Politíca
Wellington Roberto desacata o PL e autoriza alianças com PT e PSOL, ignorando diretriz nacional
Roberto Tomé
O deputado federal Wellington Roberto, uma figura de proa no Partido Liberal (PL) na Paraíba, tomou uma decisão audaciosa e controversa ao autorizar coligações com partidos de esquerda em várias cidades do estado. Essa atitude, que vai contra as rígidas diretrizes nacionais do PL, reflete não apenas a independência de Wellington Roberto, mas também as profundas divisões internas que estão surgindo dentro do partido às vésperas das eleições municipais de 2024.
A crise começou a se desenrolar quando Wellington Roberto foi afastado de suas funções de liderança no PL no que diz respeito às decisões políticas na Região Metropolitana de João Pessoa. Embora esse afastamento tenha sido percebido por muitos como uma tentativa de centralizar o poder no partido e alinhar todos os membros às diretrizes nacionais, Wellington Roberto escolheu um caminho próprio, desafiando diretamente a Resolução Administrativa 10/23 do partido.
Essa resolução, emitida pela direção nacional do PL, proíbe explicitamente coligações majoritárias com partidos de esquerda, incluindo a Federação Brasil da Esperança (que engloba PT, PCdoB e PV) e a Federação Rede/PSOL. O objetivo da resolução é manter a coesão ideológica do partido, alinhando-se ao conservadorismo defendido por figuras como o ex-presidente Jair Bolsonaro, que ainda exerce considerável influência dentro da legenda.
Ignorando a resolução, Wellington Roberto autorizou coligações em três cidades paraibanas, levando a uma situação de embate direto com a direção nacional. Em Mamanguape, o PL formou a coligação “Construindo o Futuro” com o PSOL, um partido que se posiciona em uma plataforma política diametralmente oposta ao conservadorismo bolsonarista. Em Bananeiras, o PL alinhou-se ao PT na coligação “Segue o Ritmo do Trabalho”, reforçando laços com um partido historicamente antagonista ao projeto político de Bolsonaro. Em São José de Piranhas, a história se repetiu com uma nova aliança com o PSOL na coligação “São José de Piranhas no Rumo Certo”.
Essas decisões foram vistas como uma afronta direta à liderança nacional do PL, evidenciando um racha dentro do partido que pode ter repercussões significativas nas eleições municipais. A resposta da direção nacional foi rápida e severa: os diretórios municipais do PL nas três cidades foram imediatamente desativados, em uma clara tentativa de restabelecer a disciplina partidária e enviar um recado de que as diretrizes nacionais não podem ser ignoradas.
A decisão de Wellington Roberto não apenas expôs as fissuras internas do PL, mas também levantou questões sobre a capacidade do partido de manter uma linha coerente em um cenário político cada vez mais fragmentado. A desativação dos diretórios é apenas uma das primeiras consequências dessa crise; há rumores de que a direção nacional pode adotar medidas ainda mais drásticas contra Wellington Roberto e outros líderes regionais que desafiarem as resoluções do partido.
Além disso, a postura de Wellington Roberto pode influenciar outros líderes regionais do PL, que podem ver nisso um precedente para também desafiar a direção nacional em situações onde os interesses locais divergem das diretrizes impostas de cima. Esse movimento, se não contido, tem o potencial de fragmentar ainda mais o PL, especialmente em um estado como a Paraíba, onde as alianças políticas locais frequentemente não seguem a lógica das disputas nacionais.
A decisão de Wellington Roberto de autorizar coligações com partidos de esquerda é mais do que um simples ato de rebeldia; é um sintoma das tensões mais amplas que permeiam o Partido Liberal à medida que se aproxima um novo ciclo eleitoral. A capacidade do PL de se manter unido frente a essas divisões internas será crucial para o futuro da legenda, tanto na Paraíba quanto no cenário nacional. Se Wellington Roberto e outros líderes regionais conseguirem manter suas alianças locais sem sofrer retaliações significativas, isso poderá sinalizar uma mudança de rumo dentro do partido, enfraquecendo potencialmente a autoridade da direção nacional e criando um PL mais fragmentado e imprevisível nos próximos anos.
A resposta a essa crise, tanto por parte de Wellington Roberto quanto da direção nacional, será determinante para o destino do partido e para a configuração política que emergirá das eleições de 2024.