Saúde
Novos detalhes sobre cânceres relacionados à imunoterapia CAR-T
Quando o tratamento dá errado
Desde os primeiros testes clínicos, descobriu-se que um tratamento de ponta contra o câncer estava causando mais câncer nos pacientes.
Trata-se de uma imunoterapia, conhecida como CAR-T, é descrita pelos seus defensores como um tratamento promissor para cânceres do sangue. A terapia é feita a partir das células do próprio paciente, por meio das quais as células T do sistema imunológico são coletadas e reprojetadas em laboratório para produzir proteínas em sua superfície, chamadas receptores de antígenos quiméricos, ou CARs.
Houve muitas críticas na própria comunidade científica quando a controversa imunoterapia recebeu o Nobel de Medicina em 2018.
Os CARs podem reconhecer e depois ligar-se a proteínas específicas na superfície das células cancerígenas. A terapia está sendo usada para tratar cânceres do sangue, como o mieloma múltiplo, mas logo começaram a surgir suspeitas de que a terapia causa outros cânceres.
Em novembro de 2023, a autoridade de saúde dos EUA, a FDA, emitiu um alerta sobre o risco de cânceres – particularmente cânceres do sangue – que podem estar associados à terapia com células CAR-T. O alerta foi precedido por uma onda crescente de preocupação na sequência de relatos de pacientes diagnosticados com cânceres de células T não relacionados com o câncer para o qual foram tratados.
Como os riscos desses tratamentos já eram conhecidos ou previstos, alguns cientistas estão tentando usar a inteligência artificial para identificar os pacientes que vão piorar com a imunoterapia.
Trocando o incerto pelo certo
Um novo estudo realizado por cientistas da Universidade de Stanford, envolvendo mais de 700 pacientes tratados com a imunoterapia, indicou que o risco é de cerca de 6,5% de surgimento de outro câncer não associado ao primeiro nos três anos após a terapia. Houve um único caso de câncer secundário fatal, mas há a suspeita de que o sistema imunológico comprometido desse paciente tenha permitido que células cancerígenas preexistentes, mas não detectadas anteriormente, crescessem explosivamente no paciente.
Embora a equipe considere o risco de câncer associado à imunoterapia CART-T como mais baixo do que se calculara inicialmente, o aspecto mais importantes deste estudo é que a análise detalhada do paciente que morreu poderá ajudar pesquisadores e médicos a identificarem possíveis receptores de terapia com células CAR-T que apresentam risco aumentado de câncer secundário.
Embora seja improvável que estes pacientes renunciem a um tratamento potencialmente salvador para evitar um risco de um câncer adicional futuro, eles poderiam ser monitorados mais de perto após receberem a terapia ou examinados minuciosamente para outros tipos de câncer antes de iniciar o tratamento com células CAR-T.