Saúde
Medicamento tem farol próprio que acende no corpo para matar tumores
Outra pesquisa na mesma área mostrou que uma substância ativada por luz destrói o tumor e pode até imunizar contra cânceres futuros.
Terapia fotodinâmica
As terapias e os medicamentos devem ser altamente eficazes e o mais isentos possível de efeitos colaterais.
Esse é um desafio particularmente grande no caso do câncer, quando não há opção entre usar ou não usar a terapia ou o medicamento porque abrir mão deles pode significar a morte do paciente.
É por isso que há tanto esforço no desenvolvimento de terapias menos agressivas – todos conhecem bem os efeitos colaterais danosos das quimioterapias e radioterapias, por exemplo. Uma dessas alternativas é a terapia fotodinâmica, na qual o medicamento é enviado até o tumor e só ativado lá, pela aplicação de uma fonte de luz.
O grande inconveniente é que essas terapias são largamente limitadas a tumores superficiais, como o câncer de pele, devido à impossibilidade de iluminar os tumores internos.
A boa notícia é que uma equipe de pesquisa chinesa desenvolveu agora uma nova forma de terapia fotodinâmica para o tratamento de tumores profundos que funciona sem a necessidade da irradiação externa.
A fonte de luz é embutida na própria droga e é “ligada” seletivamente no microambiente dos tumores.
Medicamento inteligente com faróis
Na terapia fotodinâmica clássica, o paciente toma um fotossensibilizador projetado para se acumular no tumor. Quando a região onde o tumor está localizado é irradiada com luz, o fotossensibilizador é energizado e transfere parte da energia absorvida para as moléculas de oxigênio, criando espécies reativas de oxigênio – os famosos e um tanto injustiçados radicais livres – que destroem as células tumorais.
Uma equipe liderada pelos professores Xiaolian Sun (Universidade Farmacêutica da China) e Guoqiang Shao (Universidade Médica de Nanjing) desenvolveu agora uma nova terapia fotodinâmica que dispensa a luz externa.
A irradiação externa é dispensada porque o fotossensibilizador traz consigo sua própria lâmpada e a acende por conta própria assim que atinge o tumor.
Esse medicamento “inteligente” consiste em quatro componentes ligados em uma única molécula: Um fotossensibilizador (pirofeoforbida-a), um sensor de pH (grupo di-isopropilamino), um polímero (polietilenoglicol) e a “lâmpada” (o aminoácido tirosina carregando um isótopo radioativo iodo-131).
Nos valores de pH dos tecidos saudáveis, as moléculas ficam fortemente agregadas em nanopartículas. Nesta forma compacta, a lâmpada fica desligada e o medicamento não tem efeito. No entanto, o tecido tumoral tem um valor de pH um pouco mais ácido. Este ambiente faz com que o sensor de pH mude de estrutura e as nanopartículas se desfaçam – a irradiação é ligada e começa a produzir as espécies reativas de oxigênio, matando as células tumorais.
Em culturas de células e em modelos animais, a nova droga demonstrou uma forte inibição dos tumores, com baixa toxicidade e efeitos colaterais mínimos sobre os tecidos saudáveis. Ainda não há previsão do início dos testes em seres humanos.
Outra pesquisa na mesma área mostrou que uma substância ativada por luz destrói o tumor e pode até imunizar contra cânceres futuros.