Internacional
Alemanha monitora cepa com mutações de três variantes
País acompanha com atenção chegada da variante B.1.525 do coronavírus, similar à britânica, mas que possui elementos também das mutações das cepas brasileira e sul-africana
A Alemanha monitora a chegada de uma nova variante do coronavírus, que combina mutações das cepas britânica, brasileira e sul-africana. Especialistas investigam se ela pode ser mais resistente a vacinas e acreditam que ela é mais contagiosa.
A variante B.1.525 já foi identificada em vários países, como Nigéria, Reino Unido e Dinamarca. Na Alemanha, o primeiro caso foi confirmado no dia 8 de março, num aeroporto de Berlim, e ainda não há sinais de que ela tenha se espalhado.
Por isso, ela não está ainda na lista de variantes que preocupam elaborada pelo Instituto Robert Koch (RKI), a autoridade epidemiológica alemã. Por enquanto, a B.1.525 está “sob observação”. Mas isso, segundo a entidade, pode mudar rapidamente.
A B.1.525 é semelhante à chamada variante britânica, mas apresenta mutação parecida na proteína spike (usada como porta de entrada para infectar as células) com as das variantes descobertas pela primeira vez na África do Sul e no Brasil.
Essa mutação, acreditam os especialistas, torna a variante significativamente mais contagiosa. A variante foi detectada em cerca de 20 países, com um total de quase 280 casos, a maior parte na Nigéria.
Mais contagiosa
Até agora, pouco se sabe sobre a nova variante. Acredita-se, com base em estudos já feitos com outras mutações, que ela possa ser mais transmissível e também mais resistente a anticorpos. O Departamento de Saúde do Reino Unido classifica a B.1.525 como uma “variante preocupante”.
“É provável que a B.1.525 possa infectar pessoas que tenham passado por uma doença leve derivada de Sars-CoV-2 e que tenham até níveis moderados de anticorpos. Quem recebeu a vacinação completa, porém, deve, ao menos num futuro próximo, estar suficientemente protegido”, disse o virologista alemão Friedemann Weber à emissora pública ZDF.
A B.1.525, ao contrário da variante britânica, tem uma mutação adicional, a chamada E484K. Esta mudança no genoma do vírus é conhecida nas variantes sul-africana e brasileira e está associada a uma resposta imunológica reduzida em humanos.
É uma mutação, segundo Weber, “que diminui o efeito dos anticorpos terapêuticos, mas também pode reduzir o efeito dos anticorpos provenientes de vacinas ou de uma infecção passada”.
Milhares de variantes, mas poucas mais perigosas
A variante ainda é pouco difundida na Alemanha. De acordo com o Instituto Robert Koch, a proporção de infecções por B.1.525 entre 18 de janeiro e 21 de fevereiro estava entre 0,1% e 0,5%.
Cerca de 4 mil variantes do novo coronavírus já foram detectadas. Mas, segundo especialistas, poucas deverão ser capazes de influenciar o curso da pandemia.
“Entre as numerosas variantes do Sars-CoV-2 que foram detectadas, apenas uma proporção muito pequena desperta preocupação para a saúde pública”, escreveu o Anthony Fauci, assessor do governo americano, em carta aberta publicada na semana passada na revista científica Jama.
As variantes inglesa, sul-africana e brasileira, no entanto, todas compartilham uma mutação particular – chamada N501Y – que tem efeitos para a propagação do vírus. A mutação ocorre na proteína spike, o que a torna mais eficaz na ligação com células receptoras humanas. Como resultado, estas cepas são mais infecciosas.