Saúde
Por que os narcisistas não aprendem com os próprios erros
É preciso não confundir narcisismo com autoestima.
Pensamento contrafactual
Quando a maioria das pessoas descobre que suas ações resultaram em um resultado indesejável, elas tendem a repensar suas decisões e perguntam: “O que eu deveria ter feito diferente para evitar esse resultado?”
Mas quando as pessoas que enfrentam a mesma situação são narcisistas, seu refrão é diferente: “Ninguém poderia ter previsto isso!”
E, ao se recusar a reconhecer que cometeram um erro, os narcisistas não conseguem aprender com esses erros.
Os psicólogos chamam o processo mental de analisar ações passadas para ver o que alguém deveria ter feito de maneira diferente de “pensar contrafactual”. O pensamento contrafactual é o processo mental de imaginar um resultado ou cenário diferente do que realmente ocorreu.
Pesos diferentes
O narcisismo é tipicamente definido como uma crença na própria superioridade e nos próprios direitos, com os narcisistas acreditando que são melhores e mais merecedores do que os outros.
É claro que todos nós nos envolvemos em algum nível de pensamento autoprotetor. Tendemos a atribuir o sucesso a nossos próprios esforços, mas culpamos nossos fracassos por forças externas – ao mesmo tempo em que culpamos os fracassos de outras pessoas por suas próprias deficiências.
“Mas os narcisistas fazem isso mais porque pensam que são melhores do que os outros. Eles não aceitam conselhos de outras pessoas; eles não confiam na opinião dos outros. Você pode perguntar-lhes de chofre: ‘O que você deveria ter feito de diferente?’ E a resposta será: ‘Nada, acabou, foi bom’,” explica o professor Satoris Howes, da Universidade do Estado de Ohio (EUA).
Não aprendem nunca
O estudo consistiu em quatro variações do mesmo experimento, com quatro grupos de participantes diferentes, incluindo estudantes, funcionários e gerentes com experiência significativa na contratação de funcionários. Um dos quatro experimentos foi realizado no Chile e os demais nos EUA.
As quatro variações empregaram métodos diferentes para analisar como o pensamento contrafactual era afetado pelo viés da retrospectiva, que é a tendência a exagerar em retrospectiva o que realmente se sabia na previsão. Os pesquisadores citam o exemplo do presidente Donald Trump dizendo, em 2004, que “Eu previ a guerra do Iraque melhor do que ninguém”.
Os pesquisadores descobriram que, quando os narcisistas previram um resultado corretamente, eles acharam que era mais previsível do que os não-narcisistas (“Eu sabia o tempo todo”); e, quando previram incorretamente, acharam que o resultado era menos previsível do que os não-narcisistas (“Ninguém poderia imaginar”).
De qualquer maneira, os narcisistas não sentiram que precisavam fazer algo diferente ou se envolver em pensamentos autocríticos que poderiam ter efeitos positivos em decisões futuras.
“Eles estão sendo vítimas do viés retrospectivo, e não aprendem com ele quando cometem erros. E, quando acertam as coisas, ainda não estão aprendendo,” disse Howes.