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13 momentos icônicos da TV brasileira
De Assis Chateaubriand aos dias de hoje, a televisão no Brasil completa 70 anos informando, entretendo e ditando costumes
Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello ou apenas Assis Chateaubriand, ou até Chatô, foi muitas coisas. Jornalista, escritor, advogado, empresário, mecenas, político… Mas de tantas coisas que esse personagem sui generis da história da Brasil fez, talvez o seu maior legado tenha sido o de “pai” da televisão brasileira.
Foi Chatô que ― com a “mágica” que certos visionários sem muito juízo e responsabilidade têm ― importou os equipamentos necessários para fundar o primeiro canal de televisão em território nacional. A TV Tupi, que entrou no ar há exatos 70 anos, no dia 18 de setembro de 1950. E esse ato cheio de audácia mudaria a vida no País para sempre.
De lá para cá, a TV se transformou no principal veículo de informação e entretenimento do brasileiro, ditando costumes, quebrando tabus, impondo agendas próprias apoiando ou criticando governos e mostrando para todos os brasileiros cada canto desse País imenso e diverso.
É verdade que o momento não é lá de muita comemoração para a TV, que vem ano a ano perdendo cada vez mais espaço para os meios digitais e agora as plataformas de streaming, mas fazer aniversário é sempre especial, ainda mais quando você completa 70 anos com tantas histórias para contar.
Como uma forma de apagar essas velinhas, resolvemos selecionar os momentos mais icônicos da TV brasileira. Alguns sérios outros engraçados, mas todos muito marcantes até na nossa própria história.
E aí, concorda com a gente? Tem algum que te marcou muito e que não entrou em nossa lista? Deixe seu comentário.
É claro que não poderia faltar nessa lista a primeira transmissão da TV Tupi, em 18 de setembro de 1950.
A televisão no Brasil ainda era um bebezinho de pouco mais de um ano de idade quando pudemos ver o primeiro beijo em uma telenovela, entre a atriz Vida Alves e o ator Walter Foster no folhetim Sua Vida me Pertence, na TV Tupi. Infelizmente, como a transmissão era ao vivo e ainda não existia o videotape, a imagem foi perdida. Mas o momento foi reconstituído no quadro do Fantástico, da Rede Globo, Retrato Falado, em 2013.
Muita gente acha que o primeiro beijo gay da TV brasileira aconteceu em 2002, na novela Mulheres Apaixonadas, entre as personagens Clara (Paula Picarelli) e Rafaela (Aline Moraes), mas, na verdade, Vida Alves também foi pioneira no beijo gay, já que ela e sua colega Geórgia Gomide deram o real primeiro beijo entre duas pessoas do mesmo sexo na peça de teleteatro A Calúnia, exibida pela TV Tupi em 1963. Já entre os homens, o primeiro beijo gay foi entre Mateus Solano e Thiago Fragoso como Félix e Niko, respectivamente, na novela Amor à Vida, no dia 31 de janeiro de 2014.
Cinco anos depois da primeira transmissão da televisão no Brasil, em 1955, a apresentadora Hebe Camargo, na época mais conhecida como cantora da era do rádio, estreava no comando do O Mundo é das Mulheres, primeiro programa feminino da televisão brasileira. Um formato que, com os devidos ajustes do tempo, continua existindo até hoje.
Quem não perde um jogo de futebol na TV hoje não imagina o perrengue que era transmitir uma partida na década nos primeiros anos da televisão no Brasil. A primeira delas aconteceu exatamente no dia em que a TV completava cinco anos de idade, no dia 18 de setembro de 1955, entre Santos e Palmeiras, na Vila Belmiro, em Santos. A partida, que terminou 3 a 1 para os santistas, foi transmitida pela Record. Só para se ter uma ideia, Pelé só estrearia pelo Peixe no ano seguinte. Mas disponível mesmo há a primeira transmissão da Globo, que aconteceria apenas 10 anos depois, em 1965, que mostrou um amistoso entre a seleção brasileira e a da antiga União Soviética no Maracanã, no Rio, no dia 21 de novembro de 1965.
Você imagina qual foi o primeiro evento a ser transmitido a cores na televisão brasileira? Uma Copa do Mundo? A posse de um presidente? Uma novela? Nada disso. Foi a Festa da Uva de Caxias do Sul, transmitida em 1972 pela TV Difusora de Porto Alegre.
Nem só de episódios pioneiros, bonitos e emocionantes vive a TV brasileira. Um dos grandes exemplos desse lado mais sombrio da televisão foi na eleição presidencial de 1989, a primeira pelo voto direto depois do fim da ditadura militar. Foi quando aconteceu o famoso debate entre Fernando Collor de Mello (do extinto PRN) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Muita gente pode nem se lembrar disso, mas o debate não foi transmitido pela Rede Globo, mas sim pela Bandeirantes.
O fato que gerou polêmica foi a edição do debate feita no Jornal Nacional, acusada de favorecer Collor, que acabaria sendo eleito e renunciando ao cargo – para não sofrer um Impeachment – apenas dois anos depois. Em entrevista ao jornalista Geneton Moraes Neto em 2011, Boni, então diretor da Globo, admitiu que a edição pro Collor foi um pedido do então dono da emissora, Roberto Marinho, mas que eles teriam exagerado na dose. Aquela versão do debate transmitida no programa de maior audiência do Brasil acabou sendo decisiva no resultado da eleição.
Mas teve muito beijo para você, meu pai e minha mãe nos anos 1980 também. E tudo por conta da “delicada” Xuxa, uma apresentadora que mudou radicalmente o formato dos programas infantis a partir de 1983, no Clube da Criança, na TV Manchete, e que consolidou sua fórmula em 1986, quando estreou, na Globo, o Show da Xuxa, e se transformou de vez na Rainha dos Baixinhos na maior celebridade brasileira por mais de uma década. Acha que não? Então senta lá, Cláudia.
As transmissões da Rede Globo das provas de Fórmula 1 já fazem parte do imaginário do brasileiro. Mas foi na década de 1990 que o caso de amor entre nós e a principal categoria do automobilismo mundial atingiu seu auge. Muito por conta das incríveis vitórias de Ayrton Senna.
O tri-campeão mundial de F-1 alegrava as manhãs de domingo de todo o Brasil com seu jeito arrojado de pilotar e sua insaciável sede de vitória. Isso até o dia 1 de maio de 1994, quando pilotando sua Williams, no GP de San Marino, o piloto brasileiro escapou na curva Tamburello e bateu em um muro a cerca de 200km/h. Senna, claro, não resistiu à batida.
Foi um dos momentos mais trágicos do esporte brasileiro e que nos marcou profundamente. Principalmente pelo fato de que acompanhamos tudo, ao vivo, pela telinha.
A TV na década de 1990 também teve muita coisa legal. E, definitivamente, o momento mais marcante foi a inauguração da MTV, um canal que finalmente conectou a televisão com o jovem.
Nascida por aqui no dia 20 de outubro de 1990, a emissora falava a língua de seu público e ditou tendências por muitos anos, com videoclipes, VJs que se tornaram celebridades na época e programas inesquecíveis como Disk MTV, Acústico, Lado B, Piores Clipes do Mundo, Fúria, Rock Gol, Yo! e mais tantos outros, como o Gordo a Go-Go.
Aquele em que teve a famosa treta entre o apresentador João gordo e o ator/cantor Dado Dolabella. Quem não lembra?
Falando em treta… E o Caetano Veloso dando um esporro em rede nacional durante uma apresentação com o americano David Byrne por problemas técnicos durante o VMB de 2004? Lembra? Bota essa p… pra funcionar Emetevê!
Outro marco da década foi uma novela que revolucionou o formato. E não era do Globo, não. Pantanal, que foi exibida na TV Manchete de 27 de março a 10 de dezembro de 1990 foi tão marcante que a Globo está preparando um remake do folhetim de Benedito Ruy Barbosa para 2021.
E, para terminar, não há como falar de televisão no Brasil sem falar do Homem do Baú. Goste de Silvio Santos ou não, sua história se confunde com a própria história da TV por aqui. Domingo no Parque, Show de Calouros, Porta da Esperança, Roletrando, Qual é a Música? e, claro, o Topa Tudo Por Dinheiro se transformaram em sinônimo de programas da nossa TV. Mas agora, vai pra lá, vai pra lá!