Internacional
Mianmar: Bachelet critica condenação e sentença para ex-líder Aung San Suu Kyi
Julgamento da ex-líder birmanesa e Nobel da Paz ditou pena de quatro anos de prisão; alta comissária da ONU pede libertação e critica decisão; acusações incluíam incitação à dissidência e violação das regras para conter a Covid-19; ela também é indiciada de corrupção e fraude eleitoral
A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, lamentou esta segunda-feira a condenação e sentença da ex-líder de Estado de Mianmar, Aung San Suu Kyi, em nota pedindo sua libertação. Ela deverá cumprir uma pena de quatro anos de prisão.
Bachelet criticou o julgamento, que aconteceu a portas fechadas, em um processo que define como “secreto e perante um tribunal controlado por militares que não tem nada além de motivações políticas”. Alta comissária de Direitos Humanos da ONU informou que qualquer ação para conter a disseminação de notícias falsas sobre a Covid-19 tem que ser proporcional.
Golpe
Em sua avaliação, a sentença nega arbitrariamente a liberdade de Aung San Suu Kyi e fecha mais uma porta para o diálogo político.
Bachelet afirma que a decisão aprofunda a rejeição ao golpe e endurece as relações em um momento em que é necessário dialogar para chegar à solução pacífica e política para a crise.
Para a alta comissária, os militares estão tentando instrumentalizar os tribunais para remover toda a oposição política.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também condenou o golpe no país, a sentença contra Suu Kyi e fez apelo ao fim imediato da violência e da repressão no país.
Aung San Suu Kyi foi condenada por incitação à dissidência e violação das regras para conter a Covid-19. Ela ainda enfrenta acusações de corrupção e fraude eleitoral que, de acordo com agências de notícias, podem resultar em mais de 100 anos de prisão.
Prisões
Em novembro, outros ministros que faziam parte do governo foram condenados a até 90 anos de prisão sob a acusação de corrupção. Mais 10 mil pessoas foram presas desde o golpe em 1º de fevereiro deste ano e pelo menos 175 foram mortas por maus tratos ou tortura.
Bachelet também condenou o ataque “cruel e totalmente repreensível” relatado na cidade de Yangon. Na ocasião, forças de segurança usaram um caminhão para colidir com manifestantes desarmados e, em seguida, dispararam contra o grupo usando munição real.
A alta comissária expressou preocupação com o risco de esses acontecimentos agravarem ainda mais as tensões e a violência.
Soldados no estado de Kachin, em Mianmar.