ECONOMIA
Câmbio: Dólar sobe antes do feriado; mercado espera pacote fiscal
O movimento reflete uma correção após a queda registrada ontem e uma postura mais defensiva dos investidores antes do feriado
O dólar fechou esta terça-feira (19) em alta de 0,34%, cotado a R$ 5,76. O movimento reflete uma correção após a queda registrada ontem e uma postura mais defensiva dos investidores antes do feriado do Dia da Consciência Negra, que suspenderá os negócios no mercado local nesta quarta-feira (19).
Geopolítica aumenta aversão ao risco
Pela manhã, o dólar chegou à máxima de R$ 5,7979, impulsionado pelo agravamento das tensões entre Ucrânia e Rússia. A ameaça de uma resposta nuclear elevou a busca por ativos considerados seguros, como o dólar, o franco suíço e o iene.
Moedas emergentes, como o real, enfrentaram maior pressão. No acumulado de novembro, no entanto, o dólar ainda apresenta queda de 0,24%. Em 2024, a moeda americana registra valorização de 18,83% frente ao real, que é uma das divisas emergentes com pior desempenho no ano, ao lado do peso mexicano.
Expectativas sobre pacote fiscal
Internamente, as atenções se voltam para a possível divulgação do pacote de cortes de gastos do governo Lula. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou no último domingo (17) que o plano está fechado, mas rumores indicam que o anúncio pode ser adiado para a próxima semana.
O mercado especula um pacote de R$ 70 bilhões em dois anos, mas ainda há dúvidas sobre a viabilidade das medidas. Em entrevista ao Broadcast, Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, disse que o mercado pode estar precificando um dólar mais próximo de R$ 5,60 do que de R$ 6.
Tendências para o dólar
Apesar da alta de hoje, especialistas apontam para uma valorização do dólar no médio prazo. Entre os fatores que podem sustentar o movimento estão políticas econômicas esperadas do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e a percepção de que o plano de controle de gastos do governo brasileiro pode não ser sustentável.
Além disso, a expectativa de que o Banco Central do Brasil não eleve a taxa Selic a níveis próximos de 14% adiciona pressão sobre o câmbio. A manutenção da taxa de juros em patamares mais baixos dificulta a convergência da inflação à meta e reduz a atratividade de investimentos em reais.