Educação & Cultura
Pesquisa da UFPB na área de Materiais é uma das vencedoras de premiação da SBPMat
Estudo recebeu o Bernhard Gross Award, prêmio instituído pela SBPMat em homenagem ao físico pioneiro da pesquisa na área
Uma pesquisa desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ) da Universidade Federal da Paraíba foi premiada na 22ª edição do Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (XXII B-MRS Meeting), realizado de 29 de setembro a 3 de outubro deste ano, em Santos (SP). O estudo reconhecido na ocasião, que investiga a síntese e a obtenção de fotocatalisadores que sejam eficientes na degradação de poluentes por meio da luz ultravioleta e visível, especificamente poluentes aquáticos, é baseado na tese do aluno egresso do PPGQ Adervando Silva e foi desenvolvido em parceria com o Núcleo de Pesquisa e Extensão de Combustíveis e de Materiais da UFPB, o Lacom.
O Sn³⁺ é uma espécie química formada quando um átomo de estanho (Sn) perde três elétrons, adquirindo uma carga positiva tripla. Essa transformação altera suas propriedades químicas, tornando-o altamente reativo. Essa espécie específica é rara e tem despertado interesse em pesquisas devido ao seu potencial papel em processos catalíticos e de remediação ambiental. Sua descoberta amplia o entendimento sobre os comportamentos químicos de materiais como as perovskitas.
Durante a pesquisa desses fotocatalisadores à base de SrSnO3, foi encontrada essa nova espécie de Sn3+. Pesquisas posteriores demonstraram que esse fotocatalisador de SrSnO3 que contém a espécie de Sn3+ foram extremamente eficazes na degradação de Fármacos bastante utilizados para tratar diversas doenças e que é um poluidor perigoso quando descartado de forma errada nos corpos aquáticos sem tratamento. Os compostos de SrSnO3 contendo Sn3+ também se mostraram potencialmente eficazes em outras aplicações que ainda serão publicadas sob forma de artigo.
O material abordado na literatura tem sido amplamente explorado em aplicações voltadas para mitigar problemas ambientais, como a poluição aquática. Durante a caracterização desse material, conduzida em parceria com a Universidade de Cardiff (País de Gales), os pesquisadores identificaram, pela primeira vez, a presença de espécies de Sn³⁺ [átomos que perderam três elétrons], algo inédito em estudos sobre materiais do tipo perovskita. Essas perovskitas, que possuem uma estrutura cristalina específica do tipo ABO₃ [onde A = Sr e B = Sn], apresentam um potencial significativo para melhorar o desempenho em reações de fotocatálise. Essas reações utilizam luz visível ou ultravioleta como fonte de energia para gerar espécies químicas capazes de reduzir poluentes.
O composto SrSnO₃, em particular, tem se destacado como fotocatalisador na degradação de corantes em meio aquoso, no monitoramento de gases, na quebra de resíduos de fármacos, entre outras aplicações essenciais. Ele desempenha um papel crucial nas reações de fotocatálise ao capturar elétrons, favorecendo a formação de espécies químicas que de fato mitigam os poluentes, como os radicais hidroxila e superóxidos. Durante essas reações, partículas ativas são geradas, promovendo a degradação dos contaminantes. A espécie Sn³⁺, recém-identificada, pode atuar tanto de forma direta quanto indireta no fortalecimento da produção dessas espécies benéficas, potencializando o impacto positivo das reações no ambiente.
“Foi uma sensação indescritível de reconhecimento por todo o trabalho realizado ao longo de vários anos dedicados à pesquisa. Esse prêmio tem um impacto gigantesco tanto para o currículo quanto para o grupo de pesquisa no qual faço parte bem como na divulgação científica de modo geral através da pesquisa”, comentou o pesquisador Adervando Silva.
Para elaboração da tese, Adervando contou com a colaboração de outros agentes: André Oliveira, pesquisador do mesmo Programa de Pós-Graduação, além de Ary Maia e Ieda Santos, sendo as duas últimas também professoras do Departamento de Química (DQ) da UFPB, ligado ao Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN) da Instituição. Além destes, colaboraram também Andrea Folli, Thomas Slater e Francisca Hurdley, da Universidade de Cardiff, no País de Gales.
“Foi muito importante o prêmio recebido pelo Adervando, porque mostra a qualidade do trabalho realizado, que traz informações inéditas sobre o material, publicadas em revista internacional. É muito bom ver que nossos alunos concorrem em pé de igualdade e se destacam entre tantas instituições de pesquisa no Brasil e no mundo”, ressaltou a professora Ieda Santos.
A pesquisa pode ser encontrada no artigo publicado na revista internacional Science Direct.