Esporte
Talentos do país com até 18 anos disputam Roland-Garros Junior em Brasília
Jovens talentos disputam torneio em busca de uma vaga na versão juvenil do torneio em que Gustavo Kuerten foi tricampeão
Não tem muito tempo que Bia Haddad Maia, 24 anos, despontou no cenário nacional do tênis brasileiro. Aos 15, ela tornou-se a tenista mais jovem do país a disputar a Fed Cup. Nas categorias de base, foi vice-campeã de duplas do Torneio Juvenil de Roland Garros, em 2012 e 2013. Como profissional, ocupou a 58ª posição do ranking da WTA aos 21 anos. Mesmo jovem, é referência para talentos como a gaúcha Sofia Mendonça, 18 anos, uma das promessas do tênis brasileiro, que estão marcando presença nas quadras do Iate Clube de Brasília.
Dos 32 jogadores de até 18 anos que começaram a disputa da etapa brasileira do Roland-Garros Junior, na segunda-feira, apenas os campeões ganharão viagem a Paris para participar da seletiva valendo vaga no Grand Slam Juvenil. O título será decidido nesta quinta-feita (10/9). Na França, os campeões brasileiros enfrentam os vencedores das seletivas da China e da Índia da mesma competição. Quem ganhar avançará para a chave principal do Roland-Garros Junior, a versão juvenil do torneio em que Gustavo Kuerten foi tricampeão.
Na terça-feira, Sofia avançou às semifinais, vencendo, além das adversárias, a ansiedade de voltar a competir após meses de incertezas em função da pandemia. Antes deste ano atípico, o esporte havia exigido maturidade da menina que deixou a pequena Santa Cruz do Sul (RS) para morar em São Paulo, aos 16 anos, longe dos pais. “Eu cresci muito, não apenas no tênis, como fora dele, como pessoa”, conta Sofia.
A saudade dos pais durou um ano. Depois, eles também se mudaram para São Paulo. Mas o amadurecimento dessa fase ajudou a conter o nervosismo da estreia no torneio, em Brasília, e a conseguir soltar mais o jogo na disputa das quartas de final.
Para conquistar o que Sofia descreve como o “sonho de qualquer jogador de tênis”, ou seja, jogar o Roland-Garros, a jovem promessa brasileira aposta nas trocas de experiências em torneios como esse, que reúne os melhores brasileiros da categoria.
Luiz Peniza, auxiliar técnico da Seleção Brasileira feminina profissional, avalia que a modalidade vive bom momento. Ele ressalta a volta da Bia Haddad às competições, após cumprir 10 meses de suspensão por doping, com título do ITF W25 de Montemor-O-Novo, em Portugal, no último fim de semana; e destaca a campanha de Luísa Stefani no US Open, no retorno das competições após quarentena. Ela quebrou jejum de 38 anos em que uma brasileira não chegava às quartasde um torneio Grand Slam. “Elas são referências para as novas gerações”, comemora.
Peniza também é técnico de João Loureiro, um dos favoritos ao título da etapa brasileira do Roland-Garros Junior. O mineiro radicado em Joinville tem jogo extremamente agressivo, com ótimas bolas no saque e na devolução. O treinador destaca o foco mental do atleta de 17 anos. “Ele consegue se manter tranquilo nas situações de pressão”, observa Peniza. Característica testada em Brasília. “Ela gera expectativa muito grande em todos os jogadores por poderem disputar um torneio com os principais jogadores do mundo”, completa.
As irmãs Williams da capital
Quatro atletas de Brasília participaram do Roland-Garros Junior na capital federal, incluindo as irmãs Isabel Oliveira, 18 anos, e Maria Luisa Oliveira, 15. A caçula recebeu o wild card, mas surpreendeu. Na estreia, venceu a paulista Juliana Munhoz, segunda atleta mais bem ranqueada. “Como ela era favorita, eu entrei no jogo mais solta e comecei bem. Depois, ela foi crescendo, foi um jogo parelho”, comentou Malu. Ela foi eliminada nas quartas de final por Carolina Laydner, também com 15 anos, mas mostrou personalidade.
Malu diz que a maior inspiração dela é a irmã mais velha, Isabel, com quem treina quatro horas diariamente na quadra. “Eu não estaria onde estou sem a minha irmã”, elogia. A parte ruim é ter de enfrentá-la nos torneios, como as irmãs Serena e Venus Williams. “A gente sempre assiste aos jogos delas. Minha irmã sempre foi minha inspiração e vejo que as irmãs Williams também sempre se ajudam”, comenta Malu. A dupla estadunidense tem o chamado Golden Slam e o ouro nos Jogos Olímpicos.