AGRICULTURA & PECUÁRIA
Abate de bovinos volta a crescer no 1º tri de 2022 após dois anos de queda
O abate de bovinos chegou a 6,96 milhões de cabeças e voltou a subir no 1º trimestre de 2022, após dois anos de queda na comparação com o mesmo período do ano anterior. Essa quantidade representa um aumento de 5,5% frente ao 1º trimestre de 2021, mas manteve-se praticamente estável frente ao 4º trimestre.
Os dados são da Estatística da Produção Pecuária, divulgados hoje (08) pelo IBGE, que mostram também que o abate de 13,64 milhões de cabeças de suínos foi recorde para um 1º trimestre, e o de frangos caiu, tanto na comparação anual quanto na comparação trimestral, mas ainda assim representa o segundo melhor 1º trimestre da série iniciada em 1997, com 1,55 bilhão de cabeças.
Bernardo Viscardi, supervisor da pesquisa, explica que o aumento nos bovinos foi influenciado pelo maior abate de fêmeas, que vinham sendo poupadas pelo produtor para procriação, devido à valorização nos preços dos bezerros. “Além disso, houve recorde de exportação de carne bovina para um 1º trimestre”, acrescenta.
Em relação ao mesmo período de 2021, foram 361,75 mil cabeças de bovinos a mais, com aumento mais significativo em São Paulo (+ 92,79 mil cabeças). Mato Grosso continua liderando o abate de bovinos, com 16,1% da participação nacional, seguido por Mato Grosso do Sul (11,3%) e São Paulo (11,0%).
Abate de suínos atinge recorde para um 1º trimestre
Já o abate de suínos seguiu a tendência de alta, por ser uma proteína substituta à carne bovina, e atinge um 1º trimestre recorde em 2022. “Junto com esse recorde, houve uma queda nas exportações em comparação com o mesmo período do ano passado, o que aumentou a oferta no mercado interno. O aumento da oferta num cenário de demanda enfraquecida por conta do menor poder aquisitivo das famílias contribuiu para a queda nos preços pagos ao produtor na comparação anual”, explica Viscadi.
No 1º trimestre de 2022, foram abatidas 13,64 milhões de cabeças de suínos, com aumentos de 7,2% em relação ao mesmo período de 2021 e de 1,5% na comparação com o 4° trimestre de 2021.
Em relação ao mesmo período de 2021, foram 920,43 mil cabeças de suínos a mais, com maior aumento no Paraná (+229,39 mil). Santa Catarina é o principal estado produtor, com 28,1% da participação nacional.
Abate de frangos cai em relação ao 1º tri de 2021
No 1º trimestre de 2022, foram abatidas 1,55 bilhão de cabeças de frangos, com quedas de 1,7% em relação ao mesmo período de 2021 e de 0,2% na comparação com o 4° trimestre de 2021.
“Essa queda é uma questão de regulação da cadeia de produção do frango. O setor segue com a demanda aquecida por conta da acessibilidade da proteína e das exportações em alta, mas o aumento de custos inibiu a expansão da atividade. Como o ciclo de produção do frango é curto, cerca de 45 dias, é possível ajustar a oferta à demanda com mais agilidade”, explica Viscadi.
Do total de 27,25 milhões de cabeças de frangos a menos no 1º trimestre de 2022, em relação a igual período do ano anterior, a maior queda ocorreu no Rio Grande do Sul (-9,97 milhões). O Paraná lidera amplamente o abate de frangos, com 33,5% da participação nacional.
O mesmo ocorreu em relação à produção de ovos de galinha, que, com 977,20 milhões de dúzias, foi 2,0% inferior à estimativa do 1º trimestre do ano passado e 2,5% menor que a apurada no 4º trimestre de 2021. “Houve aumento de custos e a cadeia vem reduzindo a produção por conta da dificuldade no repasse ao consumidor final”, afirma o supervisor.
Apesar da retração na comparação anual, este é o segundo melhor resultado mensurado para um 1º trimestre, considerando a série histórica iniciada em 1987.
Aquisição de leite tem queda recorde (-9,3%) ante o trimestre anterior
Caiu também a aquisição de leite cru feita pelos estabelecimentos sob algum tipo de inspeção sanitária (Federal, Estadual ou Municipal). No 1º trimestre de 2022, a aquisição de 5,90 bilhões de litros representou redução de 10,3% em relação ao 1° trimestre de 2021, e queda de 9,3% em relação ao trimestre imediatamente anterior, a maior da série nesta comparação.
Foram 678,01 milhões de litros de leite a menos captados entre o 1º trimestre de 2022 e o de 2021. As maiores reduções se deram em Goiás (-160,15 milhões de litros), Minas Gerais (-158,73 milhões de litros) e Rio Grande do Sul (-100,77 milhões de litros). Minas Gerais continuou liderando o ranking de aquisição de leite, com 25,5% da captação nacional.
IBGE divulga o “Preço do leite cru pago ao produtor” como estatística experimental
O IBGE também divulgou hoje o preço do leite cru pago ao produtor no escopo da Pesquisa Trimestral do Leite. No 1º trimestre de 2022, o preço médio por litro, em nível nacional, chegou a R$ 2,14. No trimestre equivalente de 2019, ficou em R$1,36. Em 2020, foi de R$1,38 e em 2021, R$1,90.
Desde 2019, o questionário da pesquisa passou a ter uma consulta às empresas sobre o preço médio pago, mensalmente, pela matéria-prima adquirida (leite cru in natura, resfriado ou não). Desde então, a variável investigada foi utilizada apenas internamente para subsidiar a coleta e a crítica dos dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM). Acesse as tabelas clicando aqui.
Mais sobre a pesquisa
A pesquisa fornece informações sobre o total de cabeças abatidas e o peso total das carcaças para as espécies de bovinos (bois, vacas, novilhos e novilhas), suínos e frangos, tendo como unidade de coleta o estabelecimento que efetua o abate sob fiscalização sanitária federal, estadual ou municipal. A periodicidade da pesquisa é trimestral, sendo que, para cada trimestre do ano civil, os dados são discriminados mês a mês.
A partir do primeiro trimestre de 2018, atendendo solicitações de usuários para acesso mais rápido às informações da conjuntura da pecuária, passaram a ser divulgados os “Primeiros Resultados” da Pesquisa Trimestral do Abate de Animais para o nível Brasil, em caráter provisório. Eles estão disponíveis cerca de um mês antes da divulgação dos “Resultados Completos”. Os dados completos podem ser consultados no Sidra