Segurança Pública
Fundac implanta projeto piloto de terapia grupal na unidade socioeducativa da Semiliberdadede
A Fundação Desenvolvimento da Criança e do Adolescente ‘Alice de Almeida’ (Fundac), por meio da Diretoria Técnica, iniciou um projeto piloto de grupos terapêuticos em atendimento a jovens e adolescentes privados de liberdade. O projeto foi implantado, inicialmente, na unidade Semiliberdade e visa aliviar a ansiedade e o estresse que a privação de liberdade traz para os internos.
A coordenadora de Saúde Mental, Sheila Milene, disse que este é um projeto fundamentado cientificamente e realizado por psicólogos clínicos por se tratar de terapia grupal, no qual jovens e adolescentes vão trabalhar as dores, as vivências dentro da internação ou dentro da semiliberdade e histórias de vida que cada um passou etc.
“É na terapia em grupo que eles vão ter a oportunidade para falar das suas dores, dos seus traumas, dos seus amores e das suas alegrias também”, disse a psicóloga Sheila, que contou com o apoio da psicóloga da Semiliberdade, Graça Dantas.
Metodologia – As sessões acontecerão uma vez por semana e será feita uma avaliação do grupo após três meses. Ninguém está obrigado a participar, mas é a equipe técnica da unidade que decide quais adolescentes precisam fazer terapia. Antes, a equipe avalia quais socioeducandos estão mais ansiosos, mais estressados ou sofrendo psicologicamente. “Se eles se comprometeram a participar do grupo, então vão passar, pelo menos, três meses sendo acompanhados por psicólogos clínicos”, informou.
No final dos três meses, será feita uma avaliação para saber se jovem ou adolescente já pode ser liberado ou se ele permanece no grupo ou dá espaço para outro adolescente. “É claro que três meses não é um tempo ideal de um processo terapêutico funcionar, mas, como é um projeto piloto, a gente vai fazer inicialmente dessa forma para dar oportunidade a todos os adolescentes de participarem ao longo do ano”, informou.
Segundo Sheila Milene, no primeiro encontro eles estavam bem ansiosos, agitados. “Nós explicamos a metodologia do grupo, como vai funcionar e quais as regras. Alguns se interessaram, outros nem tanto, o que consideramos normal”, comentou, ressaltando que o grupo da manhã foi bem mais coeso, porque eram poucos jovens, mas o grupo da tarde foi bem mais agitado porque tinha mais gente. “Acreditamos que depois de uma boa conversa vai ser muito enriquecedor”, opinou.
A diretora técnica da Fundac, Débora Raquel, acredita que os grupos terapêuticos vão potencializar todas as trocas através do diálogo, compartilhando as experiências, ajudando o sujeito a viver no individual e no coletivo. Também vai ser um espaço de extrema importância para o cuidado. Então, através dos grupos, não fazemos um cuidado coletivo na saúde mental.
Para o diretor da unidade, Davi Lira, é muito importante mais essa forma de abordagem que está sendo aplicada pela Fundação por meio do setor de Saúde Mental, “pois, ao passo que os socioeducandos vão dividindo suas experiências, suas histórias pessoais de vida vão servindo de motivação e superação para o outro. E ao conversar com os adolescentes e jovens sobre essa abordagem técnica temos percebido um entrosamento maior entre eles, o que tem sido um retorno muito positivo para o cumprimento da medida de semiliberdade”.