Internacional
Chefe dos Jogos de Tóquio não descarta cancelamento
Líder do comitê organizador afirma que se manterá atento aos números da covid-19 e que prosseguimento do evento, com abertura marcada para esta sexta, poderia ser rediscutido. Infecções estão em alta no Japão
O chefe do comitê organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio, Toshiro Muto, afirmou nesta terça-feira (20/07) que não descarta o cancelamento do megaevento caso os casos de covid-19 aumentem acentuadamente.
Às vésperas dos Jogos, mais atletas testaram positivo para o coronavírus, e patrocinadores cancelaram sua presença na cerimônia de abertura, marcada para sexta-feira. O evento está planejado para ir até 8 de agosto.
Questionado se o evento ainda poderia ser cancelado, Muto afirmou que vai se manter atento aos números da covid-19 e que conversaria com os outros organizadores caso necessário.
“Vamos continuar as discussões se houver um pico nos casos”, disse Muto. “Concordamos que, com base na situação do coronavírus, convocaremos novamente conversações. Neste momento, os casos de coronavírus podem subir ou descer, então pensaremos sobre o que devemos fazer quando a situação surgir.”
A alta nas infecções pelo coronavírus ofuscaram o evento, que, após ser adiado por um ano devido à pandemia, agora será realizado sem espectadores. Organizadores decidiram neste mês que os atletas competiriam em locais vazios para minimizar os riscos de contágios.
Desde o dia 1º de julho, houve 67 casos de infecções pelo coronavírus entre pessoas acreditadas para os Jogos, afirmaram organizadores nesta quinta.
O Japão – cujo programa de vacinação está atrás do da maioria dos países desenvolvidos – registrou mais de 840 mil casos e mais de 15 mil mortes por covid-19 desde o início da pandemia. A cidade-sede dos Jogos Olímpicos, Tóquio, vive um novo surto da doença, com 1.387 infecções registradas nesta terça.
“Bolha” olímpica
A maioria da população japonesa é contra a realização do evento, em meio a preocupações com uma alta dos casos devido a participantes vindos do exterior.
Uma pesquisa recente publicada no jornal Asahi apontou que 68% dos entrevistados manifestaram dúvida sobre a capacidade dos organizadores dos Jogos de controlar as infecções pelo coronavírus, e 55% se disseram contra a realização do evento.
O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, afirmou que cancelar os Jogos nunca foi uma opção, e os organizadores prometeram manter o evento seguro.
No entanto, especialistas apontam lacunas na chamada “bolha” olímpica, que exige testes frequentes para o coronavírus e foi concebida para limitar a circulação de atletas.
Kenji Shibuya, ex-diretor do Instituto de Saúde Pública do King’s College de Londres, afirmou que o sistema de bolha já é em certa medida falho. “Minha principal preocupação é, é claro, que haja um foco de infecções na vila olímpica ou em alguma acomodação e na interação com a população local”, disse.