Internacional
Enchentes prendem centenas em metrô e deixam mortos na China
Chuvas recordes assolam a metrópole de Zhengzhou. Mais de 500 pessoas são resgatadas de vagões e túneis do metrô alagados, e 200 mil são obrigadas a deixar suas casas. “A situação é extremamente grave”, diz presidente
Chuvas recordes causaram inundações massivas na metrópole chinesa de Zhengzhou, capital da província de Henan, no centro da China. Nesta quarta-feira (21/07), as autoridades locais reportaram 25 mortes, mas há temores de que mais corpos sejam encontrados – sete pessoas estão desaparecidas.
As enchentes transformaram ruas em rios e inundaram o metrô da cidade, deixando centenas de pessoas presas em trens e nos túneis. Mais de 500 teriam sido resgatadas.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram uma estação transformada numa gigante piscina e passageiros dentro de um vagão com a água na altura do peito. Socorristas tiveram que romper o teto do trem para salvar as pessoas, segundo a mídia local.
Outras imagens mostram pedestres sendo resgatados em meio à correnteza em ruas da cidade às margens do rio Amarelo. Pelo menos quatro pessoas morreram na cidade vizinha de Gongyi, onde casas e muros desabaram. A agência de notícias Xinhua acrescentou que as chuvas causaram vários deslizamentos de terra na região.
Uma barragem se rompeu, e cerca de 200 mil moradores da metrópole de 10 milhões de habitantes tiveram que deixar suas casas. Entre eles havia cerca de 600 pacientes gravemente enfermos de um hospital da Universidade de Zhengzhou.
Soldados foram acionados para reforçar com sacos de areia o leito de um rio próximo à barragem rompida. Segundo a agência de notícias Xinhua, as Forças Armadas enviaram 5.700 soldados para operações de resgate e limpeza, e também foram alocados 1.800 bombeiros.
Na manhã desta quarta-feira, o Exército chinês comunicou ter realizado operações com explosivos na barragem e que as tropas “abriram com sucesso um novo desvio de inundação” – as medidas fizeram com que o nível da água caísse, e o “perigo foi efetivamente controlado”.
As chuvas também deixaram vários edifícios residenciais sem água e eletricidade em Zhengzhou, além de paralisar o transporte público e forçar o cancelamento de centenas de voos, rotas de ônibus e trens.
Hospitais e escolas ficaram ilhados, com crianças impedidas de voltar para casa desde terça. Moradores afetados pelas enchentes se abrigaram em bibliotecas, cinemas e museus.
As autoridades emitiram o mais elevado nível de alerta para a província de Henan, que continua sendo assolada por chuvas. A previsão é que as precipitações continuem pelos próximos três dias. Outras cidades da província também foram alagadas.
Também foram emitidos alertas sobre o possível rompimento de outras barragens.
Chuva de oito meses em três dias
Segundo as autoridades, as chuvas na região foram as mais intensas desde que tiveram início os registros, há 60 anos. Em Zhengzhou, choveu em apenas três dias o equivalente à média de precipitação em oito meses. As chuvas foram causadas pelo tufão In-Fa, que também causou um clima turbulento nas províncias de Zhejiang e Fujian.
“Esta é uma chuva que se vê uma vez em cem anos. A situação é sombria”, afirmou o centro de controle de inundações de Zhengzhou. Já a mídia local citou meteorologistas que teriam dito se tratar de um nível de precipitação visto uma vez a cada mil anos.
Soldados foram acionados para reforçar com sacos de areia o leito de um rio próximo à barragem que se rompeu. Também foram emitidos alertas sobre o possível rompimento de outras barragens.
O presidente chinês, Xi Jinping, descreveu a situação como extremamente grave. “Alguns reservatórios romperam […] causando ferimentos graves, mortes e danos materiais. Já entramos num estágio crítico de controle de enchentes”, afirmou. “Salvar vidas é a principal prioridade.”
Fortes tempestades também foram registradas no sul da China, onde outro tufão, chamado Cempaka, atingiu a costa perto da cidade de Yangjiang, na província de Guangdong, com ventos de até 110 quilômetros por hora. Houve também inundações no norte da China, na província da Mongólia Interior. Os danos à agricultura foram estimados em cerca de 84 milhões de dólares.
Inundações anuais durante a estação chuvosa costumam afetar ruas, plantações e residências na China. Mas a ameaça aumentou ao longo das décadas, em parte devido à construção de barragens e diques que interromperam as conexões entre o rio Amarelo, o segundo mais longo da China, e lagos adjacentes.