Internacional
Milhares protestam contra restrições anticovid na Europa
Viena tem terceiro fim de semana de protestos, com mais de 40 mil nas ruas contra lockdown e vacinação obrigatória. Em Utrecht, na Holanda, manifestantes defendem liberdade diante de restrições para não vacinados
Dezenas de milhares de manifestantes saíram às ruas de Viena, na Áustria, e Utrecht, na Holanda, neste sábado (04/12) para protestar contra restrições anticovid impostas em meio a uma alta de infecções pelo coronavírus.
Em Viena, mais de 40 mil pessoas protestaram contra o lockdown e a vacinação obrigatória. A Áustria se tornou no mês passado o primeiro país da Europa Ocidental a reimpor um lockdown – a princípio de 22 de novembro a 11 de dezembro – e o primeiro da União Europeia a anunciar que a imunização contra a covid-19 se tornará compulsória, a partir de fevereiro.
Foi o terceiro fim de semana consecutivo de protestos contra medidas anticovid na capital austríaca. Segundo relatos da mídia local, manifestantes viajaram de outras partes do país para Viena, e famílias com crianças estavam entre os participantes do protesto.
Manifestantes exibiram cartazes com dizeres como “Eu decidirei por mim mesmo”, “Nós somos o povo”, “Não à vacinação obrigatória”, e “Make Austria Great Again” (Faça a Áustria grande novamente).
Cerca de 1.200 policiais foram destacados para garantir a segurança da marcha. Alguns manifestantes arremessaram “objetos pirotécnicos” contra policiais, que responderam com spray de pimenta, segundo a polícia. Várias pessoas foram detidas por delitos de desordem civil. Cerca de 1.500 pessoas participaram de um protesto contrário.
O governo em Viena adotou as novas medidas anticovid diante de uma quarta onda de covid-19 que assola países europeus e da baixa de taxa de vacinação austríaca, de 67% da população, uma das menores da Europa Ocidental.
As UTIs da Áustria estão sob pressão. Desde que o lockdown entrou em vigor, as infecções caíram de cerca de 13 mil para menos de 10 mil por dia.
“Liberdade já!”
Na Holanda, milhares se manifestaram na cidade de Utrecht contra restrições anticovid impostas na semana passada, carregando cartazes que diziam “Liberdade médica já!”.
Foi o primeiro grande protesto no país contra novas medidas que entraram em vigor no último fim de semana. Entre elas está um lockdown noturno, com o fechamento a partir das 17h de bares, restaurantes e da maioria dos estabelecimentos comerciais na tentativa de conter uma onda de casos de covid-19 que ameaça sobrecarregar o sistema de saúde. Somente supermercados podem permanecer abertos após esse horário.
Há duas semanas, foram registrados protestos violentos no país depois que o governo holandês anunciou planos de vetar o acesso da maioria dos não vacinados a bares, restaurantes e outros locais públicos. Os planos são alvo de forte oposição no parlamento e ainda não foram aprovados.
“Somos contra não ter a liberdade para decidir o que acontece com o nosso próprio corpo”, disse o manifestante Marit van Hunen, em Utrecht.
A Holanda tem registrado uma média de 21 mil novos casos de covid-19 por dia. Cerca de 71% da população do país está completamente vacinada contra a doença. Mais de 30 pessoas que retornaram da África do Sul nos últimos dias testaram positivo para a nova variante ômicron do coronavírus, aparentemente bem mais contagiosa.
Protestos na Alemanha
Protestos também foram registrados na Alemanha neste sábado. Em Frankfurt, a capital financeira do país, a polícia dispersou uma manifestação de centenas de pessoas por não usarem máscaras ou manterem distanciamento social. Após serem atacados por um grupo de manifestantes, policiais recorreram a cassetetes e spray de pimenta.
Em Berlim, onde um novo governo deve tomar posse dentro de poucos dias, pequenos grupos se reuniram para protestar após uma grande manifestação ter sido proibida.
Políticos alemães condenaram um protesto de pessoas contrárias a restrições anticovid realizado na sexta-feira diante da casa de Petra Köpping, secretária da Saúde da Saxônia, estado que fica no leste alemão e que atualmente é o que tem a maior taxa de infecção pelo coronavírus no país.
Ao todo, 68,8% da população alemã está totalmente vacinada contra a covid-19. Esse número está praticamente estagnado já há algumas semanas, e especialistas dizem que, para controlar a pandemia de forma eficaz, é necessário um percentual de imunização de ao menos 75%.
Neste sábado, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, voltou a apelar que a população se vacine. O social-democrata Olaf Scholz, que deve ser eleito como novo chefe de governo na próxima semana, se manifestou a favor da vacinação obrigatória.