Segurança Pública
Manual da Guerra: Em meio a cortes de 47%, Escola de Guerra Naval lança guia inédito para otimizar recursos militares
Keynesianismo militar: Livro questiona se investimentos em defesa podem impulsionar a economia
Em meio à crise orçamentária das Forças Armadas, a Escola de Guerra Naval acaba de lançar um manual que promete revolucionar o debate sobre a relação entre economia e defesa no Brasil. Coordenada pelos professores Thauan Santos e Ariela Leske, a obra, que chega em um momento de cortes e discussões sobre a reforma da previdência militar, apresenta análises aprofundadas sobre como otimizar os recursos das Forças Armadas e garantir a segurança nacional.
O livro, uma iniciativa inédita no país, aborda desde a geração de demanda por produtos e serviços militares até o impacto das mudanças climáticas na defesa. A publicação demonstra a preocupação dos militares em encontrar soluções para os desafios financeiros e geopolíticos que enfrentam. A informação é do Defesa em Foco.
Cortes e desafios orçamentários
O lançamento do manual coincide com a recente notícia de que o orçamento das Forças Armadas sofreu uma perda de 47% na última década, atingindo seu menor patamar sob o governo Lula, de acordo com a revista Veja. O ministro da Defesa, José Múcio, tenta encontrar maneiras de preservar investimentos estratégicos da Defesa sem comprometer as demais despesas da União. Entre as saídas consideradas, está uma proposta para que gastos essenciais da área não sejam restringidos pelo limite fiscal. Múcio ainda busca o apoio de líderes do Congresso, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para viabilizar a medida.
Demandas e inovações no estudo da defesa
O manual aborda pontos de interesse que vão além do impacto financeiro, incluindo as consequências das mudanças climáticas e as tensões globais. Em uma análise inovadora, o estudo explora a relação entre segurança nacional e questões ambientais, enfatizando que a Defesa precisa se antecipar aos impactos dessas mudanças na infraestrutura e nas operações. O livro também destaca a influência de teorias econômicas, como o keynesianismo militar, e questiona até que ponto investimentos em defesa podem alavancar o crescimento econômico, uma perspectiva ainda pouco explorada no Brasil.
Tentativas de recuperação orçamentária e resistências políticas
Além da tentativa de blindar o orçamento militar, Múcio enfrenta entraves para avançar com outras propostas, como a “PEC da Previsibilidade”, que buscava garantir um piso mínimo de 2% do PIB para a Defesa. O projeto, apresentado no final de 2023, ainda não avançou no Congresso, e sua versão atual tenta evitar percentuais fixos, mas busca assegurar patamares mínimos de investimentos. Outra proposta em discussão, elaborada com o BNDES, visa arrecadar fundos por meio da venda de terrenos e imóveis da União em posse das Forças Armadas, mas a implementação também avança lentamente.