Nacional
Transparência Internacional desafia o G20: “Corrupção Não É Prioridade?”
ONG critica postura morna do grupo e lança protesto criativo no Rio de Janeiro
Na sexta-feira (15), o céu da Barra da Tijuca foi palco de uma ação de impacto organizada pela Transparência Internacional. Seis parapentes com estampas de notas de 100 dólares sobrevoaram a orla carioca, carregando uma pergunta provocativa: “Quão óbvia a corrupção tem que ser para virar prioridade para o G20?”.
O protesto veio como um alerta dois dias antes da reunião de cúpula do G20, comandada este ano por Lula. O tema corrupção, mais uma vez, foi deixado de lado na agenda oficial, o que provocou críticas severas da ONG, que já vinha alertando sobre a falta de comprometimento do grupo com o assunto.
“Corrupção é preocupação menor?”
Em nota dura, a Transparência Internacional acusou os líderes do G20 de ignorarem a necessidade urgente de combater a corrupção de forma efetiva. Segundo a entidade, a última década foi marcada por pouca ou nenhuma evolução nas medidas anticorrupção. Eles denunciam que práticas como sigilo financeiro e a conivência de facilitadores continuam a alimentar a corrupção transnacional.
A ONG foi direta: “O G20 trata a corrupção como uma preocupação secundária. Isso se reflete em compromissos vagos e ações ainda mais escassas”, afirma o comunicado. A organização cobrou uma mudança radical no tratamento do tema, exigindo que, a partir de 2024, o combate à corrupção ocupe lugar central na pauta do G20.
“Janjapalooza”: Festival Cultural Paralelo ao G20 Gera Debate
Evento promovido pela mulher de Lula mistura música, política e polêmica
Enquanto os protestos sobre corrupção ganhavam o céu do Rio, o governo federal focava em outro espetáculo: o Aliança Global Festival Contra a Fome e a Pobreza. O evento, apelidado de “Janjapalooza” em referência à Janja, aconteceu entre 14 e 16 de novembro, no mesmo período da cúpula do G20.
O festival reúne um elenco de peso e amigos íntimos de Janja. Nomes como Ney Matogrosso, Zeca Pagodinho, Daniela Mercury e Maria Rita estão entre os 29 artistas confirmados. Cada um receberá um cachê simbólico de R$ 30 mil, mas, mesmo assim, a iniciativa levantou questionamentos sobre os custos e as prioridades do governo.
Quem banca o show?
O Ministério da Cultura é o principal financiador do evento, com apoio de grandes estatais como Caixa, Petrobras, Banco do Brasil e Itaipu. Além disso, a prefeitura do Rio e organismos internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), também estão no rol de apoiadores.
A ideia do festival era trazer à tona debates sobre fome e pobreza, temas globais urgentes. No entanto, críticos apontam para o risco de que a celebração cultural ofusque discussões mais incisivas e fundamentais, como o enfrentamento à corrupção.
Cultura como ativismo ou distração?
Embora o festival seja uma vitrine para a arte brasileira, muitos questionam se essa é a melhor estratégia para dialogar com os desafios globais apresentados pelo G20. Por um lado, a música e a cultura têm o poder de mobilizar e inspirar. Por outro, há quem enxergue no evento um desvio de foco em um momento em que o país enfrenta crises e desafios mais estruturais.
Enquanto a cúpula do G20 encerra suas atividades, fica no ar a reflexão: é possível equilibrar entretenimento, ativismo cultural e a urgência de reformas reais?