Nacional
As Mentiras e a Hipocrisia de Lula na Entrevista para a CBN
Ele negou qualquer influência sobre a taxa das blusinhas e disse que só gasta o que tem
Por Roberto Tomé
A entrevista do Lula à rádio CBN na manhã desta terça-feira foi um verdadeiro exercício de hipocrisia, cinismo, e “mentirinhas do bem” – aquelas que passam despercebidas e não são punidas pelas autoridades. Durante aproximadamente 50 minutos, o petista fez declarações polêmicas, atacou figuras importantes e tentou desviar responsabilidades.
Lula criticou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, insinuando que a manutenção da taxa de juros elevada tinha a influência do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. O presidente também mencionou que há 40 anos a indústria automobilística não fazia investimentos no país e colocou a culpa no Congresso Nacional pela taxação das compras de até US$ 50 dólares.
Em uma tentativa de se mostrar responsável com o orçamento, Lula afirmou que “só gasta o que tem” e que não iria endividar o Brasil desnecessariamente. No entanto, essa afirmação levanta dúvidas.
Vídeo da rádio CBN
Um dos pontos mais discutidos foi à questão da taxa das blusinhas. Lula comentou:
“Essa emenda da blusinha, ela entrou no programa Mover que não tinha nada a ver com isso. Foi um jabuti colocado no Congresso Nacional. Aí você tem que transformar esse jabuti em realidade sem nenhum critério. E isso me deixou profundamente irritado.”
Para quem não se lembra, a inclusão da taxa das blusinhas no programa Mover foi uma emenda do senador Jaques Wagner, líder do PT no Senado. Isso levanta duas possibilidades: ou Lula mentiu, ou Wagner desobedeceu ao presidente.
Outro ponto controverso foi à declaração sobre a indústria automobilística. Lula afirmou:
“A indústria automobilística fazia 40 anos que não fazia investimentos nesse país. A indústria automobilística anunciou agora R$ 129 bilhões até 2028. Quando deixei a presidência em 2010, a indústria automobilística vendia 3,8 milhões de carros; quando voltei, a indústria brasileira vendia apenas 1,8 milhões de carros. Metade.”
Essas afirmações contêm erros. Entre 2008 e 2010, a indústria automobilística investiu cerca de US$ 20 bilhões (ou R$ 100 bilhões no câmbio atual). Além disso, a produção de carros na época estava em torno de 2,3 milhões de unidades por ano, e não 3,8 milhões.
A entrevista também foi marcada por ataques a Roberto Campos Neto. Em um momento especulativo, Lula insinuou que Tarcísio de Freitas teria influência na definição da taxa básica de juros. Lula declarou:
“Só temos uma coisa desajustada neste país: é o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Presidente que tem lado político, que trabalha para prejudicar o país. Não tem explicação a taxa de juros estarem como está. Ele [Campos Neto] esteve em uma festa oferecida pelo Tarcísio, foi uma homenagem que o governo de São Paulo fez pra ele. Certamente porque o governador de São Paulo está achando maravilhosa a taxa de juros de 10,5%.”
Lula também negou gostar de gastar descontroladamente. Mesmo com o governo federal fazendo poucos ou quase nenhum corte de gastos ao longo de um ano e meio de gestão, ele disse:
“Eu não gosto de gastar aquilo que eu não tenho. Eu aprendi com uma mulher analfabeta, que era a minha mãe: ‘você não pode gastar aquilo que você não tem. Você só pode gastar aquilo que você ganha. Se você tiver que fazer uma dívida, tem que fazer uma dívida para aumentar alguma coisa na minha vida. É assim que eu prezo a minha consciência política.”
A entrevista de Lula na CBN foi marcada por declarações questionáveis e tentativas de desviar responsabilidades. A hipocrisia e as mentiras ditas pelo presidente são preocupantes e levantam dúvidas sobre a veracidade de suas afirmações e suas intenções políticas. É crucial que os cidadãos e a verdadeira mídia continuem a buscar a verdade e a responsabilizar os líderes por suas palavras e ações.