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Acusações de Assédio a Servidores e Eleitores em Mulungu: MPPB Solicita Cassação de Prefeita, Vice, e Vereador Eleitos
Em Mulungu, o Ministério Público da Paraíba (MPPB) deu início a uma ação polêmica e explosiva: busca a cassação dos diplomas de Daniela Rodrigues Ribeiro e Joana D´Arc Rodrigues Bandeira, eleitas respectivamente prefeita e vice-prefeita do município, e do vereador Leonel Soares de Souza Moura. A denúncia é pesada, recheados de acusações de assédio a servidores e eleitores, tudo isso com a sombra do uso do poder político para manipular o apoio nas urnas. Não escapa nem o atual prefeito, Dyego Moura, que está no centro das investigações, sob a acusação de abusar da sua influência no cargo para amarrar o voto de servidores, garantindo reeleição de aliados e minando os opositores.
A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije), movida pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), joga luz em uma série de manobras que revelam a força do apadrinhamento político em Mulungu. As figuras-chave desta acusação? Dyego Maradona Assis de Moura, atual prefeito, José Leonel de Moura (que preside a Comissão provisória do Partido Progressistas de Mulungu e é pai do prefeito) e José Ribeiro Rodrigues (marido da prefeita eleita Daniela). A promotora Jaine Aretakis Didier, da 75ª Zona Eleitoral de Gurinhém, sustenta que a campanha eleitoral foi distorcida e que a política local virou um jogo de pressões, onde o eleitorado e funcionários públicos se tornaram moeda de troca.
Após assumir a prefeitura em agosto, Dyego Moura — alçado ao cargo após a cassação do ex-prefeito Melquíades Nascimento — teria aproveitado bem a sua nova cadeira: manteve contratos temporários de apoiadores e abriu portas para novos funcionários, num verdadeiro festival de contratações proibidas em período eleitoral. A denúncia aponta que Moura e os aliados Daniela, Joana e Leo Moura formaram um esquema articulado, onde empregos na prefeitura eram garantidos aos fiéis apoiadores, enquanto os opositores eram sumariamente cortados. No jogo político de uma cidade pequena, onde muitas pessoas dependem do emprego público, isso vira um golpe certeiro para amarrar os votos.
O Ministério Público da Paraíba reuniu testemunhos de cerca de 30 servidores que detalham como o assédio eleitoral correu solto. Segundo relatos, os contratos de funcionários foram renovados para quem apoiasse o grupo de Moura, enquanto aqueles que se mantiveram neutros ou contrários recebiam o aviso de desligamento. Para a promotora Jaine Didier, isso configura uma tática de coação implacável, especialmente em uma comunidade onde o emprego público é a principal ou até única fonte de renda.
Aparentemente, não faltou criatividade para mascarar as contratações: para evitar fiscalização, Moura, supostamente com o auxílio do pai, pagava os novos funcionários com notas de empenho, evitando assim que seus nomes aparecessem na folha de pagamento oficial. Essa estratégia permitiu uma contratação silenciosa, longe do alcance dos órgãos de controle, mas ainda eficaz para manter aliados próximos e amarrar o voto de quem precisava garantir o salário.
Com os artigos 22 e 73 da Lei Eleitoral na mão, o Ministério Público está pedindo a cassação dos diplomas de todos os eleitos envolvidos, a inelegibilidade de cada um, uma multa substancial e a anulação dos votos recebidos. A promotoria alega que o abuso de poder desvirtuou o resultado das eleições em Mulungu, criando um clima de manipulação eleitoral, onde a dependência do vínculo com a prefeitura se tornou o eixo central da campanha.
Para a população de Mulungu, o veredito final do MPPB vai muito além de uma decisão política ou jurídica: é a esperança de que a justiça alcance aqueles que usam o poder para favorecer seus interesses, minando a liberdade e a transparência do processo eleitoral.