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CIÊNCIA & TECNOLOGIA

Tentei migrar do Android para o iPhone; eis o que aprendi

Após uma vida inteira no Android, iniciada com um Motorola Defy, decidi experimentar os tão elogiados iPhones. Saindo de um Galaxy S20, essa experiência começou pelo iPhone 12 mini, mas logo evoluiu para o iPhone 12 Pro.

Mas por quê?

Minha principal motivação para essa migração certamente foi o feedback dos usuários do iOS ao meu redor. O número razoavelmente menor de inovações do iPhone 13 frente a geração passada também ajudou — não senti estar comprando smartphones que do dia para noite diminuíram seu apelo em termos de recurso ou performance.

As boas-vindas

A recepção não foi muito calorosa — e tende a ser assim com basicamente qualquer smartphone no futuro. Como muitos sabem, os iPhones não incluem mais carregador ou fones de ouvido na caixa. Essa foi a primeira vez que comprei um celular que não contemplou no kit básico nenhum desses acessórios — que acabam sendo mimos bem-vindos para o usuário

Todavia, isso não aconteceu por falta de aviso. A mudança da empresa foi amplamente divulgada e Tim Cook as justificou por preocupações com o meio-ambiente — por mais que o pano de polimento da companhia venha em uma caixa desproporcionalmente grande. Mesmo assim, não dá para negar um certo desprestígio na impressão imediata do produto.

Tirando da caixa

É inegável que o design do iPhone surpreende pela sofisticação. O retorno das laterais retas se tornou tendência novamente, e as bordas simétricas são algo que as fabricantes do Android estão correndo para fazer também. As bordas frontais da linha iPhone 12 são discretas, e tornam ele uma peça de design bem especial, preocupação que a Apple não nega ter com seus produtos.

O módulo de câmeras repete o layout do iPhone 11, e já se tornou uma característica da empresa — discretamente ajustada com a chegada do iPhone 13. A pegada foi boa com ambos os modelos, mas o primeiro estranhamento veio com algo que não é visto há anos no Android…

Notch e barra de status

Entalhes ainda estão presentes nos celulares da Apple sob a justificativa de embutir o Face ID. Não falamos do mero reconhecimento facial por câmera fotográfica frontal. Aqui, há hardware dedicado para biometria facial, muito mais segura que os métodos atualmente disponíveis em smartphones Android, e capaz de funcionar em basicamente qualquer ambiente.

Estamos vendo a Apple fazer celulares com o recurso desde o iPhone X, e assim já nos acostumamos com a ideia de ter este pedaço do display engolido pelo notch. O que mais me incomodou, porém, foi o aproveitamento ruim do display dos lados do entalhe.

Mesmo no iOS 15, eu só podia visualizar hora, se o GPS estava em uso, sinal do celular, do Wi-Fi, e o indicador de bateria. Pode ser apenas uma frustração enquanto ex-usuário do Android, mas me causou aflição não ter, ali, o mínimo alerta de um e-mail novo, mensagem no WhatsApp, ou atualização do Twitter.

Tudo isso precisaria ser verificado na área exclusiva de notificações, sendo essa basicamente a tela de bloqueio. O que me levou a outro estranhamento.

Notificações

Ok, muitos podem pensar que não é importante ter notificações na barra de status do iPhone como ocorre no Android. Afinal, ao usarmos o iOS, na tela de bloqueio já temos acesso às principais atividades ainda não visualizadas pelo usuário.

Além desta tela, puxando o display de cima para baixo a partir da esquerda somos levados a um painel de notificações similar à tela de bloqueio. O estranho aqui foi ficar com a impressão de que eu sempre era jogado para a tela de bloqueio novamente. Não é como se puxássemos um painel realmente rápido para verificações já que até a tela é trocada para o wallpaper que definimos para o celular.

Outro aspecto complicado dessa experiência envolveu ter que puxar a tela pelo movimento contrário, de baixo para cima, para retornar ao uso normal. Aqui falamos de um detalhe — mas que pode fazer a diferença. Quando migrei do iPhone 12 Mini para o iPhone 12 Pro ficou mais difícil fazer esta operação com uma mão só, pois é realmente necessário alcançar a margem inferior com o dedo e arrastá-la para cima — sendo preciso para isso dar equilíbrio ao celular com uma mão dedicada à sua sustentação.

Tela de bloqueio

O Face ID funciona muito bem. Nas poucas vezes que falhou comigo, tão logo o iPhone pediu meu PIN, ele liberou o acesso antes do término da digitação por realizar mais uma tentativa de biometria facial neste processo.

No Android estava habituado a celulares com biometria digital, fosse na lateral ou integrada à tela. E por mais que eu não tenha problemas com o reconhecimento facial, um ponto chato da experiência foi não encontrar a possibilidade deste desbloqueio me levar diretamente à área de trabalho.

Assim, novamente eu esbarrava no mesmo problema da área de notificações. Eu conseguia tirar o celular do bolso com uma mão e desbloqueá-lo só de apontar para o meu rosto — mesmo que em ângulos nem sempre favoráveis. Mas para retornar ao app que eu estava utilizando, ainda precisava arrastar aquela quase arrogante touch bar na margem inferior, tarefa árdua para uma única mão (ao menos a minha).

A saga da touch bar

Nos primeiros dias eu não poderia imaginar que uma das minhas principais reclamações envolveriam a navegação por gestos — ao menos da maneira que a Apple propõe. A coragem da empresa de abandonar o botão físico clássico é elogiável, mas não dar algumas liberdades ao usuário é passível de crítica.

Touch bar tende a tomar espaço importante da interface em vez de se sobrepor

No Android, por exemplo, eu tenho a opção de usar ou não o recurso visual de uma barra de navegação para guiar meus toques. Ótimo para quem ainda está aprendendo ou tem dificuldades maiores para compreender a navegação sem botões.

Como usuário avançado, eu gostaria de poder ocultá-la pois já sei todos os movimentos para retornar a um app, ir para a área de trabalho, ou abrir o gerenciador de janelas. É-me inútil contar com este recurso na tela — que não apenas se torna desnecessário, como prejudica a proporção de tela dos apps.

Interface mais achatada que o previsto

Quando migrei do iPhone 12 Mini para o iPhone 12 Pro, acreditei que meu problema com a versão menor era a tela pequena. Não era, pois meu incômodo persistiu no modelo de 6,1 polegadas.

Eu acreditava haver pouco espaço para ler textos ou rolar feeds de redes sociais em uma tela de 5,4 polegadas. Mal cabia um tweet completo por vez na interface. Mas esse comportamento se repetiu. E então notei que, apesar da proporção de tela em 19,5:9 dos iPhone 12, eles passavam longe de entregar o mesmo aspecto de tela para os aplicativos.

Isso acontecia porque, claro, a proporção considera a área reduzida de tela ao redor do notch — pouco ou nada aproveitada pelos aplicativos por questões razoavelmente óbvias. Mas havia outros dois agravantes: a touch bar inferior se reserva, na maioria dos apps, ao direito de obter uma fatia exclusiva da tela para si, em vez de simplesmente funcionar como uma sobreposição e deixar um software se esticar até a borda inferior.

E o pior: ainda abaixo do notch, o sistema reserva um discreto filete da tela para outras operações de sistema — como exibir um atalho para retornar ao app anterior (que simplesmente já poderia ser acessado arrastando a touch bar para a direita!).

Ou seja, graças a essas reservas de espaço do iOS, eu efetivamente estava lidando com apps que abriram em proporções inferiores a 18:9 — talvez até em 16:9! E se o mercado de celulares hoje chega até a displays com 21:9 é por algum motivo. E eu, como usuário, entendo que proporções elevadas são mais benéficas para meu uso, simplesmente por caber mais elementos em um app, mais conteúdo de um feed de notícias ou de rede social, ou mais texto de um artigo — tudo contribuindo para uma pegada mais suave do smartphone e esforço visual vertical — e não horizontal.

Teclado

Algo que acaba prejudicando um pouco mais o aproveitamento da tela é o espaço reservado para o teclado. Ele conta com uma enorme faixa cinza abaixo das teclas, com atalhos para outros estilos de teclado e digitação por voz.

Acontece que mesmo desativando estes recursos, a faixa cinza continua ali, ocupando um espaço importante que, por exemplo, em chats, poderia ser aproveitado para a exibição de mais mensagens.

É compreensível que, aqui, a Apple tenha feito isso justamente para melhorar a digitação e segurança do celular. Isso porque o posicionamento colado à borda inferior exige que os dedos sejam levados com maior dificuldade até às letras. Algo que com uma mão só ficaria ainda mais difícil, talvez exigindo posição pouco anatômica da mão.

Mesmo assim, existem mãos e mãos. Seria interessante, mais uma vez, que houvesse liberdade do usuário para ajustar isso. Com o tempo até fui capaz de tolerar a presença daquela grande barra cinza de pouco uso ali. Mas sempre torcendo para que um dia fosse possível eliminá-la.

Ausência de multijanelas

Ok, talvez você não queira trabalhar com mais de um app na tela do iPhone 12 Mini, iPhone 13 Mini, ou iPhone SE (2020). Mas existem telas maiores, e todo smartphone da Maçã tem poder de sobra para executar dois softwares ao mesmo tempo, em primeiro plano — e é uma pena que isso ainda não seja possível.

Eu vejo (e tenho) várias utilidades para isso. Desde assistir a um clipe enquanto rolo o Reddit ou Twitter, até para assistir canais de notícias enquanto visito um fórum de promoções. O PiP do YouTube — que chega atrasado ao iOS — é um paliativo para este problema, e mesmo assim para quem paga o Premium e pensa em multijanelas para consumo de mídia.

Tudo bem que a Apple tem o iPad e sabe que ele é o melhor para produtividade. Mas muitas vezes, por sermos surpreendidos ou conveniência, queremos que o celular possa ser um pouco mais versátil no dia a dia. E hardware para isso eles possuem.

Difícil com uma mão só

Boa parte das dificuldades citadas contribuem para esta conclusão: a interface do iOS parece ainda não estar projetada para lidar bem com o uso por uma mão só. Mesmo que 3 dos 4 iPhone 12 sejam compactos, muitas vezes, por segurança ou praticidade, vai ser melhor operá-lo com as duas mãos.

Muitas vezes para sair de um app da Apple o atalho para retornar à tela anterior era encontrado no topo do aplicativo. Mesmo o WhatsApp segue caminho parecido. E em software de mensagem, arrastar a margem esquerda para a direita pode rolar para mensagens clicadas anteriormente, em vez de retornar à tela anterior.

E tanto puxar a touch bar para os lados, como clicar no atalho logo abaixo do notch, te levam ao app anterior. Ou seja, sua mão “extra” não será poupada para lidar com a interface dos iPhones mais recentes.

Alguns podem declarar que empurrando a touch bar para baixo, o iOS compacta o app para rodar apenas na porção inferior da tela, facilitando a operação. Mas sou obrigado a discordar: este acaba sendo um truque ativado basicamente quando queremos de fato clicar em um botão superior, e tão logo o fazemos, voltamos ao uso em tela cheia. Afinal, os aplicativos rodam exibindo pouquíssimo conteúdo desta forma.

Mesmo para abrir o gerenciador de janelas é necessário arrastar da margem inferior até quase o meio da tela. Por que não, simplesmente, me deixar fazer o gesto de jogar para cima em um movimento bem mais curto? Ambos produzem o mesmo caminho no display, só que de maneira mais simples — e mais fácil para uma mão só.

A área de trabalho

O design de ícones e da área de trabalho do iOS sempre causou inveja a muitas marcas rivais, mas passado tanto tempo, é curioso que a maior inovação da empresa para esta área do sistema sejam os widgets.

Bonitos, funcionais e bem integrados, certamente eles trazem novos ares. Mas creio que a Apple precise ir além em termos de personalização já que não permite launchers de terceiros — apps que modificam radicalmente a área de trabalho. Mesmo que tenha se torna possível tirar alguns aplicativos do desktop, ainda é necessário que eles se enfilerem do topo para baixo, da esquerda para a direita.

O máximo que você pude mudar neste sentido é deixar uma tela da área de trabalho incompleta, caso queira visualizar seu wallpaper melhor, e então começar um novo enfileiramento na tela ao lado. Nada de liberdade para posicionar seus ícones em qualquer outra orientação, deixando, por exemplo, o topo da tela livre.

A polêmica do sideload

Um dos piores aspectos durante o uso dos iPhones, para mim, foi a limitação para sideload — sendo a instalação de aplicativos de fora da App Store. A Apple sempre defendeu esta medida como forma de evitar problemas de privacidade e segurança. E ao contrário do que muitos acreditam, sideload não é uma ferramenta exclusiva para pirataria.

De forma constante surgem notícias envolvendo as duras políticas da App Store quanto à aprovação de apps na loja virtual do iOS. Elas podem ser mudadas do dia para noite, e assim algo interessante deixa de ficar disponível para um celular de enorme potencial e com o melhor poder de processamento do mercado.

Google Stadia e Xbox Cloud Gaming, por exemplo, não foram aprovados para a App Store. Isto significa que o usuário não pode baixar um app seguro destas empresas e rodar jogos em nuvem porque Tim Cook decidiu que é necessário que cada jogo destas plataformas de streaming sejam classificados como apps individuais.

É um tanto inadmissível, assim, que os usuários precisem recorrer a uma espécie de gambiarra, que é rodar os serviços através de um atalho de navegador salvo na área de trabalho. Não é a experiência desejável para um smartphone premium que pode chegar a custar mais de R$ 15 mil.

O banimento de Fortnite é outro exemplo dos poderes que a Apple exerce sobre o que o usuário pode ou não ter acesso — e a Epic segue questionando isso judicialmente. Ela, porém, não está sozinha, com o Spotify sendo outra companhia que já criticou duramente as práticas da Apple quanto à App Store.

O sideloading seria uma forma dos usuários terem o direito de dizerem um grande “não” à Apple se assim preferirem — mesmo que por sua conta e risco, como já acontece no Android. Afinal, o celular é deles. Não deveria ser necessário tomar medidas extremas, como jailbreak, para simplesmente adquirir o direito a escolha de software.

Fluidez absurda

Obviamente que nem tudo é crítica no mundo do iOS. A Apple sempre foi elogiada pela fluidez dos seus aparelhos e foi isso que experimentei na linha iPhone 12.

Ela projeta tanto o hardware como o software, e por isso não surpreende que tudo esteja tão bem integrado. Some a isso o fato dos processadores dela sempre estarem à frente dos competidores Android — o que garante bastante folga para todo tipo de atividade.

Além da transição instantânea entre os apps, com o iPhone 12 Pro pude observar um multi-tarefas extremamente eficiente que segurou tudo em segundo plano, o que pode ser uma vantagem dos 2 GB de RAM a mais que as versões Pro possuem.

Transição despercebida

Outro aspecto muito positivo de estar no iOS foi observado quando troquei o iPhone 12 Mini pelo 12 Pro. Eu já havia devolvido o aparelho menor quando o novo chegou, mas um backup no iCloud garantiu que com poucos cliques eu estivesse de volta às minhas configurações anteriores.

Muitos apps, inclusive, já estavam logados. O Apple Music já sabia que era para sincronizar minhas músicas offline em qualidade Hi-Fi. Meu wallpaper, preferências de brilho, tema, e outros, também já estavam ali perfeitamente ajustados — e isso em questão de minutos. Além, claro, das fotos do iCloud, que tirei com o iPhone 12 Mini, já estarem aparecendo no Fotos.

Câmeras efetivas e fáceis

O motivo pelo qual resolvi migrar do iPhone 12 Mini direto para o Pro, em vez do iPhone 12 normal, envolveu algo essencial para mim em um celular: a experiência de câmera.

Não costumo usar muito a lente ultrawide dos meus smartphones, mas a wide e a de zoom, sim. Para ter zoom na Apple, assim como no Android, você precisa estar diposto a pagar caro. Mas outro benefício aqui foi a adição do modo ProRAW de fotografia.

Algo que me surpreendeu foi a extrema agilidade do aparelho para dar foco e detalhes mesmo nos disparos mais rápidos. Não experimentei nenhum clique com borrões, ou resultado insatisfatório que me fizesse tentar um registro pela segunda vez.

Visando desafiar a velocidade do obturador, cheguei a tentar clicar um drone em pleno voo. E de primeira foi alcançado o resultado que desejei, com as hélices aparecendo perfeitamente na foto, em vez de um simples borrão dada a velocidade da rotação.

Apple ProRAW

Algo que me gerou grande expectativa foi o modo de fotografia “crua” do Apple ProRAW. Assim como na fotografia em RAW (formato .dng) comum, o sensor gera uma cópia da imagem bem mais densa com muitos detalhes ocultos para pós-edição.

Com isso, o usuário pode mexer com muito mais liberdade em brilho, contraste, sombras, cores, sem estourar as imagens. Foi algo pelo qual me apaixonei no iPhone, pois com pouco esforço de clique e alguma pós-edição, eu estava gerando arquivos que queria usar como papel de parede.

Este modo, porém, só está disponível nos iPhone 12 Pro, iPhone 12 Pro MaxiPhone 13 Pro, e iPhone 13 Pro Max. A Apple não revela o porquê de limitá-lo aos seus celulares mais caros, mas é provável que seja apenas para aumentar o apelo destas versões, ou simplesmente pelo fato dos mais avançados terem mais memória RAM para lidar com a tarefa sem prejudicar a experiência.

Foto em Apple ProRAW após edição

Integração de câmera com apps

Um dos aspectos mais elogiados envolvendo o iPhone é a qualidade das suas fotos em redes sociais. A compressão é bem menos dura no Instagram, por exemplo, seja para fotos e vídeos no feed ou nos stories.

Além disso, mesmo usando as câmeras por apps de terceiros — como WhatsApp, Instagram e outros — dá para notar que o registro não fica devendo muito em relação à câmera nativa (algo que usuários do Android não podem dizer). Isso até ajuda a explicar porque as redes sociais são menos cruéis com fotos do iOS: o celular simplesmente tem melhor integração.

Usar filtros no Snapchat, TikTok e Instagram acaba sendo uma experiência mais agradável, pois a precisão de reconhecimento das máscaras virtuais também é melhor. E claro, graças ao processador dos iPhones, a transição entre os filtros disponíveis também é muito rápida.

Poucos controles manuais

Mesmo assim, quem deseja fazer ajustes finos na hora dos cliques pode se frustrar com o app nativo de câmera. Assim como o iOS no geral, ele é feito para que o usuário abra e use a ferramenta. Intuitivo, mas restrito para usuários avançados.

Quem optar por controles manuais de ISO, velocidade do obturador e outros, precisará comprar algum software de terceiros pela App Store. Não é o esperado para um celular nesta faixa de preço e com câmeras tão capazes.

Facilidade de ajustes

Mais um estranhamento meu, enquanto usuário do Android, foi perceber que para os apps nativos eu precisaria fazer todos seus ajustes a partir das configurações gerais do smartphone.

Eu já usava o Apple Music no Android, e nele, há um submenu para escolher qualidade sonora, sincronização offline, e outros. No iOS, isto é feito nas configurações do sistema, que reserva uma subseção específica para controles dos apps da Maçã. É interessante, pois em uma única interface você pode fazer alterações nos mais diversos software instalados.

Há uma outra subseção só para apps de terceiros, essa menos maleável já que envolve controles genéricos, como permissão de notificações e acesso a recursos como contatos, chamadas, armazenamento interno e outros. Desta forma, em apps não produzidos pela Apple, os ajustes ainda são feitos nos próprios aplicativos — mas ainda assim foi legal ver a organização e preocupação com os ajustes de software nativo.

Conclusão

No fim, não consegui permanecer no iOS. O que foi realmente uma pena, pois a fluidez imbatível e a interface moderna, proporcionando quase sempre uma ótima experiência visual, para além do uso do celular em si, eram imbatíveis.

Incomodou demais a falta de personalização, que vai desde a área de trabalho até não poder mexer na posição da touch bar, além do estreitamento da tela para rodas os apps.

Além disso, não gostei da sensação de quase ter Tim Cook no meu ombro dizendo o que eu poderia fazer ou não com um celular que eu comprei. Eu quero poder dizer “não” seja a ele, ao Google, ou à dona do sistema operacional que for, caso eu não concorde com as suas políticas.

O fato de ser, apesar de compacto, mais difícil de ser usado com uma mão só — pela sua interface que prioriza gestos e botões no topo ou na margem inferior — também pesou. Por último, o app de câmera poderia ser mais completo para proporcionar maior liberdade dos cliques. Dentre as melhores soluções que achei para usar o conjunto fotográfico de forma mais versátil havia o Halide, que cobra mensalidade para seu uso. E não gostaria de pagar uma assinatura apenas para ter algo que considero que a empresa deveria ter incluído de fábrica — já que suas rivais o fazem.

Esta, porém, é uma conclusão baseada no que preciso e procuro em um celular. Obviamente os iPhones estão longe de representarem aparelhos não recomendados. Inclusive, são a solução mais fácil para quem deseja um smartphone funcional em todos os aspectos sem precisar de pesquisas e mais pesquisas na hora da compra.

É louvável, também, o compromisso da empresa em fornecer uma média de cinco a seis anos de atualizações de sistema — e que chegam no mesmo dia tanto para o recém-lançado iPhone 13 como para o “vovô” iPhone 6s. Nenhum Android chega perto disso.

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