AGRICULTURA & PECUÁRIA
Deputados atuam para identificar causas da alta do preço dos alimentos
Frente parlamentar visitará cooperativas de arroz do Rio Grande do Sul, responsáveis por 70% da produção nacional
Os deputados federais estão atuando em várias frentes para identificar melhor as causas do aumento recente de preços dos alimentos da cesta básica e de itens da construção civil. O objetivo é fiscalizar as ações do Executivo e verificar se existem medidas legislativas que podem ser tomadas.
Vice-líder do governo e um dos coordenadores da Frente Parlamentar da Agropecuária, o deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES) explica que visitará com alguns colegas as cooperativas de arroz do Rio Grande do Sul, responsáveis por 70% da produção nacional.
Ele afirma que houve, de fato, redução da área plantada em função de perdas anteriores. “Nos últimos tempos, o alimento chegou muito barato na mesa dos consumidores, mas foi às custas de quem produz. Considerando as dificuldades econômicas provocadas pela pandemia, as áreas de plantio foram realmente reduzidas e o consumo interno aumentou”, comenta.
Segundo Vieira de Melo, “o agricultor não está ganhando nada com a alta dos preços porque uma grande parte desses produtos já está na mão dos grandes atacadistas e atravessadores, que estão aproveitando para poder explorar.”
Dólar
Para o deputado Mauro Benevides Filho (PDT-CE), houve um impacto do auxílio emergencial, que foi de até R$ 1,2 mil por família, mas o preço do dólar acima de R$ 5 contribuiu muito para o aumento das exportações e encarecimento de itens importados como o trigo. Também os combustíveis aumentaram com o dólar, o que impacta o transporte dos produtos, lembra o parlamentar.
Mauro Benevides diz que, por orientação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), está buscando detalhar os volumes exportados e outros aspectos da questão.
O deputado acrescenta que os materiais da construção civil, como o tijolo de seis furos, quase dobraram de preço. Conforme Mauro Benevides, é preciso acertar as contas públicas para aumentar a confiança na economia e, assim, ela voltar a crescer.
“E temos de fazer isso rápido por uma razão muito simples. A taxa de juros está baixa. Se a inflação passa a ser persistente, daqui a pouco o Banco Central vai querer elevar essa taxa a partir de janeiro, fevereiro de 2021”, alerta. “Que o governo federal, os estados e as prefeituras atuem em prol da reestruturação do País.”
Na visão de Benevides, as medidas de controle de preços já provaram, no passado, que não funcionam. Ele considera acertada a retirada de impostos sobre importação decidida pelo Executivo para tentar conter os preços do arroz.
Estoques
Em suas redes sociais, o deputado Enio Verri (PT-PR) criticou a política do governo atual de não ter estoques reguladores para evitar grandes aumentos de preços. Para o deputado Evair Vieira de Melo, antigamente, esses estoques também eram um empecilho para evitar os prejuízos dos agricultores. Evair afirma ainda que os preços dos produtos foram corrigidos, mas que não há risco de desabastecimento.