Internacional
Coreia do Norte enviará 12 mil soldados para Ucrânia
Segundo agência de inteligência da Coreia do Sul, militares vão lutar ao lado da Rússia. Primeiro batalhão norte-coreano já está sendo treinado em território russo
A Coreia do Norte decidiu enviar 12 mil soldados do país para lutar ao lado da Rússia na guerra na Ucrânia, segundo informações do Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul (NIS) divulgadas nesta sexta-feira (18/10) pela agência de notícias sul-coreana Yonhap. Se esse deslocamento for confirmado, essa será a primeira grande participação da Coreia do Norte em uma guerra estrangeira.
Em comunicado, a agência de inteligência sul-coreana afirmou que 1,5 mil militares da Coreia do Sul já foram enviados para a Rússia e estão estacionadas em bases militares do extremo-oriente russo, onde serão treinados. Os soldados foram enviados para bases como “Vladivostok, Ussuriysk, Khabarovsk e Blagoveshchensk, e deverão ir para as linhas da frente assim que concluírem o treino de aclimatação”, afirmou o NIS.
De acordo com a agência de inteligência, os soldados receberam uniformes e armas de fabricação russos. “Isso parece ser um esforço para disfarçar o fato de que são militares norte-coreanos”, destacou.
O deslocamento de militares norte-coreanos para a Ucrânia já havia sido citado pelo presidente Volodimir Zelenski nesta quinta-feira. O líder ucraniano disse que 10 mil soldados norte-coreanos estavam sendo destacados para o território ucraniano ocupado pela Rússia. Ele alertou que a participação de uma terceira nação poderia potencialmente transformar o conflito em uma “guerra mundial”.
Desde a cúpula de seus líderes no ano passado, a Coreia do Norte e a Rússia aprofundaram seus laços militares. Em junho, em Pyongyang, o líder norte-coreano, Kim Jong Un, e o presidente russo, Vladimir Putin, assinaram um acordo de parceria estratégica que inclui um pacto de defesa mútua.
A Coreia do Norte tem 1,28 milhão de soldados, numa das maiores Forças Armadas do mundo, mas carece de experiência em combate. Muitos especialistas questionam o quanto o envio de tropas de Pyongyang ajudaria a Rússia na guerra, citando a escassez de experiência e o equipamento desatualizado.
Na semana passada, a Rússia negou o uso de tropas norte-coreanas na guerra, após relatos sobre a morte de seis soldados enviados por Pyongyang para lutar na Ucrânia.
Fornecimento de armas
O NIS afirmou ainda nesta sexta que Pyongyang forneceu mais de 13 mil contêineres de munições, armas e mísseis para a Rússia desde agosto do ano passado. Nos últimos anos, os governos dos Estados Unidos e Coreia do Sul vem acusando a Coreia do Norte de fornecer armamento para a Rússia desde o início da guerra. Moscou e Pyongyang negam essa acusação.
O presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, convocou uma reunião de emergência nesta sexta para discutir as implicações do envio de tropas e classificou a ação como uma grave ameaça à segurança da Coreia do Sul e da comunidade internacional.
Aliança entre Rússia e Coreia do Norte
Analistas acreditam que a colaboração entre Rússia e Coreia do Norte pode resultar em benefícios mútuos. Moscou, que enfrenta grandes perdas no campo de batalha, poderia aliviar a pressão sobre suas forças armadas, ao utilizar tropas norte-coreanas. O jornal americano The New York Times noticiou que mais de 600 mil soldados russos morreram até agora na guerra.
Especialistas também avaliam que a Coreia do Norte provavelmente recebeu promessas russas de apoio de segurança. Pyongyang poderia obter suporte econômico e militar de seu aliado, principalmente diante as dificuldades econômicas e diplomáticas que enfrenta.
“Sabemos que a Rússia quer vender caças à Coreia do Norte ou está disposta a ajudá-los com tecnologia de satélites de reconhecimento. Moscou pode ajudar também com usinas nucleares”, avalia Jenny Town, especialista em Coreia do Norte.
Esse envio pode ainda ter consequências para a Ucrânia, que obteria um argumento convincente para receber mais apoio material de seus aliados, e para a segurança na península coreana. A colaboração militar entre os dois países pode mudar a dinâmica geopolítica da região, aumentando a tensão com a Coreia do Sul, que já está em alerta máximo em relação às ações Pyongyang.