Internacional
SAS britânico e Commandos Portugueses refoçam ações contra o ISIS em Moçambique
Um esquadrão do Serviço Aéreo Especial (SAS) do Reino Unido foi enviado a Moçambique para procurar um cidadão britânico que desapareceu durante o recente ataque mortal do ISIS na província de Cabo Delgado, no nordeste do país.
Na semana passada, os terroristas invadiram a cidade de Palma de diferentes direções, inclusive por meio de barcos. Mais de 55 membros das Forças Armadas de Moçambique e residentes locais foram mortos. O ISIS divulgou imagens mostrando seus combatentes dentro da cidade.
Terroristas do ISIS também emboscaram um grupo de pessoas que deixou o hotel Amarula em Palma. Um cidadão britânico, Adrian Nel, foi morto na emboscada.
O SAS estará procurando o segundo homem britânico, Phil Mawer, que desapareceu durante a mesma emboscada. As forças especiais foram enviadas de uma base em Nairóbi, Quênia. Existem especulações que o homem desaparecido possa ser algum agente de inteligência, pois o esforço para a busca e salvamento do mesmo é considerada de grande importância.
Portugal também anunciou recentemente o envio de militares no início de abril para Moçambique, onde vão à princípio apenas treinar as tropas locais. Está a ser finalizado um acordo bilateral que prevê um total de 60 militares das Forças Especiais Portuguesas para Moçambique.
O ataque do ISIS forçou o grupo de energia francês Total a suspender os trabalhos no maior complexo de processamento e liquefação de gás natural no sul da África, perto de Palma.
Milhares de pessoas, incluindo especialistas estrangeiros que trabalham no projeto de Total, que escaparam do ataque em Palma chegaram à ilha vizinha de Pemba. Até 10.000 outras pessoas aguardavam a evacuação. PMC’s do Dyck Advisory Group, Exercitus Group e GardaWorld estão ajudando na evacuação.
O ataque do ISIS a Palma provavelmente atrapalhará o projeto da Total por um tempo. As tropas do governo e seus patrocinadores estrangeiros precisarão fazer alguns esforços sérios para recapturar e proteger a cidade.
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Os primeiros elementos do contingente português que vai ajudar na formação das forças militares moçambicanas partirão na primeira quinzena de abril, confirmou o Ministério da Defesa Português.
O envio deste contingente de 60 militares portugueses, das forças especiais, é enquadrado pelo novo acordo-quadro de cooperação bilateral que está a ser ultimado pelos ministérios português e moçambicano, disse fonte da tutela.
Em entrevista divulgada no passado dia 17 de fevereiro, o ministro português, João Gomes Cravinho, estimou em cerca de 60 militares o contingente de “forças especiais” que será destacado para Moçambique, auxiliando pela via da formação e preparação o país africano no combate ao terrorismo.
“O que vamos destacar são formadores para formar fuzileiros e comandos. São militares que têm essas valências, forças especiais”, disse na altura Gomes Cravinho, frisando que decorre o planeamento com as autoridades moçambicanas.
O ministro da Defesa de Moçambique já havia sinalizado ao governo português a intenção de visitar Portugal, mas ainda não há datas previstas, de acordo com a mesma fonte.
Sobre o novo acordo-quadro para a cooperação técnico-militar entre Portugal e Moçambique, para vigorar nos próximos três anos, Gomes Cravinho precisou que não contempla grandes alterações de conteúdo, mas representa uma “intensificação” da cooperação com este país, na sequência do atual contexto de ameaças.
A cooperação técnico-militar entre Portugal e Moçambique existe desde 1988.
Quanto aos locais de trabalho, está previsto que os militares portugueses estarão no sul do país, perto de Maputo, e no centro, disse então o ministro da Defesa português.
A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, tem sido alvo de ataques terroristas e o último aconteceu no passado dia 24, em Palma, em que dezenas de civis foram mortos, segundo o Ministério da Defesa moçambicano.
A violência está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes. O movimento terrorista Estado Islâmico reivindicou na segunda-feira o controlo da vila de Palma, junto à fronteira com a Tanzânia.
Vários países têm oferecido apoio militar no terreno a Maputo para combater estes insurgentes, cujas ações já foram reivindicadas pelo autoproclamado Estado Islâmico, mas, até ao momento, ainda não existiu abertura para isso, embora haja relatos e testemunhos que apontam para a existência de empresas de segurança e de mercenários na zona.