Internacional
Ditador Maduro intensifica repressão e jornalista é sequestrada na Venezuela
A advogada e defensora dos direitos humanos Tamara Sujú relatou que Guaita foi abordada por agentes em um veículo branco, e seu paradeiro permanece desconhecido até o momento
Na noite da última terça-feira (20/08), a jornalista Ana Carolina Guaita, integrante do portal de notícias independente venezuelano La Patilla, foi sequestrada por agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (SEBIN), na cidade de Maiquetía, no estado de Vargas, Venezuela.
A oposição venezuelana classificou a detenção de Guaita como sequestro, uma vez que foi realizada sem a apresentação de ordem judicial, gerando preocupação em organizações de direitos humanos e entidades de imprensa.
Segundo o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP) da Venezuela, Guaita foi levada de sua residência, localizada no bairro El Rincón, por volta das 18h. A família da jornalista confirmou o sequestro, que rapidamente repercutiu nas redes sociais.
A advogada e defensora dos direitos humanos Tamara Sujú relatou que Guaita foi abordada por agentes em um veículo branco, e seu paradeiro permanece desconhecido até o momento.
O diretor do La Patilla, Alberto Ravell, condenou a detenção, descrevendo-a como uma “operação incomum e sem justificativas racionais”, e afirmou que a ação representa uma “forma de repressão contra jornalistas que apenas cumprem seu dever de informar”.
A detenção de Ana Carolina Guaita é particularmente significativa devido às suas conexões familiares com figuras proeminentes da oposição política na Venezuela. Ela é filha de Carlos Guaita e Xiomara Barreto, membros do partido Social Cristão Copei.
O sequestro ocorre em meio à crescente repressão do regime de Nicolás Maduro contra a mídia independente e opositores. A intensificação das medidas repressivas, especialmente após a contestada eleição de 28 de julho, tem afetado gravemente jornalistas e outros membros da imprensa no país. Nessas eleições, o Conselho Nacional Eleitoral, controlado pelo chavismo, declarou Maduro como vencedor sem divulgar as atas eleitorais.
O Instituto de Imprensa e Sociedade (IPYS) da Venezuela registrou 79 denúncias de violações à liberdade de imprensa entre 29 de julho e 4 de agosto, relacionadas à cobertura das eleições e das manifestações subsequentes.
O Colégio Nacional de Jornalistas (CNP) de Caracas também denunciou o aumento da perseguição aos profissionais da mídia, classificando a situação como uma política de Estado. Entre os casos recentes, destacam-se as detenções de pelo menos seis jornalistas sob acusações de terrorismo e incitação ao ódio.