ENTRETENIMENTO
3 Liberdades que brotam do romance da vida de solteiro
Muitos católicos se encontram solteiros por circunstância e não por escolha. Quais dons Deus confiou exclusivamente a nós?
O poeta escocês Robert Burns escreveu uma vez : “Oh, que poder o presente nos dá / Para nos vermos como os outros nos veem!” Alguns meses atrás, recebi exatamente um “presente” desses quando uma colega me confidenciou que nossos colegas de trabalho em seu departamento me achavam muito intrigante, até mesmo “misterioso”. Eu ri disso na época, dizendo a ela que eles só precisavam me conhecer um pouco melhor e todo o mistério se dissiparia rapidamente. Mesmo assim, me perguntei mais tarde o que meus colegas de trabalho poderiam ter visto. Há, tenho certeza, muito pouco mistério em mim pessoalmente, mas como católico, vivo e respiro mistérios divinos e, certamente, um pouco disso se apega a mim e a todo católico.
Como convertida e mulher solteira, além disso, descobri que meu caminho é emaranhado e tortuoso às vezes, mas também iluminado de maneiras estranhas e adoráveis. Ocorre-me que católicos solteiros podem estar em uma posição única para testemunhar a vida do Espírito, que a vida de solteiro tem um romance todo seu.
Estou falando aqui de católicos que, como eu, se encontram solteiros por circunstância e não por escolha. Não há nenhum marco convencional para marcar nossa peregrinação, nenhum casamento ou chá de bebê, e a tentação sombria é ver nosso curso de vida como um acidente e nós mesmos como meros restos, fragmentos de fios caídos da tapeçaria cósmica de Deus. Não há acidentes com Deus, no entanto, e nenhum desperdício na economia divina, e assim o trabalho de fios dessa tapeçaria deve ser mais intrincado do que a trama simples do casamento e da vida religiosa. Se o padrão parece obscuro, podemos precisar de mais tempo ou distância para descobrir o “serviço definitivo”, como o Cardeal Newman o chamou, que foi confiado exclusivamente a nós. Mais do que qualquer outro modo de vida, a vida de solteiro dá testemunho da distinção de cada pessoa.
Que tipo de fragrância esse testemunho espalha? Cada caminho da vida cristã envolve privilégio e renúncia, mas a vida de solteiro é frequentemente vista somente em termos de privação, ou pelo menos de ausência. Onde está o privilégio? Pode ser entendido como liberdade para viver dimensões da vida do Espírito que são menos acessíveis aos casados e aqueles em vocações religiosas. Vejo três tensões dessa liberdade:
1 – LIBERDADE NA ORAÇÃO
Os solteiros podem levar uma vida profissional exigente, mas suas vidas pessoais relativamente desestruturadas permitem que eles se movam facilmente com o Espírito Santo, da mesma forma que uma planta baixa aberta permite uma maior sensação de espaço e movimento em uma casa.
2 – LIBERDADE DE CUIDAR
Os solteiros têm tempo e flexibilidade para desenvolver amizades profundas e para ouvir e responder aos sutis clamores dos pobres modernos, aqueles bem alimentados fisicamente, talvez, mas famintos por compreensão e respeito.
3 – LIBERDADE PARA OUSAR
Em um mundo perigoso e muitas vezes cruel, os solteiros são menos sobrecarregados se forem chamados para se lançar em novas aventuras. Independentemente dos riscos envolvidos, eles arriscam apenas a si, e são livres para seguir a orientação da estrela que ilumina seu caminho.