AGRICULTURA & PECUÁRIA
Supersafra de Soja e as expectativas dos produtores
Quanta soja o Brasil vai colher na temporada 2024/25? Até este momento, com as lavouras em pleno desenvolvimento e apresentando condições excelentes quase de norte a sul do Brasil, as projeções ainda variam bastante de uma pra outra, mas todas elas convergem para uma oferta robusta, que deve se configurar como a maior safra da história da sojicultura global.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estimou a colheita brasileira, em seu último reporte mensal de levantamento de safra, em 166,21 milhões de toneladas, em uma área cultivada com a oleaginosa em 47,37 milhões de hectares. Até este momento, este é o número mais conservador entre as expectativas, mas com espaço para ajustes.
Já o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) estima, há meses, uma safra de 169 milhões de toneladas, com os especialistas também sinalizando que os números poderão ser revisados para cima nos próximos meses, ao passo em que o desenvolvimendo das lavouras avança e o potencial da safra fica ainda mais evidente.
Entre as consultorias particulares, os números são semelhantes. A Brandalizze Consulting, por exemplo, estima que o Brasil colha 170 milhões de toneladas. “Até o começo de dezembro nosso número era de 165 milhões, mas com chuvas melhores, elevamos a estimativa”, afirma Vlamir Brandalizze, consultor de mercado.
A projeção de Brandalizze é semelhante à da Pátria Agronegeócios, que também revisou para cima seu último número em relação aos meses passados e agora espera uma safra de 170,41 milhões de toneladas, um aumento de 15,3% em relação ao ciclo anterior. “Após revisão no primeiro levantamento de campo para medição da qualidade vegetal, a Pátria elevou em 4,2 milhões de toneladas as estimativas de produção da soja para 2025”, afirma o time da consultoria.
A Pátria estima a área plantada com soja no Brasil em 47,23 milhões de hectares, 2,61% a mais do que no mesmo período, com produtividade média de 60,13 sacas por hectare, 13% a mais do que há um ano, quando a produção nacional sofreu uma quebra considerável por conta de adversidades climáticas.
A DATAGRO também revisou seus números e agora estima a safra nacional da oleaginosa entre 171 e 171,5 milhões de toneladas. “Em se confirmando essa safra cheia, mesmo com muita demanda interna e muita demanda externa, vai gerar muitos excedentes. Depois de cinco anos de soja fechando com quase zero de estoques, teremos um ano abundância de estoques”, explica Flábio França, chefe do setor de grãos da DATAGRO, Flávio França. E ele ainda chama a atenção do produtor para um perfil diferente da comercialização da safra brasileira 2024/25, portanto, diferente dos demais diante deste quadro.
“Isso deve trazer uma disputa entre os compradores menos agressiva durante a temporada. Por isso que é tão importante o produtor fazer estas travas, estes lotes, usar o mercado futuro, mercado a temer. É importante ele cuidar, porque vai ter uma comercialização menos carregada do lado comprador, menos agressiva do lado comprador. Então, este será o perfil da comercialização”. França acredita que a demanda interna por soja no Brasil poderia registrar um crescimento de até 6%, podendo alcançar 58 milhões de toneladas, e as exportações vivendo um novo salto e registrando algo entre 105 e 107 milhões de toneladas.
O diretor do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa, compartilha da opinião e alerta aos produtores que garantam as oportunidades que se apresentarem ao produtor brasileiro.
“Os relatórios de safras do nosso pessoal que está no campo – Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina – mostram que a safra de soja brasileira vai muito bem e tem um grande potencial. Em partes do Mato Grosso e extremo oeste do Paraná, alguns produtores já estão colhendo com bons resultados e a cada dia que passa, aumenta o potencial. Isso nos facilita fazer uma estimativa hoje em 172 milhões de toneladas”, afirma o especialista.
Com esta projeção para o Brasil – e estendendo o número para 240 milhões de toneladas quando contabilizada ainda as safras da Argentina, Paraguai e Uruguai – a orientação de Sousa é clara. “Diante disso, e considerando o tamanho do consumo estagnado, isso nos autoriza prever soja abaixo de US$ 9,00 por bushel para o contrato maio na CBOT. Qualquer Rally por qualquer motivo, onde uma combinação de preços entre CBOT e dólar, resulte algo acima de R$ 135 a R$ 138 no porto, deve ser analisado. Observamos que o dólar e o potencial da safra têm desvalorizado o nosso prêmio, que hoje é zero, e nada neste momento podemos de maneira inteligente observar, serve como qualquer favorabilidade em termos de preços”.
RELATOS DO CAMPO
E os relatos que chegam do campo vão confirmando todo este potencial produtivo nos principais estados produtores, ao menos até este momento e com as condições climáticas que se apresentam e as que estão previstas.
De Pato Branco, no Paraná, o trader na cerealista R.N. Perusso, Luiz Parsianello, afirmou que as lavouras de soja se desenvolvem muito bem e que o município espera bater recordes de produtividade com a soja 2024/25. A perspectiva é também de produtividade média mais alta em Mato Grosso, sengundo o vice-presidente da Aprosoja-MT, Lauri Jantsch, com o clima favorecendo as lavouras no maior estado produtor de soja do Brasil.
Na região de Laguna Carapã, em Mato Grosso do Sul, há regiões onde a soja perdeu ligeiramente parte de seu força de desenvolvimento por conta das chuvas que estiveram ausentes em uma parte dos estágios iniciais. Veja o que explica Antônio Rodrigues Neto, técnico agrícola da Casa da Lavoura de Dourados.