Internacional
O Vaticano começou o primeiro julgamento de um cardeal na história
O grupo de réus é acusado de crimes financeiros e abuso de poder
OVaticano começou nesta terça, 27, o primeiro julgamento de um cardeal na história: durante a primeira audiência, que durou 7 horas, foi ouvida a acusação contra os réus, a quem se atribuem crimes financeiros que, no entanto, todos eles refutam.
Entre os réus está o cardeal Angelo Becciu, que, até 2015, ocupou o cargo de substituto da Secretaria de Estado da Santa Sé. As alegações contra ele incluem desvio de fundos, abuso de poder e o escândalo da compra de um prédio de luxo em Londres.
Embora “o primeiro julgamento de um cardeal na história” seja a manchete mais chamativa nos veículos de imprensa, Becciu não é o único réu neste processo.
O grupo dos acusados também inclui:
Os empresários italianos Raffaele Mincione e Gianluigi Torzi, por intermediação da compra desse mesmo imóvel, e o advogado Nicola Squillace, contratado por Torzi. Eles respondem por alegações de desvio de dinheiro.
Fabrizio Tirabassi, responsável por investimentos da Secretaria de Estado, e monsenhor Mauro Carlino, funcionário da mesma secretaria, são acusados de corrupção, extorsão, desvio de fundos, fraude e abuso de poder.
René Brülhart e Tommaso Di Ruzza, ex-presidente e ex-diretor da Autoridade de Informação Financeira (AIF), órgão vaticano de combate à lavagem de dinheiro, respondem por alegações de abuso de poder, desvio de função e violação de confidencialidade. Brülhart teria prestado consultoria à Secretaria de Estado ao mesmo tempo em que presidia a Autoridade de Informação Finanaceira, o que, segundo o seu advogado, era um acordo legítimo e aprovado pela própria Secretaria de Estado.
Cecilia Marogna, consultora italiana de segurança, é acusada de desvio de fundos por ter recebido meio milhão de euros da Secretaria de Estado através do cardeal Becciu. Ela afirma que se tratou de um pagamento para criar dossiês incriminatórios contra pessoas do Vaticano, o que Becciu nega.
Os três juízes do tribunal de primeira instância do Estado da Cidade do Vaticano, encarregados do caso, são leigos nomeados pelo Papa Francisco. O promotor italiano aposentado Giuseppe Pignatone preside o tribunal. Os outros juízes são Carlo Bonzano e Venerando Marano.
Os promotores são Alessandro Diddi e Roberto Zannotti.
Nenhum dos réus se declara culpado. Brülhart, Di Ruzza e o cardeal Becciu afirmam que provarão sua inocência perante o tribunal.
Segundo o Vatican News, a próxima audiência está marcada para 5 de outubro.