CIÊNCIA & TECNOLOGIA
Como evitar danos aos eletrônicos durante tempestades
Junto com as tradicionais tempestades de verão, a estação mais quente do ano sempre traz uma temporada intensa de tempestades com raios, que preocupa qualquer usuário de computadores, TVs, consoles de videogame e outros dispositivos eletrônicos que ficam conectados à rede elétrica.
De acordo com o Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Brasil é o país mais atingido por raios no mundo, com uma média de 50 milhões de raios por ano — 70% deles no verão. Esta alta frequência de descargas é explicada pela localização do país, que fica em uma região tropical do planeta, caracterizada pelas altas temperaturas e umidade. A incidência de raios também costuma ser ainda maior em áreas urbanas, o que exige uma atenção extra por parte de quem mora nas cidades.
Diversos dispositivos eletrônicos podem ser facilmente danificados com as descargas de em média 300 kWh – o equivalente ao consumo mensal de energia de uma casa pequena. É o que explica Adriana Nobre, diretora de pesquisa e desenvolvimento da unidade de negócios em TI da Schneider Electric:
“As oscilações na rede elétrica aumentam consideravelmente com os raios, o que pode provocar quedas bruscas de energia e acabar danificando os aparelhos. Dependendo do equipamento, o usuário pode até perder dados.”
Produtos que evitam danos em eletrônicos
As opções mais conhecidas para usuários domésticos e empresariais incluem estabilizadores, módulos isoladores e no-breaks, cada um com suas indicações e vantagens.
Estabilizadores
Quando se consideram os ambientes domésticos, os estabilizadores são os que oferecem o melhor custo-benefício. Eles fazem uma espécie de intermediação entre a rede elétrica e os eletrônicos, ao estabilizar a tensão antes de passar o tranco de uma oscilação causada por um raio próximo às casas.
O equipamento também tem a vantagem de fazer correções na tensão elétrica independentemente de oscilações na rede, e pode ser útil quando há uma incompatibilidade de voltagem, como em dispositivos trazidos de regiões do Sul e Sudeste de Brasil — geralmente alimentados por 127 V — que são ligados em redes no Nordeste, onde o padrão 220 V é mais comum.
Os estabilizadores podem ser indicados até para eletrodomésticos maiores, como as geladeiras que ficam ligadas na rede o tempo todo. “Mas existem estabilizadores especialmente para esse tipo de aparelho, que são diferentes dos de computadores, por exemplo”, afirma Adriana.
Esse tipo de produto costuma ser o mais fácil de encontrar em diferentes varejistas, em especial naquelas voltadas para dispositivos eletrônicos. Seu preço costuma depender da voltagem suportada: enquanto os modelos mais baratos de 127 V podem ser comprados por menos de R$ 100, os bivolt saltam para R$ 150 ou mais.
Módulos isoladores
Já os módulos isoladores são responsáveis por uma correção na rede elétrica quando há ausência de aterramento — ou seja, o terceiro conector da tomada que possui valor zero, e não se altera em fortes descargas na rede. Desta forma, ele é o responsável por repassar qualquer carga eletrostática acumulada neles para a terra.
“O problema é que nós não temos bons aterramentos no Brasil”, explica Adriana. “Ele [o módulo isolador] nunca vai substituir um aterramento, mas caso você tenha dúvida sobre se sua casa tem ou não, essa pode ser uma alternativa”.
Os módulos são voltados para usuários que possuem objetivos mais complexos, com uma quantidade maior de dispositivos ligados ao mesmo tempo. Por isso, eles costumam trazer mais tomadas disponíveis e um preço maior, que pode chegar aos R$ 500 entre os modelos mais caros.
No-breaks
Já o No-Break é a opção mais completa para usuários domésticos ou empresas. Além de agir como um estabilizador, ao reduzir o impacto de uma oscilação forte de energia na rede, o aparelho possui uma bateria interna que te dá autonomia de trabalho por cerca de 5 a 10 minutos, dependendo do modelo — o suficiente para salvar documentos antes de um corte de energia, por exemplo.
Esse produto também tem preço bastante dependente de suas especificações, e por isso é comum que os valores variem entre R$ 250 e R$ 500. Assim como as outras alternativas, o No-Break pode ser comprado em lojas voltadas para produtos de escritórios e/ou eletrônicos.
Mas mesmo com esse tipo de equipamento, é importante sempre ficar atento. O ideal é que se desligue tudo em casa assim que começar a chuva com raios: “Não existe nada que controle um raio, mesmo à distância ele pode causar um choque”, explica Adriana.
Para saber quão longe os raios estão do local atual, é possível contar o tempo entre o relâmpago — ou seja, o clarão emitido pela descarga elétrica — e o trovão, o som. Como a luz é mais rápida que o som, quanto menor o intervalo entre os dois, mais perto de você o raio está.
Segundo o ELAT, basta contar o tempo em segundos entre o momento que se vê o raio e se escuta o trovão e dividir por três. O resultado representa a distância em quilômetros para a descarga elétrica: caso a diferença seja de nove segundos, o raio está a três quilômetros, por exemplo.