Musk não tenha endossado ou doado a nenhum candidato, muitos em seu círculo veem Trump como uma vítima e consideram a administração Biden excessivamente hostil a Musk. “A grande questão é se Elon Musk vai passar um cheque ou não”, disse Charles Myers, doador democrata de longa data.
Musk e Sacks não responderam aos pedidos de comentários, mas Trevor Traina, ex-embaixador dos EUA na Áustria durante a administração Trump, afirmou: “Acho que podemos admitir que ele essencialmente já o fez [apoiar Trump]”.
Ainda há figuras proeminentes do Vale do Silício que apoiam Biden, como o capitalista de risco Vinod Khosla e o CEO da Palantir Alex Karp, que doaram mais de US$ 360 mil para a campanha de Biden no final do ano passado.
“Joe tem feito um trabalho razoavelmente bom, e Trump vai destruir a democracia”, disse Khosla ao Financial Times. “A economia está muito melhor do que a imprensa e a percepção fazem parecer. Por isso, acho que o problema tem sido a comunicação.”
Incentivos Comerciais
A proposta de Biden de quase dobrar as taxas de imposto sobre ganhos de capital para os americanos mais ricos e a repressão agressiva às aquisições por Lina Khan, presidente da Comissão Federal de Comércio, assustaram muitas figuras da tecnologia.
“Se você é um investidor de startup ou um fundador de tecnologia, é muito difícil fazer uma aquisição porque a política antitruste da administração atual é tão restritiva”, disse Helberg.
Em abril, Musk realizou um jantar anti-Biden em Hollywood ao lado de Sacks, com uma lista de convidados que incluía o bilionário Peter Thiel, de acordo com o Puck News. Thiel não planeja doar ou endossar nenhum candidato, disse uma pessoa familiarizada com seu pensamento.
Berin Szóka, presidente do think tank TechFreedom, disse que fundadores de tecnologia como Musk podem estar buscando alavancagem em batalhas sobre regulação do discurso online ao se alinharem com Trump.
“Como um governo Trump se engajará em guerras a serviço de suas queixas e da guerra cultural?”, disse Szóka. “Há alguns doadores muito significativos que se importam com isso.”
Outros sugerem que há incentivos comerciais para Musk e outros líderes de tecnologia apoiarem Trump, considerando as críticas anteriores de Musk sobre Biden e os subsídios para veículos elétricos. “Essa é uma das razões pelas quais estou convencido de que Elon está se aproximando de Trump”, disse Myers.
Traina afirmou que grandes doadores estão observando as pesquisas e se posicionando para uma possível administração Trump. “A realidade é que está cada vez mais óbvio que Trump vai ganhar e as pessoas querem se posicionar favoravelmente para os próximos quatro anos”, disse ele.
Szóka concorda que os apoiadores de Trump estão buscando favores e fazendo apostas em uma corrida acirrada. “Tudo isso se trata de intrigas palacianas e de quem tem a atenção do imperador”, concluiu.