Segurança Pública
Descubra por que a Marinha do Brasil, mesmo sendo uma gigante em tecnologia aérea, não possui uma “EMBRAER do Mar” na indústria naval
A indústria naval brasileira não alcançou o patamar da EMBRAER na aeronáutica. Saiba como as escolhas da Marinha influenciaram esse caminho e o que pode ser feito para impulsionar a tecnologia no setor
A ausência de uma “Embraer do mar” no Brasil é reflexo de escolhas que priorizaram a importação de submarinos e fragatas pela Marinha em prejuízo do desenvolvimento de uma indústria naval estratégica. Apesar de o país possuir um histórico significativo de conquistas navais e uma sólida base industrial de defesa, faltaram políticas consistentes e incentivos estatais de investimento para consolidar uma gigante nacional no setor marítimo, como ocorreu no segmento aeronáutico com a Embraer.
A Embraer, criada em 1969 como estatal vinculada à Aeronáutica e privatizada em 1994, tornou-se uma referência global em alta tecnologia. A empresa lidera o segmento de jatos comerciais de até 150 assentos e também se destaca na área militar com projetos como o Super Tucano e o cargueiro KC-390.
Falta de investimento mantém a Marinha do Brasil dependente de exportações
O cargueiro KC-390, desenvolvido inteiramente no Brasil, já foi adquirido por países como Portugal, Hungria, e Coreia do Sul, demonstrando o potencial de exportação de tecnologia nacional. No entanto, a realidade da Marinha do Brasil é diferente.
Embora a Marinha tenha sido uma potência marítima no século XIX e mantido uma indústria naval significativa até os anos 1980, as prioridades mudaram. A falta de continuidade em investimentos, aliada à dependência de importações, impediu o surgimento de uma gigante naval nos moldes da Embraer.
Desafios e caminhos para a indústria naval
A história recente da indústria naval brasileira é marcada por altos e baixos. Até 2014, o setor estava em expansão, mas foi paralisado durante governos posteriores, resultando na perda de empregos e na estagnação tecnológica.
Em um cenário promissor, com iniciativas como o programa BNDES Azul, que oferece linhas de crédito voltadas para o setor naval. Essa retomada, somada aos projetos desenvolvidos em parceria com outros países, poderia abrir caminho para a criação de uma “Embraer do mar”.
Exemplos incluem o Prosub e as fragatas classe Tamandaré, desenvolvidas com a alemã Thyssenkrupp. Ainda assim, o foco da Marinha continua sendo atender suas próprias necessidades, sem um plano robusto de exportação de armamentos, algo que foi essencial para o sucesso da Embraer.
A oportunidade que ainda falta ser aproveitada na Marinha do Brasil
Para o Brasil se consolidar como um player global na indústria naval, é necessário aprender com o modelo da Embraer. A empresa encontrou sucesso ao atuar em nichos específicos e estratégicos, como jatos regionais e aeronaves de defesa. Da mesma forma, uma “Embraer do mar” poderia focar em tecnologias de ponta, como embarcações militares de médio porte, adaptadas para o mercado internacional.
Indústria de defesa com estratégias bem definidas transforma a capacidade naval
Faltam políticas de incentivo consistentes, reservas de mercado e uma visão estratégica que contemple tanto o mercado interno quanto externo. Sem esses elementos, a Marinha do Brasil continuará exportando sua capacidade intelectual em vez de produtos de alta tecnologia.
Se bem planejada, uma indústria naval forte poderia fortalecer a Base Industrial de Defesa e projetar o país como líder em inovação marítima. Afinal, como o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou: “Um dos três países do mundo que constrói aviões deveria ser capaz de construir navios”.