Internacional
PIB da Alemanha cresce e país consegue evitar recessão
Produto Interno Bruto da Alemanha dá sinal de vida e registra alta surpreendente no 3° trimestre, impulsionada pelos gastos do governo e pelo consumo privado. “É um raio de esperança”, diz ministro da Economia
O Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha registrou um crescimento surpreendente de 0,2% no terceiro trimestre do ano impulsionado pelos gastos do governo e pelo consumo privado, segundo dados do Departamento Federal de Estatísticas (Destatis) do país, divulgados nesta quarta-feira (30/01).
Os novos números sugerem que a Alemanha deve evitar uma recessão e afastam temores de que a maior economia da Europa poderia se contrair pelo segundo trimestre consecutivo. Muitos analistas previam para este período uma queda de 0,1% no PIB.
O Destatis revisou a previsão do PIB do segundo trimestre para uma contração trimestre a trimestre de 0,1% para 0,3%. A economia alemã, porém, cresceu 0,2% no terceiro trimestre na comparação com os três meses anteriores.
“Sob o peso de muitas fraquezas estruturais, a economia está dando um sinal de vida”, observou Alexander Krueger, economista-chefe do banco privado Hauck Aufhaeuser Lampe. “Isso ocorre graças aos consumidores, que baixaram um pouco a guarda.”
“Raio de esperança”
O ministro alemão da Economia, Robert Habeck, enalteceu os novos dados, após os números do segundo trimestre estimularem os temores de uma recessão. “Ainda está longe do que precisamos, mas pelo menos é um raio de esperança”, disse. “A economia se mostra mais robusta do que o previsto anteriormente, e a recessão técnica esperada por muitos não se materializou.”
Uma recessão é normalmente definida como dois trimestres consecutivos de contração econômica.
“Embora uma recessão técnica tenha sido evitada, a economia alemã permanece pouco maior do que era no início da pandemia”, afirmou Carsten Brzeski, economista-chefe do banco ING.
A vulnerabilidade econômica deve ainda permanecer enquanto o país enfrenta desafios como os altos custos de energia, uma demanda global moderada por suas exportações e o aumento da concorrência.
“A perspectiva de crescimento está em algum lugar entre a estagnação e o passo de um caracol”, disse Krueger, do Hauck Aufhaeuser Lampe.
Desemprego cresce
Por outro lado, Agência Federal do Emprego informou que o número de pessoas desempregadas na Alemanha aumentou mais do que o esperado em outubro. O crescimento, segundo a agência, foi de 27.000 em termos ajustados sazonalmente, totalizando 2,86 milhões. Analistas, porém, esperavam um aumento de apenas 15.000. A taxa de desemprego ajustada sazonalmente se manteve estável, em 6,1%.
“A recuperação do mercado de trabalho no outono não se materializou este ano”, disse Andrea Nahles, presidente da agência. A comparação com outubro do ano anterior revela que há 183.000 pessoas a mais sem emprego do que no mesmo mês de 2024. Ao mesmo tempo, o número de vagas no mercado de trabalho aumentou em 60.000.
Nahles alertou que o desemprego na Alemanha vem aumentando há mais de dois anos, mas observou que, na comparação de longo prazo, os números ainda permanecem em um nível relativamente baixo. Os números preliminares se baseiam em dados disponíveis até outubro.
Perspectiva de alta da inflação
Os dados surgem em um momento em que a automobilística alemã Volkswagen enfrenta difíceis negociações sobre possíveis demissões em massa e cortes salariais. “A segurança no emprego, ao invés de aumentos salariais, pode se tornar em breve ser o novo mantra no mercado de trabalho alemão”, opinou Brzeski.
Dados preliminares divulgados nesta quarta-feira indicam que, em outubro, a inflação aumentou em quatro dos 16 estados alemães, o que sugere que o índice nacional também poderá crescer. Economistas preveem uma taxa de inflação nacional de 2,1% em outubro, acima dos 1,8% do mês anterior.