Internacional
O quão perigoso é o Oreschnik, míssil disparado pela Rússia?
Um novo tipo de arma hipersônica russa atingiu a cidade ucraniana de Dnipro, gerando especulações. Putin disse que os disparos devem continuar e que o país tende a iniciar a produção em série do armamento
Um dia depois de a Rússia disparar um novo tipo de armamento em território ucraniano, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou, nesta sexta-feira (22/11): “A Rússia demonstrou claramente suas capacidades”. O míssil hipersônico Oreschnik, disparado contra a cidade de Dnipro, caiu como uma ameaça principalmente aos parceiros ocidentais que fornecem armas a Kiev.
Conforme informou a Rússiano início da semana, a Ucrânia utilizou pela primeira vez mísseis ATACMS americanos que podem atingir alvos a até 300 quilômetros de distância. O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, ameaçou com uma resposta “à altura”.
Não bastasse o lançamento do novo míssil, outra ameaça foi feita pelo porta-voz do Kremlin: “Os contornos da resposta futura, caso nossas preocupações não sejam levadas em conta, também foram claramente delineados”, disse Peskov à agência de notícias russa Interfax.
As declarações russas indicam a dimensão da ameaça em potencial representada pelo novo míssil, que supostamente também pode ser equipado com ogivas nucleares.
Putin anuncia arma na TV
Afinal, o que é esse novo míssil que causou tanto alvoroço? Em um discurso televisionado na noite de quinta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, o descreveu da seguinte forma: “um míssil hipersônico de natureza experimental“.
Putin também disse que a Rússia havia “testado um dos mais recentes sistemas de mísseis de médio alcance em condições de combate”, acrescentando que o armamento hipersônico poderia ser equipado com ogivas nucleares, sem ser interceptado.
O que tem de novo no “Oreschnik”?
O foguete anunciado como ameaçador tem um nome bastante inofensivo: “Oreschnik”, que, em tradução livre, seria um “bosque de nozes”.
O fato é que não está claro se o míssil é realmente tão perigoso quanto o Kremlin afirma. Diz-se que os danos causados são limitados, comparativamente a outros armamentos.
De acordo com as autoridades de Dnipro, o míssil atingiu um prédio e feriu dois civis.
Um representante do governo dos EUA disse em Washington que o novo míssil não era um “divisor de águas” e que a Rússia provavelmente não conta com um grande arsenal desses mísseis.
Também não se sabe ao certo o quão novo o “Oreschnik” é de fato. O Departamento de Defesa dos EUA supõe que o modelo seja baseado no míssil balístico intercontinental russo RS-26.
Fabian Hoffmann, que pesquisa tecnologia de mísseis na Universidade de Oslo, também não acredita em um tipo de arma completamente novo.
“Eu ficaria surpreso se a Rússia pudesse construir [um míssil] sem usar pelo menos 90% dos armamentos existentes e sem partes do RS-26”, disse Hoffmann.
Otan e Ucrânia se reunirão
Em resposta ao lançamento do míssil, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, convocou uma reunião do Conselho Otan-Ucrânia para a próxima terça-feira, a pedido da Ucrânia. O conselho é um novo órgão, que se reuniu pela primeira vez no ano passado, e foi criado para situações de crise – o que o novo míssil russo parece mesmo ter desencadeado.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, declarou que “o mundo deve reagir” e que essa reação não está ocorrendo no momento. Ele vê o uso do míssil como um “aumento óbvio e sério na escala e na brutalidade da guerra”.
Nesta sexta-feira, o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, falou de uma “escalada terrível” que demonstra “o quanto essa guerra é perigosa”.
A China também se manifestou. Em Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, pediu moderação para ambos os lados, que devem “criar as condições para um cessar-fogo imediato”.