ECONOMIA
Carta de Galípolo a Haddad: O que há por trás do não cumprimento da meta de inflação em 2024?
“Meta de inflação.” Essa palavrinha mágica que o Banco Central adora repetir, mas que, em 2024, passou longe de ser alcançada. Gabriel Galípolo, presidente do BC, teve que sentar e escrever uma carta para Fernando Haddad, explicando por que a meta de 4,5% ficou no papel enquanto a inflação bateu 4,83%. Parece pouco, mas no mundo das metas isso é como errar um gol sem goleiro.
Galípolo jogou a culpa em três grandes vilões: o câmbio descontrolado, um clima que parece ter pirado e um crescimento econômico que, ao invés de ser comemorado, virou problema. Será que ele convenceu? Vamos dissecar essa história.
Se tem uma coisa que deixa o brasileiro nervoso, é ver o dólar disparar. E foi exatamente isso que aconteceu. O real se desvalorizou mais de 24% entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024. O dólar passou de R$ 4,90 para assustadores R$ 6,10. Resultado? Tudo que vem de fora – de celulares a insumos agrícolas – ficou mais caro. E, como não tem almoço grátis, essa conta foi direta para o bolso do consumidor.
Agora, a pergunta que fica é: o Banco Central estava dormindo enquanto isso acontecia? Cadê o famoso “controle”?
E aí vem o clima, que nunca perde a chance de complicar. Seca no centro-oeste, enchentes no sul. Café, laranja, carne, leite… Tudo subiu. As enchentes no Rio Grande do Sul destruíram plantações inteiras. A seca detonou pastagens. Resultado? Preços lá em cima nos supermercados.
Mas, espera aí: não é de hoje que o Brasil enfrenta esses problemas climáticos. E o planejamento? Não dá para usar o clima como desculpa eterna.
Agora, essa é boa: o crescimento econômico, que deveria ser motivo de festa, também entrou na lista de culpados. Por quê? Porque a demanda interna cresceu. Todo mundo consumindo mais, empresas investindo, economia aquecida… E os preços, claro, subindo junto.
Mas não era para isso ser uma coisa boa? O problema é que crescimento sem controle vira bagunça. Faltou aquele ajuste fino entre oferta e demanda.
Para segurar a inflação, o BC aumentou a taxa Selic para 12,25%. Isso significa crédito mais caro, menos consumo e, em teoria, preços mais baixos. Mas, na prática, o remédio amargo muitas vezes acaba travando a economia. E o pior: não há garantia de que vai funcionar rápido.
O Banco Central já avisou: a partir de agora, vai monitorar a inflação com lupa. Se o IPCA passar do limite por seis meses seguidos, é game over para a meta. As previsões dizem que 2025 podem fechar perto dos 4,5%. Parece promissor, mas promessas o BC já fez muitas.
No fim das contas, a carta de Galípolo é mais um daqueles documentos que explicam muito e resolvem pouco. Fica claro que o Banco Central está tentando se ajustar, mas a sensação de descontrole ainda paira no ar. A pergunta que não quer calar: vamos mesmo aprender com os erros ou 2025 será mais um ano de desculpas?