ECONOMIA
O sobe e desce dos mercados: Dólar dispara, BC intervém e Ibovespa tenta respirar
Hoje foi dia de montanha-russa no mercado financeiro. O dólar, que já estava esquentando os motores nos últimos dias, resolveu dar mais um salto e atingiu um valor assustador: R$ 6,20 durante a tarde. Não foi só uma pontinha de preocupação, foi um sinal claro de que a desconfiança com a política fiscal do governo Lula está pesando na balança.
O Banco Central, em resposta, vestiu a capa de herói pela quarta vez consecutiva e fez leilões de dólares para tentar segurar o estrago. Apesar do esforço, a moeda americana ainda fechou em alta de 0,10%, marcando R$ 6,0982 na venda — um recorde nominal histórico que só confirma o clima de tensão nos mercados.
Leilões de dólares: o alívio que não resolve tudo
Os leilões do BC funcionam como um respiro para o mercado, mas é como apagar incêndio com balde de água: pode retardar o pior, mas não elimina o problema de base. A intervenção trouxe algum alívio momentâneo, mas não conseguiu impedir que o dólar continuasse sua escalada. No fundo, a história é a mesma: falta confiança. Investidores olham para Brasília e veem incerteza fiscal, promessas infladas e uma sensação de que o governo ainda não conseguiu colocar a casa em ordem.
Ibovespa tenta compensar o pessimismo
Enquanto isso, na Bolsa de Valores, o Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, fez um esforço digno para não ser contaminado pela alta do dólar. Subiu 0,92%, fechando em 124.698,04 pontos. Não é um desempenho extraordinário, mas mostra haver setores se segurando, aproveitando oportunidades pontuais mesmo em um cenário turbulento.
A verdade, no entanto, é que a alta do Ibovespa não anula o desconforto geral. Quando o dólar dispara, o impacto vai muito além dos números do mercado financeiro: mexe com a inflação, afeta preços de importados e pressiona ainda mais um cenário econômico já fragilizado.
Cenário global e incertezas locais
O cenário internacional também não ajuda. O dólar tem se fortalecido globalmente, com investidores buscando ativos considerados mais seguros diante das incertezas globais. Mas, no caso do Brasil, o movimento é agravado pelas nossas próprias questões internas. Promessas de ajuste fiscal que não saem do papel, debates intermináveis sobre reformas e uma gestão que ainda não conseguiu ganhar a confiança do mercado são fatores que jogam lenha na fogueira.
E agora?
A escalada do dólar não é só um número em uma tela. É um termômetro de como o mercado enxerga o futuro da economia brasileira. Por mais que o Banco Central atue, as soluções de curto prazo só maquiam problemas maiores. Sem um plano fiscal claro e sem medidas que sinalizem compromisso com a estabilidade econômica, o dólar continuará instável e os efeitos sobre o bolso dos brasileiros serão inevitáveis.
O governo precisa mais do que discursos para mudar o jogo. E o mercado, como sempre, não perdoa falta de clareza. Hoje foi só mais um capítulo dessa novela tensa entre Brasília e os investidores. Amanhã, novos desdobramentos nos aguardam.