Internacional
Ao menos 27 migrantes morrem em naufrágio no Canal da Mancha
Grupo tentava chegar ao Reino Unido a partir do norte da França. Região tem observado aumento drástico no número de imigrantes que tentam realizar travessia
O naufrágio de uma embarcação que cruzava o Canal da Mancha, em direção ao Reino Unido, resultou na morte de 27 pessoas, perto da costa de Calais, no norte da França.
Entre as vítimas do naufrágio estão cinco mulheres e uma menina. Inicialmente as autoridades divulgaram 31 mortos, mas o número foi mais tarde revisado.
As prováveis causas da tragédia ainda são investigadas pelas autoridades, que não divulgaram a nacionalidade das vítimas. Segundo as primeiras informações das equipes de resgate, o desastre aconteceu em um pequeno bote inflável, de pouca estabilidade.
Segundo o governo francês, duas pessoas foram resgatadas e quatro suspeitos de tráfico humano foram presos.
O naufrágio aconteceu em meio a um aumento da tensão migratória em Calais e suas regiões próximas, depois de picos registrados em 2015 e 2016. Neste ano, 24.655 pessoas tentaram cruzar o Canal da Mancha de maneira irregular.
O balanço dessa tragédia supera sozinho o número total de mortes no Canal da Mancha registrado nos últimos anos. Antes desse naufrágio, o balanço de 2021 era de três mortos e quatro desaparecidos. Em 2020, seis pessoas perderam a vida e outras três desapareceram. Em 2019 foram registrados quatro mortos.
Ao longo de todo ano de 2020, 9.551 migrantes ilegais tentaram realizar a travessia. Já em 2021, até 20 de novembro, 31.500 migrantes saíram das costas francesas desde janeiro e 7.800 foram resgatados. Mais de 22 mil conseguiram chegar ao Reino Unido.
O primeiro-ministro da França, Jean Castex, se manifestou sobre o naufrágio e o classificou de tragédia, em postagem no perfil que mantém no Twitter.
“Dirijo meus pensamentos aos inúmeros desaparecidos e feridos, vítimas dos traficantes criminosos, que exploram o desespero e a miséria dos imigrantes”, escreveu.
O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, se dirigiu para Calais para acompanhar os trabalhos das autoridades locais e equipes de resgate. De acordo com a autoridade marítima local, três helicópteros e três navios participavam dos trabalhos de busca.
O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu a outros mandatários europeus um reforço imediato dos recursos da agência Frontex nas fronteiras externas da UE e uma reunião de emergência dos ministros responsáveis pelo desafio migratório.
“A França não vai permitir que o Canal se torne um cemitério. As redes de tráfico põem em perigo vidas e desafiam quem somos. Devemos isso às vítimas, aos órfãos, às famílias”, afirmou o chefe de Estado.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, se disse “chocado, indignado e profundamente triste” com o ocorrido, afirmando querer fazer mais com a França para impedir as travessias ilegais no Canal da Mancha.
“Tivemos problemas para convencer alguns de nossos parceiros, especialmente os franceses, a agir de acordo com a situação”, afirmou Johnson à rede Sky News após uma reunião de crise.
Na semana passada foi desbaratada uma rede de tráfico de imigrantes no Canal da Mancha, com a prisão de 15 pessoas. Na região, é grande o fluxo de pessoas originárias do Afeganistão, de Bangladesh e de Eritreia, entre outros países.