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Câmara dos deputados: Hugo Motta confiante em apoio do PT na disputa pela presidência
Por Roberto Tomé
A disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, marcada para fevereiro de 2025, está se intensificando à medida que a eleição se aproxima. O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), líder do partido na Câmara, surge como um dos principais nomes para suceder o atual presidente Arthur Lira (PP-AL). A confiança de Motta em garantir o apoio do Partido dos Trabalhadores (PT) tem se mostrado um ponto crucial em sua estratégia, considerando o peso político da sigla dentro do Congresso.
Hugo Motta declarou recentemente estar seguro de que o PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a segunda maior bancada da Câmara, estará ao seu lado na eleição para o comando da Casa. “O PT, depois do PL, é o maior partido da Câmara. Tem uma importância muito grande na construção da nossa candidatura, e temos confiança de que eles caminharão conosco”, afirmou o deputado durante a 24ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, em São Paulo. No entanto, Motta ponderou que respeita o tempo de decisão de cada partido, reconhecendo a complexidade das negociações políticas envolvidas.
Hugo Motta conta com o apoio de Arthur Lira, um dos principais articuladores do Centrão e atual presidente da Câmara. O endosso de Lira é um ativo de peso para Motta, pois Lira possui uma sólida base de apoio entre diversos partidos, o que o torna uma figura influente nas articulações políticas da Casa. Lira, que também esteve presente no evento da Datagro, reafirmou seu compromisso com Motta e desmentiu os rumores de que teria, em algum momento, preferido o deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA) como seu sucessor. Lira classificou as especulações sobre sua suposta preferência por Elmar como “fruto da imprensa”.
Desde setembro, quando Lira tornou pública sua escolha por Hugo Motta, a disputa interna no Centrão se intensificou, causando rupturas entre lideranças de partidos que até então marchavam unidas. Elmar Nascimento, que se sentiu traído pela escolha de Lira, buscou uma aliança com o deputado Antonio Brito (PSD-BA). Ambos agora formam um bloco alternativo de oposição à candidatura de Motta, mas com a estratégia de que, na final, o candidato mais forte entre eles será apoiado pelo outro.
Com o cenário político ainda parcialmente voltado para o segundo turno das eleições municipais, Hugo Motta reconhece que a articulação para a presidência da Câmara tem enfrentado alguns obstáculos devido à ausência de muitos deputados em Brasília. No entanto, ele afirma que as conversas estão sendo intensificadas. “Estamos mantendo diálogos com deputados individualmente, assim como com presidentes de partidos, para consolidar nosso projeto”, disse Motta.
A disputa pelo comando da Câmara dos Deputados não se resume a uma simples escolha de nomes. Envolve, sobretudo, uma complexa teia de negociações, compromissos e alianças que, conforme o tempo avança, podem mudar radicalmente o equilíbrio de forças. Com o apoio de Arthur Lira, Hugo Motta se posiciona como favorito, mas a reação dos outros blocos, especialmente o de Elmar e Brito, pode trazer reviravoltas ao processo.
A candidatura de Motta gerou divisões no Centrão, bloco que sempre teve um papel crucial nas negociações dentro da Câmara. A fragmentação interna pode afetar a consolidação de sua candidatura, especialmente se Elmar Nascimento e Antonio Brito conseguirem angariar apoio suficiente para formarem uma frente sólida de oposição. Contudo, o que torna o cenário mais intrigante é a posição do PT, partido chave para a definição do vencedor. O apoio petista, embora ainda não oficializado, pode ser o fator determinante para o sucesso ou fracasso de Motta.
A postura do PT será crucial, não apenas pelo número de deputados que a sigla possui, mas também pela influência que exerce sobre outras bancadas de esquerda e centro-esquerda. Além disso, o partido tem interesse em manter boas relações com o comando da Câmara, visto que muitas das pautas prioritárias do governo Lula ainda precisam ser aprovadas.
Embora Hugo Motta tenha se posicionado como um forte candidato à presidência da Câmara, o cenário político continua em constante movimento. As alianças são fluidas e podem mudar à medida que novos acordos são firmados ou interesses conflitantes emergem. O apoio de Arthur Lira é um trunfo considerável, mas o peso do Centrão, que está dividido, e o posicionamento estratégico do PT serão elementos decisivos nas próximas semanas.
Com o retorno das atividades parlamentares após o segundo turno das eleições municipais, a intensidade das articulações promete aumentar, e as definições podem ser antecipadas conforme os deputados retornam à Brasília e as conversas se tornam mais frequentes. Até lá, Hugo Motta segue confiante, apostando em seu histórico de diálogo e construção de alianças como caminhos para garantir sua vitória na disputa pelo comando da Câmara.