Internacional
Zelenski visita tropas ucranianas na linha de frente
Em demonstração de apoio a militares, presidente ucraniano esteve em cidades de Donetsk e Lugansk, onde a Rússia concentra atualmente sua ofensiva
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, visitou neste domingo (05/06) tropas na linha de frente da guerra na região de Donbass – palco dos combates mais intensos e atual alvo principal da invasão russa – para, segundo ele, mostrar seu orgulho pelos ucranianos estão na resistência.
Zelenski visitou militares em Lysychansk, cidade vizinha de Sievierodonetsk, onde as tropas ucranianas estão combatendo a ofensiva russa, num dos raros momentos em que deixou a capital Kiev desde o início da guerra em 24 de fevereiro.
“Quero agradecê-los por seu grande trabalho, seu serviço protegendo a todos nós e o nosso Estado. Sou grato a todos vocês”, afirmou Zelenski. “O que vocês merecem é a vitória, isso é a coisa mais importante, mas não a qualquer custo”, acrescentou.
Durante a visita à linha de frente, o presidente também passou por Bakhmut e Soledar, em Donetsk. Lysychansk e Sievierodonetsk ficam na região de Lugansk. Juntas essas regiões compõem o Donbass, o coração industrial da Ucrânia, que a Rússia afirmar estar em missão para libertar. Depois de sofrer derrotas em Kiev e Kharkiv, Moscou concentrou a maior parte de seu poder de fogo no Donbass.
O presidente esteve ainda em Zaporíjia, onde conheceu moradores de Mariupol, que conseguiram deixar a cidade portuária que foi destruída pelos bombardeios russos. Mariupol enfrentou um cerco severo antes de ser tomada por Moscou, que desencadeou uma grave crise humanitária entre os poucos habitantes que permaneceram nela.
“Cada família tem a sua história. A maioria estava sem os homens. Em uma, o marido estava na guerra, na outra preso, outro infelizmente morreu. Uma tragédia. Sem um teto, sem a pessoa amada, mas temos que viver pelos filhos. São verdadeiros heróis”, afirmou.
Intensos confrontos em Sievierodonetsk
Após ter conseguido recapturar dos russos partes de Sievierodonetsk, o governador da província de Lugansk, Serguei Haidai, afirmou no domingo que a situação havia piorado para o lado ucraniano, sem dar mais detalhes. Ele disse, no entanto, que as tropas de Kiev ainda mantinham suas posições na cidade.
“A batalha mais feroz é em Sievierodonetsk. A rápida batalha está acontecendo agora”, ressaltou Haidai.
O Ministério da Defesa britânico confirmou nesta segunda-feira os confrontos intensos em Sievierodonetsk. Ambos os lados afirmam ter causado enormes baixas na cidade.
De acordo com o estado-maior ucraniano, as forças russas também estão fortalecendo suas posições na região de Kharkiv e realizando intensos bombardeios para manter o território que ocuparam. A Rússia estaria ainda atacando a infraestrutura civil em várias cidades da região. Moscou nega ter como alvo civis.
Militares ucranianos disseram ainda ter repelido sete ataques em Donetsk e Lugansk no domingo, destruindo quatro tanques e derrubando um helicóptero. Agências de notícias não conseguiram verificar esses relatos do campo de batalha.
Progresso lento
A Rússia controla em torno de um quinto do país, cerca de metade disso foi ocupada em 2014 e o restante, capturado desde o lançamento da invasão em 24 de fevereiro.
Para ambos os lados, o ataque maciço da Rússia no leste ucraniano nas últimas semanas foi uma das fases mais mortíferas da guerra, com a Ucrânia dizendo que está perdendo de 60 a 100 soldados todos os dias.
Moscou fez progresso lento, mas constante, pressionando as forças ucranianas dentro de bolsões de resistência nas províncias de Lugansk e Donetsk, mas fracassando em cercá-las. Kiev espera que o avanço russo drene as forças de Moscou o suficiente para que a Ucrânia recapture território nos próximos meses.
A guerra teve um impacto devastador na economia global, especialmente para os países pobres importadores de alimentos. A Ucrânia é uma das principais fontes mundiais de grãos e óleo de cozinha, mas o abastecimento desses produtos foi cortado pelo fechamento dos portos ucranianos do Mar Negro, que impede o escoamento de mais de 20 milhões de toneladas de grãos.