ECONOMIA
Correios afundam em déficit recorde e correm contra o tempo para evitar um colapso histórico
Os Correios, orgulho nacional em tempos áureos, agora enfrentam um pesadelo financeiro. Entre janeiro e setembro de 2024, a estatal registrou um rombo histórico de R$ 2 bilhões, o maior em sua trajetória. Esse número assustador coloca a empresa a um passo de superar o prejuízo recorde de 2015, de R$ 2,1 bilhões. O cenário, que já era nebuloso, ficou ainda mais comprometido sob a liderança de Fabiano Silva dos Santos, presidente indicado pelo grupo de juristas Prerrogativas, com forte alinhamento político ao presidente Lula.
Para tentar evitar que o barco afunde de vez, a estatal anunciou um teto de gastos de R$ 21,96 bilhões para 2024 e uma série de cortes que não poupam ninguém. Vamos à lista:
- Corte nas Contratações Temporárias: Sem novas mãos para períodos de alta demanda, como o Natal, o impacto nos serviços pode ser sentido diretamente pelo consumidor.
- Renegociação de Contratos: Um pente-fino visa reduzir 10% dos valores contratuais.
- Fim de Contratos sem Economia: Só continua valendo o que for realmente indispensável.
Mesmo com essas medidas, as projeções não são otimistas. Até o final de 2024, o déficit poderá atingir R$ 1,7 bilhão.
Na busca por culpados, os Correios apontam os dedos para trás, mais precisamente para o período de 2019 a 2022, durante o governo Bolsonaro. A atual gestão acusa a administração anterior de deixar um legado problemático. Porém, o período citado foi marcado por lucros em três dos quatro anos, o que lança dúvidas sobre a narrativa oficial.
Outro fator crítico foi à política de tributação sobre compras internacionais, apelidada de “taxa das blusinhas”. A medida, que deveria trazer receita para o governo, acabou minando o fluxo de encomendas internacionais, uma das maiores fontes de receita dos Correios.
E se não bastasse, os Correios ainda assumiram um compromisso bilionário com o Postalis, o fundo de pensão dos funcionários. A estatal aceitou cobrir metade do déficit do plano, algo em torno de R$ 7,6 bilhões.
Fabiano Silva dos Santos não escapou ileso das críticas. Suas decisões têm levantado mais dúvidas do que certezas. Entre elas, a desistência de recursos em processos trabalhistas com valores altíssimos–um de R$ 600 milhões e outro de R$ 400 milhões. Isso chamou a atenção do Tribunal de Contas da União, que já está investigando o caso.
Mesmo assim, a estatal anunciou recentemente um concurso público para 3.511 vagas, com salários que variam de R$ 2.429,26 a R$ 6.872,48. A decisão, vista como uma tentativa de “mostrar serviço” parece desconexa em um momento em que as finanças estão no vermelho.
Os documentos internos da empresa já admitem algo que ninguém quer ouvir: insolvência. Se as medidas adotadas não surtirem efeito, a estatal pode acabar dependendo de um resgate financeiro do Tesouro Nacional–algo que pesa diretamente no bolso do contribuinte.
Com mais de 84.700 funcionários, os Correios estão em uma encruzilhada. Especialistas alertam que o plano de recuperação precisará ser meticuloso e sem margem para erros.
Essa crise vai além das finanças dos Correios. Ela reacende a discussão sobre a viabilidade da gestão estatal em empresas desse porte. Os Correios, que já foram símbolo de eficiência e orgulho nacional, hoje lutam para provar sua relevância em um mercado cada vez mais competitivo e digitalizado.
Resta saber se o Brasil assistirá a mais um resgate bilionário de uma estatal ou se os Correios conseguirão dar a volta por cima e recuperar o que ainda resta de sua credibilidade. O tempo está correndo–e a paciência do brasileiro, também.