Nacional
Lula comenta sobre maconha, aborto, gastos públicos, ataques de 8 de janeiro, Bolsonaro e ministro indiciado
Na manhã desta quarta-feira, 26 de junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abordou uma série de temas de grande repercussão em uma entrevista concedida no Palácio do Planalto. Entre os assuntos discutidos estavam à descriminalização do porte da maconha pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a autonomia do Banco Central, o projeto de lei sobre o aborto, o indiciamento de seu ministro das Comunicações, Juscelino Filho, e os ataques de oito de janeiro. Lula também comentou sobre a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ministro indiciado
Quando questionado sobre o caso do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, suspeito de desvio de verbas públicas durante seu mandato como deputado federal, Lula afirmou que afastará o ministro caso a Procuradoria-Geral da República (PGR) aceite as investigações da Polícia Federal (PF). “Vai ser afastado. Ele sabe disso”, disse o presidente. Juscelino foi indiciado pela PF por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, e o relatório final da investigação ainda citam possíveis crimes de falsidade ideológica e violação de sigilo em licitação.
Projeto de lei do aborto
Lula criticou o projeto de lei sobre o aborto que está em regime de urgência na Câmara dos Deputados, afirmando que o texto original era uma “carnificina contra as mulheres” e criminalizava a vítima. Ele ressaltou que o aborto deve ser tratado como uma questão de saúde pública e reafirmou sua posição pessoal contra a prática.
Porte de maconha e STF
Sobre a descriminalização do porte da maconha pelo STF, Lula argumentou que a Suprema Corte não deveria interferir em todas as questões e sugeriu que o tema poderia ser regulado pelo Congresso Nacional. No entanto, ele considerou “nobre” a diferenciação entre consumidores e traficantes, afirmando que essa distinção deveria ser baseada em evidências científicas.
Ataques de 8 de janeiro
Lula comentou sobre os brasileiros foragidos na Argentina, envolvidos nos atos golpistas de oito de janeiro, dizendo que está dialogando diplomaticamente com o governo argentino para que esses indivíduos sejam presos lá ou extraditados para o Brasil. Ele mencionou que ainda não conversou com Javier Milei, presidente argentino, e espera desculpas por declarações anteriores de Milei.
Inocência de Bolsonaro
Sobre Jair Bolsonaro, Lula defendeu a presunção de inocência para seu rival político, mas afirmou que as evidências indicam que Bolsonaro tentou dar um golpe de Estado. Ele também comentou sobre o caso das joias supostamente desviadas por Bolsonaro, dizendo que o presidente da República recebe presentes, não joias, e que espera um julgamento justo e proporcional ao crime cometido.
Gastos públicos
Lula destacou a necessidade de revisar os gastos públicos sem ceder ao nervosismo do mercado, enfatizando a importância de manter investimentos em Saúde e Educação. Ele questionou se os cortes de despesas são realmente necessários ou se seria mais eficaz aumentar a arrecadação. O presidente defendeu a manutenção do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e criticou a ideia de resolver problemas econômicos reduzindo o salário mínimo.
Banco Central
Lula elogiou Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do Banco Central, mas afirmou que ainda não está pensando em quem substituirá Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central. Ele voltou a criticar a autonomia do Banco Central e questionou a necessidade de manter a taxa de juros alta enquanto a inflação está controlada, enfatizando a necessidade de equilibrar as funções do Banco Central com as necessidades econômicas do país.
Essa entrevista de Lula aborda temas centrais da política e da economia brasileira, refletindo suas posições e estratégias para enfrentar os desafios atuais. Suas declarações oferecem um panorama detalhado das questões que estão no centro do debate público e político do Brasil.