Internacional
Prefeito alemão é investigado por furar fila da vacinação
Bernd Wiegand admitiu ter sido vacinado, mas alegou que queria evitar desperdício de supostas doses excedentes. Caso não é o primeiro registrado no país europeu
A polícia alemã fez buscas na prefeitura da cidade de Halle, localizada no centro da Alemanha, na segunda-feira (22/02), após relatos de que autoridades e funcionários municipais furaram a fila da campanha de vacinação contra a covid-19. Atualmente estão sendo vacinados no país profissionais da área da saúde, idosos e pessoas com doenças pré-existentes.
Autoridades alemãs do estado da Saxônia-Anhalt, no qual está localizada Halle, acusaram o prefeito Bernd Wiegand de violar a diretiva nacional de vacinação em pelo menos 585 casos. Segundo promotores, o político está sendo investigado por apropriação indevida de itens fornecidos pelo Estado.
O prefeito de Halle admitiu ter furado a fila de vacinação, mas nega as acusações de irregularidades alegando que tomou e distribui doses da vacina para funcionários da prefeitura em janeiro para evitar o desperdício de doses.
Wiegand declarou que o fato de ele e outros com funcionários municipais terem sido vacinados em janeiro era apropriado porque pessoas do grupo prioritário não puderam ser encontradas. O prefeito afirmou que entre os 29 que foram imunizados antecipadamente estão secretários municipais e membros da equipe de gerenciamento de crises.
Ao justificar a manobra, Wiegand tentou ainda colocar a culpa na secretária estadual de Saúde por supostamente não ter determinado o que deveria ter sido feito com as doses que não foram aplicadas.
A promotoria contesta, porém, as alegações de Wiegand e afirma que as sobras de doses devem ser aplicadas seguindo a ordem de grupos prioritários estipulada pelo governo federal.
O prefeito também é alvo de uma investigação a nível estadual que apura se ele violou deveres do serviço público “com declarações inverídicas”.
Outros casos de “fura-filas” na Alemanha
O caso na prefeitura de Halle não é o primeiro na Alemanha em que funcionários governamentais furam a fila na vacinação contra a covid-19. O prefeito da cidade de Hennef, Mario Dahm, de 31 anos e no cargo desde novembro de 2020, recebeu a primeira dose em 1º de janeiro num lar de idosos. Dahm já recebeu a segunda dose. Ele também alegou que as doses excedentes teriam que ser descartadas.
Seu antecessor, o ex-prefeito Klaus Pipke, de 54 anos e atualmente chefe da Cruz Vermelha Alemã em Hennef, também foi vacinado, mas se mostrou arrependido. “Hoje, eu não tomaria a vacina. Foi imprudente”, disse.
Em Hamburgo, diversos funcionários públicos também furaram a fila, entre eles o chefe da academia do Corpo de Bombeiros e o chefe local da Cruz Vermelha, incluindo esposas.
Em Oberhausen, a Igreja Nova Apostólica, uma comunidade religiosa com cerca de 330 mil membros na Alemanha, administra um lar de idosos. O apóstolo distrital Rainer Storck e sua esposa, ambos com idade bem abaixo do limite, receberam a vacina em 1º de janeiro.
Estes são apenas alguns dos relatos de furadores de fila na Alemanha. Uma pesquisa da Agência Alemã de Imprensa descobriu casos em pelo menos nove estados: Saxônia-Anhalt, Baixa Saxônia, Baviera, Renânia-Palatinado, Hamburgo, Saxônia, Bremen, Renânia do Norte-Vestfália e em Hessen.
Entre os acusados estão políticos regionais, clérigos e policiais. As justificativas basicamente apontam para o uso de sobras e impedir o desperdício. A sequência das vacinações contra a covid-19 é claramente regulamentada na portaria de vacinação contra o coronavírus do Ministério da Saúde.