Internacional
Ordens de evacuação de Israel afetaram supostas “zonas seguras” em Gaza
Representante da ONU afirmou que desde 22 de junho 11% da população teve que se deslocar novamente por conta das ordens constantes dos militares israelenses; autoridades de saúde do enclave identificaram 20 mil dos 39 mil mortos e informou que 9 mil são crianças, 2,4 mil idosos e 5 mil mulheres
O conflito em Gaza está prestes a completar 300 dias, com ordens de evacuação recentes gerando mais deslocamentos.
Para o representante do Escritório da ONU de Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, nos Territórios Palestinos Ocupados, o que é mais preocupante é que essas evacuações “envolveram áreas no que seria as zonas humanitárias seguras”, definidas por Israel.
11% da população deslocada em poucos dias
Andrea De Domenico disse que desde o início da guerra, cerca de 90% da população de Gaza foi deslocada e, desde 22 de junho, 11% da população teve que se deslocar novamente por conta das ordens contastes dos militares israelenses.
Ele afirmou que nos últimos dois dias estão ocorrendo muitos retornos espontâneos para áreas evacuadas, o que gera um impacto na capacidade de prestação de serviços para a população que vaga em busca de segurança.
Domenico afirmou que a capacidade de resposta humanitária nunca chegou no nível que deveria, pois nunca foram obtidas as autorizações necessárias para ampliar as entregas de ajuda.
Dados mais recentes do conflito
Sobre os dados mais recentes do conflito, ele disse que mais de 39 mil pessoas foram mortas em Gaza até 31 de julho. A identidade de 20 mil foram confirmadas pelo Ministério da Saúde de Gaza e incluem 9 mil crianças, 2,4 mil idosos e 5 mil mulheres.
O representante do Ocha citou ainda que 91 mil pessoas foram feridas no enclave. No lado israelense, foram registrados 1,2 mil mortos e 5,4 mil feridos, além dos 115 reféns que ainda permanecem em cativeiro em Gaza.
Domenico citou ainda dados sobre o impacto da guerra na infraestrutura de Gaza, deixando mais de 60% das moradias destruídas e 49 milhões de toneladas de entulho.
Menina gravemente ferida evacuada de Gaza para os Emirados Árabes Unidos pela Organização Mundial da Saúde
Evacuação médica de 85 pacientes
Uma operação de evacuação médica, descrita como a maior desde o início da guerra, levou 85 pessoas de Gaza para Abu Dhabi. A operação apoiada pela Organização Mundial da Saúde, OMS, priorizou pessoas que sofrem de doenças e ferimentos graves.
A iniciativa contou com a parceria do governo dos Emirados Árabes Unidos e os seus parceiros no domínio da saúde humanitária. Dentre os beneficiados estavam 53 pacientes com câncer e 20 pacientes com traumas, entre outros casos graves.
A lista de pacientes incluía 35 crianças e 50 adultos, acompanhados por 63 familiares e cuidadores. Na terça-feira, o grupo foi transferido de Gaza através da passagem Kerem Shalom para o aeroporto Ramon, em Israel.
Embora reconhecendo a importância desta operação, o cirurgião Athanasios Gargavannis, membro da equipe de emergência da OMS, disse que “é muito importante que todos saibam que esta é apenas a ponta do iceberg”. Segundo ele, existem mais de dez mil pessoas com necessidade de evacuação médica em Gaza.
Evacuação afetou distribuição de alimentos
O Programa Mundial de Alimentos, PMA, afirmou nesta quinta-feira que ainda não consegue levar alimentos suficientes para Gaza e arredores. Os obstáculos incluem a falta de passagens fronteiriças suficientes a dificuldade de obter autorizações para movimentar comboios dentro do enclave.
Verificam-se frequentemente longos atrasos nas áreas de detenção, bem como uma falta de ordem e segurança públicas que continua a dificultar os movimentos.
Mais de 20 pontos de distribuição de alimentos do PMA foram perdidos devido às recentes ordens de evacuação. Cozinhas e padarias também foram forçadas a se mudar.